A dor

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Narração de Mayer

Algumas horas se passaram, mas posso dizer que elas apenas serviram para aumentar minha dor e sofrimento, a essa hora a noticia sobre o que ocorreu na festa já deve estar repercutindo e eu não sei o que fazer, porque tenho certeza que ninguém pode saber que ela estava grávida e tenho certeza que se nem pra mim ela contou não contou a ninguém mais. Estava, essa palavra causa uma dor imensa,como contar a ela que ela estava e não está mais esperando nosso filho ? Eu a veria dentro de duas horas, passei todo o resto da  noite e a madrugada no hospital, na espera de ela ir para o quarto de manhã e eu poder vê-la, mas eu estou com medo, medo sobre tudo.

Eu esperei mais algum tempo até que um médico veio me chamar para ir até o quarto, mas me avisou que ela estaria dormindo por causa dos sedativos e demoraria um pouco para acordar, ele me levou até a porta e saiu, eu fui devagar girando a maçaneta e quando abri fui caminhando em passos lentos até a cama, cheguei perto e de leve acariciei o seu rosto, ela estava tão frágil, com uma carinha pálida e quando olhei para a sua barriga apenas lembrei das cenas de ontem e desabei num choro, tudo o que aconteceu, tudo que nos foi tirado. Eu colei minha testa na dela e lhe dou um selinho de leve. Peguei a sua mão e fiquei acariciando, depois me sentei no sofá ao lado ainda sem soltar a mão dela na espera dela acordar, o que estava por vir seria tão difícil.

Eu a observo por mais duas horas, enfermeiras entram e saíram, até que eu pudesse sentir a sua mão que ainda estava presa a minha se mexer e apertar a minha, me levantei rápido e fui vendo ela despertar até abrir aqueles belos olhos castanhos e ela sorriu até perceber onde estava

Chris - Zé ? Onde eu estou ? Isso é um hospital?

Zé - É sim meu amor

Chris - Mas o que aconte.... ( Ela parou de falar como se num flashback se lembrasse de tudo e rapidamente soltou a minha e colocou a dela na barriga em sinal de desespero )

Zé - Meu amor tenta ficar calma ( disse já lacrimejando os olhos )

Chris - O nosso filho está aqui não está? Como se sentiu que ia ser papai descobrindo desse jeito ?

Zé - ( eu simplesmente não conseguia responder ) Meu amor você está bem ? Com algum tipo de dor ? ( Digo tentando fugir de responder o inevitável)

Chris - Apenas com um pouco de dor, mas e o nosso filho ? Ele está bem ?

Zé - Meu amor eu ...

Chris - Para de fugir das perguntas e me fala a verdade ( diz com lágrimas nos olhos com medo da resposta )

Zé - Meu amor eu preciso que você seja forte

Chris - Não, isso não, não faz isso comigo ( diz balançando a cabeça em negação)

Zé - ( Eu seguro a mão dela com força) Meu amor você estava muito fraca e teve uma hemorragia...

Chris - Não isso não ( diz já chorando desesperadamente  e eu chorando junto a ela )

Zé - Nós perdemos nosso bebê meu amor, ele já não está mais aqui ( digo passando a mão em sua barriga

Ela se retorceu na cama em sinal de dor, as lágrimas escorriam sem parar a dor dela é muito pior que a minha e eu tenho certeza disso, eu vi que ela queria gritar, segurou os lençóis com força, eu a agarrei e a puxei para mim a abracei apertado enquanto segurava em seus cabelos e nossas testas estavam coladas, nossas lágrimas escorriam ao mesmo tempo .Eu a segurava com força e ela se debatia cada vez mais .

Zé - Grita meu amor pode gritar ( e ela gritou, um grito de puro sofrimento, dor e agonia, ela parou de se estar e deitou na cama novamente)

Chris - Me perdoa meu amor, me perdoa

Zé - Perdoar pelo o que ? Não existe o que perdoar

Chris - Como não ? Eu perdi o nosso filho

Zé - Não, nós perdemos o nosso filho

Ela me abraçou forte e eu deitei na cama com ela, que colocou a cabeça no meu peito e chorou até adormecer. Eu preferia qualquer coisa a isso, quando percebi que ela estava num sono profundo ajeitei ela na cama e sai para falar com o doutor, que depois de conversar comigo aplicou mais uma medicação para dor em Christiane enquanto ela dormia. Eu decidi que ligaria para a família dela com uma desculpa mas não falaria que ela estava no hospital, apenas falaria que ela passou mal, a ligação chama por alguns minutos e logo sou atendido

Monah - Alô

Zé - Oi dona Monah

Monah - Meu deus é você José Mayer ?

Zé - Sim sou eu

Monah - Cadê a minha filha? O que aconteceu ? Ninguém sabe de nada não consigo notícias, apenas sei que você saiu com ela nos braços desmaiada na festa

Zé - Calma dona Monah, está tudo certo ela apenas passou mal e desmaiou, a levei no hospital foi apenas uma queda de pressão e eu já estou aqui na casa dela com ela e cuidando dela

Monah- Então eu vou agora ai

Zé - Não ( disse com um pouco de desespero ) ela não quer ver ninguém e nem falar com ninguém

Monah- Como assim ? O por quê não ?

Zé - Eu não sei o porque, ela apenas não quer, pode ficar tranquila que eu estou cuidando dela e ela perguntou se o Leonardo pode ficar na casa da senhora por alguns dias

Monah - Claro que pode, mas fico preocupada com a minha menina assim como o Geraldo

Zé - Pode deixar comigo, ela está bem. A senhora confia em mim ?

Monah - Confio e muito, bem mais do que naquele marido mala dela. Cuida bem da minha menina

Zé - Pode deixar

Eu desligo e fico um pouco aliviado, espero que ela tenha acreditado, fiquei feliz de a dona Monah não gostar daquele mala do Ignácio, ninguém nunca entendeu porque ela casou com ele. Pensei em ir pra casa e me trocar, ainda tinha as manchas de sangue na minha camisa, mas me lembrei da Vera, e resolvi não ir, não estou preparado para uma briga então resolvi ir até o refeitório comer alguma coisa, voltar para o quarto  e cuidar dela como havia prometido.

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