Prisioneiro da Paixão 1

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Olá, meu nome é Willian, mas todos os meus íntimos me chamam de Will. Tenho 30 anos, sou branco, olhos verdes, cabelo curso, mas uso um pequeno topete rs. Tenho 187 de altura e peso 85 kg, sou esbelto, corpo em forma, nada muito exagerado, na verdade não tenho nem tempo de malhar. Sou casado com uma mulher linda, a quem amo demais, assim como amo minha única filha de 5 anos, a razão da minha alegria.

Bem... sou empresário, tenho uma franquia de peças para computador, manutenção e reparos, vendendo e atendendo toda a região metropolitana. Assim consegui ter uma boa posição e dar conforto para minha família, além de realizar meus desejos pessoais como carros, viagens e tal.

Eu comecei esse negócio do nada, apenas com um stand na Promoinfo que foi se ampliando e acabou que cheguei onde cheguei. Claro que não fiz isso sozinho, tinha um sócio, o Henrique, que me ajudou a sair do shopping e ter nossa própria loja. Ele era um irmão pra mim, tínhamos um relacionamento muito próximo, sendo ele meu compadre e eu padrinho do filho dele. Tínhamos sintonia nos negócios e tudo começou a fluir, logo estávamos montados na grana, porém eu recebi uma facada nas minhas costas. Um de nossos contadores descobriu um rombo no orçamento e eu descobri que o meu sócio estava me roubando. Aquilo foi demais pra mim, traição é algo que não perdoo, então eu o denunciei.

Ele ficou preso uns dias, mas como era réu primário, respondeu ao processo em liberdade. Eu nunca me esqueci dos olhos dele no julgamento, era puro ódio e eu triste demais por vê-lo naquela situação, mas ele merecia. Bem, depois desse fato, eu continuei com meus negócios e continuei lucrando muito a ponto de expandir ainda mais... Dizem que nunca sabemos o que é a felicidade, mas eu poderia afirmar com todas as letras que aquela era uma vida feliz. Tinha sucesso em casa, com minha mulher é filha e no trabalho, entretanto minha alegria durou pouco tempo.

Eu estava deitado na cama, aproveitando as delicias da minha esposa e refletindo em como eu estava satisfeito com tudo que eu tinha e conversava com ela sobre isso e fazíamos planos para o futuro, como ter outro filho e tal; quando somos despertados pela campainha.

- oi, quem é?

- a polícia, queremos falar com o senhor Willian Medeiros.

- sou eu, já vou atender.

- quem é amor? – perguntou minha esposa.

- a polícia, quer falar comigo. Aconteceu algo que você não me contou?

- não, é estranho, mas vai lá ver.

Ascendi as luzes da casa, pois começava a anoitecer e fui até o portão.

- boa noite, senhor Willian Medeiros?

- sim, sou eu.

- temos uma denúncia contra o senhor e gostaríamos de fazer uma busca na sua residência.

- denúncia?! Que denúncia?

- de tráfico de drogas e de eletroeletrônicos. – eu tive que rir.

- isso é um absurdo! Podem entrar e olhar a vontade. – Os policiais se entreolharam, deram um sorrisinho também e foram entrando.

Eles vasculharam minha casa de cima a baixo, como sabia que não iam encontrar nada, apenas sentei no sofá e fiquei esperando aquilo terminar. Meu sorriso se desfez quando um deles entrou na sala com uma caixa de papelão.

- Você está preso sob a acusação de tráfico de entorpecentes.

- como assim? O que tem nessa caixa? – eles tinham sido extremamente educados até aquele momento. Eu não sabia ainda, mas meu inferno não tinha nem começado. Nunca imaginei na vida que ouviria uma ordem de prisão contra mim, logo eu que nunca comi nem chocolate nas Lojas Americanas (eu sei que geral faz isso). Não me responderam e foram me empurrando contra a parede e me algemando.

- Pera ai! Eu não vou ser preso sem ter feito nada errado!

- cala a boca! – falou um deles.

- Will o que eu faço? Pelo amor de Deus moço ele é um homem de bem! – minha mulher começara a chorar.

- um homem de bem não tem isso em casa, minha senhora! – ele retirou uns sacos cheios de pó branco, cocaína. Eu entrei em pânico, alguém tinha que acreditar em mim.

- eu não sei de onde isso surgiu, eu juro, nunca fui metido com drogas, nunca usei essa porra! Sou um empresário trabalhador, não preciso disso, me soltem por favor! – eu suplicava, mas eles pouco davam atenção.

Ao ter minha cabeça virada, forçada contra a parede, vi a Julia, minha mulher, eu senti uma vergonha enorme:

- minha vida, liga pra um advogado, eu te juro, acredita em mim, eu não fiz nada.

Fui algemado na frente da minha esposa e da minha filha que não sabiam o que fazer. Fui sendo empurrado até a viatura e jogado na parte de trás do carro. Aquele lugar era terrível, tinha marcas de sangue, lama, terra um pé de chinelo... pensei quantas pessoas terríveis não tinham entrado ali, aquele não era meu lugar.

No caminho fiquei em silêncio, porque não adiantava discutir. Chegando à delegacia fui fichado e colocado em uma cela. Meu advogado me falou da fiança, cara demais pra eu pagar pois a semanas atrás tinha feito um investimento para a expansão do negócio, logo estava liso. Ele também tentou habeas corpus, mas o juiz estava de "mau humor" e não concedeu, eu ficaria mesmo preso. Ele estava achando tudo muito estranho porque eu era réu primário, tinha endereço fixo, trabalho e tudo mais, porém o juiz foi incisivo na sua decisão. Tudo aquilo me desesperava mais e mais.

Eu estava na delegacia um dia depois da minha prisão ele apareceu na minha cela. Ele sorria ao me ver ali, e ficamos nos encarando e logo tudo fez sentido.

Prisioneiro da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora