-Gostaria de colocar flores ou pontos de luz, majestade? -uma de minhas criadas pergunta.
-Flores. -assim que respondo, ela sai para pegar umas flores e eu fico olhando meu reflexo no espelho.
Hoje faremos um pequeno baile nos jardins do castelo para celebrar a existência do pequeno príncipe que cresce em meu ventre. Tiberias planejou uma festa repleta de comidas e bebidas para todos os convidados das grandes Casas. Ele me pediu para enfeitar tudo com flores, mas eu detesto flores, então foi muito difícil me convencer. Diz ele que as pessoas já falam um pouco de sua rainha, dizendo que sou mais como "o homem da casa" porque sou eu quem fica, a maioria das vezes, administrando as batalhas. Então ele queria deixar tudo um pouco mais feminino para que as pessoas não me incomodassem, embora eu não me importe tanto com o que as pessoas falam. No fundo eu sei que ele também não se importa, mas está fazendo de tudo para me ver sorrir. É um pouco difícil, mas até que ele consegue as vezes. Então eu escolhi colocar as flores no cabelo para mostrar para ele que estou grata por seus esforços.
A criada adentra o quarto e logo arruma as flores em meus cabelos loiros que estão pesos em uma trança de lado. As flores se destacam na cor clara e ainda ressaltam a cor de meus olhos. Por um breve momento eu chego a admira-las, mas logo retomo a consciência.
Alguém bate na porta e, com um gesto, peço para a criada abrir.-Majestade, o rei e o príncipe aguardam-na no salão de baile. -um mordomo fala e se retira logo em seguida.
Me levanto, ajeitando o vestido e a criada vem para ajudar.-Agradeço os seus serviços, já pode ir. -digo e ela sai no mesmo instante.
Termino de ajeitar os pequenos detalhes e saio do quarto, em direção ao salão de baile.
Assim que chego, encontro Tiberias e Robert de costas para mim. Ambos vestem "trajes de príncipe", que é como Robert apelidou as roupas com ombreiras e pequenas correntes no peito. Eles estão parados em frente às grandes janelas que dão vista para o jardim. Caminho até eles com toda a elegância para tentar diminuir o barulho de meu salto, o que não funciona muito já que eles se viram para me olhar nos primeiros passos que dou no salão. Encaro os dois com um pequeno sorrisinho no canto da boca, sem mostrar os dentes. Eles retribuem o sorriso e os dois estendem a mãos assim que me aproximo. Seguro a mão de Tibe primeiro, que me gira e sorri. Depois seguro a mão de Robert que também me gira e me puxa para perto, colocando sua outra mão em minha cintura.-Você está deslumbrante, minha rainha. -ele sorri e não consigo conter a risada.
Tibe tira a mão dele de minha cintura e me puxa para si.
-Ela é minha esposa, tenha respeito. -Tiberias beija a minha bochecha e sorri.
-E é minha rainha! Sou seu súdito fiel! Você está muito abusado, Tibe. -Robert coloca as mãos na cintura e faz uma cara de quem está completamente frustrado, e eu só consigo rir dos dois.
-Bem, queridos, acho melhor irmos receber os convidados. Seria uma completa falta de classe deixá-los esperando. -me afasto dos braços de Tibe e coloco as mãos sobre o colo.
-Está certa, minha rainha. Vamos? -O Iral oferece e braço e Tibe copia o gesto.
-Vocês são inacreditáveis! -sorrio, mas dessa vez dou um sorriso largo, e seguro o braço de ambos, ficando no meio deles.
O irônico da situação é que, às vezes, é exatamente assim que me sinto; entre eles.Quando chegamos ao jardim, já tem alguns convidados chegando. Olho as cores das roupas e identifico as Casas Merandus (azul escuro e branco), Provos (preto e dourado) e a Casa Iral (azul escuro e vermelho).
Tibe, Robert e eu paramos em frente às portas do castelo e nos afastamos um pouco para mostrar formalidade. Um mordomo anuncia a nossa chegada para os convidados e todos os presentes param o que estão fazendo e olham para nós.-Sua majestade real, o rei Tiberias V da Casa Calore. -Tibe da um passo à frente e corrige sua postura, o que lhe dá um ar de autoridade.
-Sua majestade real, a rainha Anabel Lerolan, das Casas Lerolan e Calore. -O mordomo continua e eu dou um passo à frente, cruzando as mãos em frente ao colo. Olho para todos os presentes e corrijo minha postura como Tibe.
-Por fim, sua alteza real, o príncipe consorte Robert Iral, das Casas Iral e Calore. -Robert da um passo à frente e sorri para o público. -Saudemos seu rei, sua rainha e seu príncipe.
Todos os presentes, até criados, fazem uma reverência e nos aplaudem.-Ana, me ajuda aqui. -Robert sussurra pelo canto da boca e viro um pouco a cabeça para olhar ele.
-O que foi? Estamos no meio da apresentação.
-Eu sei... é que minha coroa está caindo. -ele vira um pouco a cabeça para me olhar. -Ajude-me aqui! -ele volta a olhar para o público, com seu sorriso encantador.
Olho para as pessoas e algumas delas já voltaram a fazer o que estavam fazendo, então viro rapidamente e ajeito a coroa em sua cabeça.-Obrigado! De verdade. -ele se vira para mim, ainda com o seu sorriso no rosto.
-Não há de quê. -tento conter os risos, mas Robert percebe.
-Isso não é motivo de risadas, majestade Anabel Lerolan.
-Eu vou explodir você é a sua família, príncipe consorte Robert Iral.
-E eu vou prender os dois em um quarto se não pararem de discutir e começarem a cumprimentar os convidados. -Tibe chega por trás de mim, com um sorrisinho, mas sabemos que está um pouco irritado.
-Não estamos brigando, amor. -Robert diz e eu abaixo o olhar.
-Bem, Tibe tem razão. Com licença. -faço uma breve reverência e me direciono ao jardim para cumprimentar cada convidado.
Ouço Robert lamentando por ter dito "amor" em minha frente, pois me afeta um pouco, mas já estou acostumada, e eu sou a rainha. Não posso me deixar abalar por algo tão pequeno.
Esses pensamentos começam a se afastar quando eu começo a cumprimentar os convidados. Todos eles têm palavras bonitas para falar para mim e meu futuro filho. Todos desejam coisas boas e parecem estar felizes com a criança que cresce em meu frente, mas fico incomodada com os olhares deles. Parece que sentem pena de mim. Levanto minha cabeça e sigo em frente, até cumprimentar todos. Quando termino, me sinto exausta, mas ainda tem convidados para chegar e mais mãos para apertar. Por enquanto eu sorrio e sigo em frente porque esse tem sido o meu lema pessoal, "sorrir e seguir em frente".
Não posso ficar triste, não agora. Essa festa é para a existência de meu filho, o herdeiro de Tibe e o príncipe deles.
Dou o meu melhor para não deixar transparecer nada e, quando tudo termina, vou para meu quarto. Quando estou sozinha tudo é mais fácil.
Tiro a coroa e algumas flores caem. Nem me importo em pisar nelas. Tiro as joias caras e feitas sob medida para uma rainha. Abro o vestido lentamente e o deixo cair no chão. Tiro os sapatos, os grampos, tudo, ficando apenas de lingerie. Ando até o maior espelho do quarto e olho minha barriga. Está crescendo cada vez mais rápido.-Eu estou com você, pequeno. Vou cuidar de você, e não precisamos da pena de ninguém. -respiro fundo em meio às palavras. -Eu te amo, meu pequeno Tiberias. -digo acariciando minha barriga. Estou com, aproximadamente, onze semanas de gravidez. Aproximadamente a onze semanas que eu carrego uma vida dentro me mim. Para mim, um filho. Para Norta, um príncipe. Para Tibe, o futuro rei, o herdeiro.
-Você é muito mais que um herdeiro, Tibe. -sussurro, acariciando minha barriga.
E é assim que me sinto feliz novamente. Agora eu realmente me sinto feliz. Posso não ter o marido dos sonhos, o casamento dos sonhos, mas tenho uma ótima família. Agora, com o pequeno Tibe, essa família estará mais completa.
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Uma vez rainha, sempre realeza.
Short StoryEm A Canção da rainha, Conto narrado por Coriane Jacos, podemos conhecer a Rainha Anabel Lerolan da Casa de oblívios Lerolan. Casada com Tiberias V, e tendo que dividir seu marido com Robert Iral, o príncipe consorte de Tiberias, Anabel tem sua vida...