Prólogo

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Posso ouvir tudo, ainda estou aqui ...

Falta algo ... Meus olhos não abrem, um sonho eterno ...

Assim é uma morte, solitária, vazia e sem fim, mas ainda estou aqui.

- Não tem mais fugir de mim, Alice.

Uma voz.

A mesma voz carregada de dor e solidão, porém aconchegante como uma noite de inverno ...

Não irei fugir.

O sol adentrava quase como timidamente as persianas da janela do quarto branco em que um pequeno "pip" soava frequentemente, marcando como batidas do coração da garota moribunda sobre a cama, nada mais havia em quarto, apenas ela e uma morte que uma aguardava, Um porta-voz para uma enfermeira, uma mulher cheirando, uma mulher que aparentava dentro de seus 30 anos e poucos anos realizou os procedimentos padrões, atenta a qualquer mudança no estado da garota, suspirou pesadamente para perceber que nada tinha mudado .

- Que pena garotinha, tão nova e tão perto da morte ... - Murmurou quase para si mesmo olhando uma menina que estava ali a quase três meses, coisas assim acontecem o tempo todo, um acidente onde um motorista bêbado machucava alguém e essa Pessoa ficava entre uma vida e uma morte, no caso da garota, estava chegando a morte, já haviam feito tudo que podiam, mas mesmo assim ela não acordava, parecia presa em um sonho sem fim. Novamente a enfermeira suspirou, uma garota tão linda, assim nova e assim sem vida.

Após uma checagem a enfermeira saiu do quarto, o silêncio dominava.

- "Tão perto da morte" ela disse, mal sei que nem a morte a quer. Alice ... Minha pequena Alice, tão perdida quanto Alice no país das maravilhas ... Hora de voltar pra realidade.

As palavras ecoavam na mente de Alice, "tão perdida...", essa era a definição mais correta, sentia-se perdida, tinha uma breve noção do que acontecia ao seu redor, mas nada fazia sentido, apenas as palavras a pouco ditas, sentia que caminhava num lugar escuro, sem qualquer feixe de luz, apenas escuridão, aos poucos sentia-se sendo dominada pelos sentimentos mais obscuros que já teve e que tanto reprimia, medo, raiva, solidão, tristeza, todos vieram à tona como uma enxurrada banhada de sensações e medo, o medo servia apenas para lembrá-la de que ainda estava viva, de que ainda ouvia tudo ao seu redor.

- Alice...

Chamou-a novamente a voz que fora sua única companhia durante ao que pareciam ser meses, uma voz tão familiar, cheia de solidão, dor e ressentimento.

Crowns of RosesWhere stories live. Discover now