Cap.1 - Outono
Como se todo o medo tivesse desaparecido junto com a escuridão e a mudança de paisagem. Agora se via entre árvores grandes cheias de folhas alaranjadas sendo levadas pelo vento fazendo-as cobrir o chão de terra com uma fina camada de folhas secas, havia alguém à sua frente, aparentemente um garoto, um ou dois anos mais velho que ela, ele era o próprio reflexo da beleza e luxuria, cabelos negros como a fria noite de inverno, olhos tão azuis e perturbadores como o mar, a pele tão clara quanto a neve e um sorriso encantador no rosto.
Perigo.
Fora a primeira coisa que pensou, a beleza engana e, machuca, o garoto a sua frente sorria como uma criança prestes a fazer uma maldade.
Facilmente imaginou um garoto atirando num passarinho com inveja de sua liberdade e sorrindo ao vê-lo morto no chão satisfeito por ter sido ele quem roubou a liberdade e a vida do pequeno animal.
- ... Hora de acordar.
A voz familiar que sempre ecoava em sua mente era dele, ele que esteve com ela durante o sonho interminável que havia tido.
- Quem é você?
Fora tudo que conseguira pensar na hora, saber quem ele era.
- Alu.
Então a escuridão deu espaço para a luz e seus olhos foram abertos.
O quarto estava vazio, havia ninguém ali, como esperado de certa forma.
levantou a mão não a reconhecendo, havia perdido peso, estava magra, o cabelo parecia um pouco maior, tentou levantar-se, mas foi impedida pelos fios que ligavam o aparelho que mede seus batimentos cardíacos a ela, sem se preocupar com o resto os puxou sentindo uma leve dor causada pelas agulhas arrancadas de seu braço e foi em direção a uma porta entreaberta que havia, supôs que seria o banheiro, ao se olhar no espelho assustou-se, quase não se reconhecia, os olhos que outrora eram verdes como esmeraldas, estavam num verde acinzentado, o cabelo ondulado estava mais comprido, não apenas um pouco, mas bastante, continuavam sendo o mesmo castanho avermelhado, o rosto estava mais pálido e magro, perguntou-se quanto tempo havia estado em coma...
Logo teve os pensamentos interrompidos pela entrada abrupta das enfermeiras com equipamentos médicos, ao perceberam que havia ninguém na cama a olharam espantadas.
- Senhorita... Quando... Por favor deite-se, iremos chamar o Doutor. – Disse uma das enfermeiras já saindo do quarto, restando apenas duas a observando.
- Por favor Senhorita Collins deite-se. – A enfermeira mais velha disse e subitamente teve a sensação de já a conhecer, a voz era familiar. – Sente-se bem?
- Sim, estou um pouco confusa... O que aconteceu? - Perguntou tentando lembrar do porquê de estar no hospital.
- Há três meses, houve um acidente de carro, um motorista embriagado atropelou uma moça que voltava do colégio, a moça era você.
Conforme a enfermeira relata os fatos pequenas imagens surgiam a mente de , um carro em alta velocidade, pessoas gritando ao redor, luzes brancas numa sala cheia de médicos.
- Ah... Três meses então... – Murmurou .
- Muito bem Senhorita Collins, vejo que está lúcida e bem. – Disse um homem alto ao entrar no quarto, usava uma calça social preta com uma blusa branca e um janelo por cima, supôs que este era o doutor. – Meu nome é John, John Campbell, sou o médico encarregado do seu caso. Sua tia já foi informada de que a senhorita acordou e irá vir imediatamente. Agora, sei que pode ser um pouco estressante, mas preciso lhe fazer algumas perguntas e uns exames, coisa rápida, garanto.
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Crowns of Roses
RomanceA mais dolorosa verdade e a mais bela mentira andam lado a lado. Nada lhe pertence verdadeiramente, nem mesmo sua vida. Três coroas. Três rosas. Três reinos. - Finalmente... Ela acordará. Honre seu nome, honre ser quem é, salve ela e quando...