Capítulo 1

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Camila's POV

_Dois anos... São 730 dias... São 17520 horas... Que são 1051200 minutos... Ou 63072000 segundos...

Aproximei-me da janela de meu quarto e vi uma mulher se ajoelhar próximo ao marco de pedra fincado na grama verde e espessa do jardim. Ela depositou um boquê de cravos amarelos e uma garrafa que deduzi ser de Wisk Escocês, da marca preferida de meu pai, cujo líquido âmbar estava pela metade.

_63072000 também é o numero de vezes que meu coração se despedaçou nesses últimos 2 anos sem Ela, Alejandro... Eu não sei se posso mais, meu Amigo.

Eu podia ver o brilho das gotas cristalizadas, lagrimas rolavam descontroladas em seu rosto alvo.

_Eu... Eu te invejo tanto, meu Amigo! Porque sei que está com ela agora, nesse momento. E eu queria tanto poder estar ai... Com vocês...

Ela levantou seu queixo para cima, parecia buscar ar, e quando abriu seus olhos, pude ver os mais brilhantes raios verdes explodirem em direção ao céu cinza de nuvens pesadas.

_Quanta dor ainda poderei suportar? Quanto tempo ainda devo esperar pra ter você de novo em meus braços... Meu Amor...

Eu pude sentir a dor viajar o espaço entre nós como uma onda e rasgar nossos corpos como navalhas atiradas por uma granada.

_Camila!

Camila? Eu vi seus lábios pronunciarem "Camila"? Ela me conhece? Mas como? Eu não conheço essa mulher. Como ela entrou em minha propriedade?

Olhei novamente pela fresta das cortinas da janela de meu quarto e Ela havia... desaparecido!

Sai da janela e andei rápido pelos corredores. Desci as escadas com pressa, apertei ainda mais o passo no saguão de entrada e ao abrir a pesada porta de mogno no impulso, Ela estava ali! Parada. Não parecia se quer respirar:

_Olá... – disse tentando ser simpática, mas estava curiosa demais para sorrir.

_Você... Você... Eu... – seus olhos se arregalaram, estavam ainda muito vermelhos pelas lágrimas derrubadas no jardim. Mas a confusão que podia ver nitidamente neles não parecia ser só pela dor que havia transbordado minutos atrás... Talvez fosse também resultado do Wisk que havia ingerido e exalava, impreguinando minhas narinas.

Achei melhor não interrompê-la, ela continuou:

_Deus! Camila é você? Eu devo estar delirando... Eu... Dirigi muitas horas... Eu bebi muito... Devo estar cansada... – Ela cuspia as palavras freneticamente agora. Eu não poderia, nem se quisesse, interrompe-la para confirmar ou refutar suas afirmações que estavam realmente estranhas – Ou eu... Eu morri...? Eu posso ter morrido também! Um acidente de carro! Eu... Eu to morta! – ela sorria larga e efusivamente, efeito do álcool, com certeza.

De repente ela parou e me olhou profundamente, ofegante pelo monólogo contínuo... O sorriso foi morrendo em seu rosto. Seus olhos verdes apertaram-se em descrença, esperando que eu reagisse de alguma forma às suas considerações. Resolvi falar:

_Er... – limpei minha garganta – Você está bem... Só embriagada, talvez... Muito embriagada. Mas não está morta! Só... Esta... Confusa! Eu acho... – disse e toquei seu antebraço gentilmente – Vem! Vamos entrar e eu te sirvo algo descente para beber. Assim você se acalma um pouco.

Ela estaqueou seus pés no lugar em que estava e cravou seus olhos no local em que a toquei. Senti seu corpo retesar e sua pele se arrepiar por inteira! Eu podia jurar que senti as pontas dos meus dedos formigarem, mas isso seria loucura demais.

Por um instante tive a impressão de que ela parou de respirar. Ela estava ainda mais pálida. Olhou-me novamente nos olhos, agora de uma forma aterrorizante, o verde antes tão brilhante havia escurecido. Com as têmporas umedecidas, seus lábios tremeram sem cor tentando dizer algo, mas seu corpo perdeu forças. Lentamente pendeu para frente e senti-o colidir contra o meu. Pesado, inerte, quase não pude segurá-la.

_SIMON! – gritei o mordomo para que me ajudasse a leva-la para dentro.

_Sim Madame Camila... – ele apareceu à porta atrás de mim – Oh Deus!

_Me ajude! Ela desmaiou. – ele deu a volta esticou os braços e amparou tirando o peso do corpo dela de cima do meu.

Quando o rosto dela rolou sobre o ombro de Simon e ele a viu, se assustou:

_Madame Lauren!? – ele exclamou incrédulo.

_Lauren? Você a conhece, Simon? – indaguei ainda mais curiosa com toda essa situação.

_Sim, Madame Camila... E de certa forma, a Srta também a conhece.

Como assim "de certa forma" eu a conheço? O que está acontecendo aqui? Eu não me lembro de ter visto esta mulher em toda minha vida. Tenho certeza disso...

_Do que está falando, Simon?! Eu nunca vi essa mulher antes! – exigi enquanto ele ajeitava a mulher desacordada em seu colo.

_Madame Lauren era assistente de seu pai, Madame Camila. – disse calmamente.

Assistente de meu pai? Sim... Eu me lembro de que meu pai falava várias vezes de seu trabalho e de que tinha uma assistente de quem ele gostava muito. Mas eu nunca havia ouvido seu nome... Lauren...

_Posso acomodá-la no aposento de hóspedes? – Simon perguntou tirando-me de meus pensamentos.

_Sim, claro! Por favor, faça isso. – respondi, porém sem me concentrar muito no que dizia.

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**********Nota do Autor**********

Olá leitores...

Se chegaram aqui é porque talvez tenham gostado...

A intenção desse texto é ser uma Short Fic Camren...

Ela tem alguns capítulos, mas ainda não está finalizada...

Se vocês gostarem, se acharem que vale a pena continuar e dar um final a essa fic, deixem nos comentários... Combinado?

Então até o próximo capítulo... Ou não... rs...

XoXo.


EX MEOnde histórias criam vida. Descubra agora