BEM-VINDO A CHRISTMAS, CALIFÓRNIA
Versão original por Kiersten White
+11.000 palavras・。。・゜☆゜・。。・゜
Se você fizer uma busca por "cidades dos Estados Unidos chamadas Christmas" (que falta do que fazer, cara), vai encontrar cinco resultados principais. Em Arizona, Flórida, Kentucky, Michigan e Mississippi, houve alguém que decidiu: "Ei, vamos chamar a nossa cidade de Christmas, porque daí vai ser Natal o ano inteiro!"
Se algum dia você se deparar com o túmulo de um desses caras, é obrigado a cuspir nele, porque sinceramente.
No entanto, na autoestrada I-15, entre a cintilante paisagem urbana de Barstow e a impressionante metrópole de Baker, há uma velha saída da rodovia, tão pequena e deprimente que nem o Google sabe que ela existe. E aqui, aninhada no seio do deserto feio e marrom, fica a minha casa: Christmas, na Califórnia.
Tecnicamente, não é uma cidade. Nem uma vila. É uma "região censitária".
"De onde você é, Louis?", vão me perguntar um dia, e eu vou poder responder com absoluta precisão: "Ah, de um lugar aí."
Christmas está caindo em um poço de obsolescência. Esse poço seria a mina local de boro, onde cinquenta trabalhadores arrancam sua sobrevivência das pedras. Um dia, o boro vai se esgotar, e nossa região censitária finalmente poderá morrer.
Sentada no banco do carona do Chevy Nova de dezoito anos do namorado da minha mãe, com o sol de dezembro iluminando o dia frio, rezo para que esse momento chegue logo. O trajeto da escola mais próxima até minha casa leva quarenta e cinco minutos, o que significa uma hora e meia para conversar com Mark todos os dias.
Nosso roteiro:
Louis entra no carro. Mark tira uma fita do rádio e põe uma destas duas fitas cassete: Johnny Cash ou Hank Williams.
- Como foi seu dia? - pegunta Mark.
- Legal - responde Louis.
- Tem dever de casa?
- Vou fazer agora.
Repita isso todos os dias pelos últimos três anos e meio.
Hoje, ao sairmos da autoestrada para a agitadíssima rua central (uma oficina de carro, um posto de gasolina, várias casas de dois andares caindo aos pedaços e o Christmas Café), Mark sai do roteiro.
- Jay encontrou um novo cozinheiro.
Estreito os olhos com desconfiança para a fachada monótona de tijolos do Christmas Café, que não é café coisa alguma. É uma lanchonete. Mas Lanchonete Christmas não é uma aliteração, e Deus nos livre de que qualquer coisa naquele lugar não seja ridícula.
Ted, o último cozinheiro, morreu há uma semana. Ele trabalhava lá desde que a mãe de Mark inaugurou o lugar, trinta anos atrás. Dottie mora em uma casa de repouso na Flórida. Embora minha mãe esteja com Mark há oito anos, Dottie ainda se refere a ela como "aquela britânica boazinha". Aquela britânica boazinha gerencia a lanchonete - faz os pedidos, cuida da contabilidade, obriga o filho a trabalhar apenas por gorjetas -, ou seja: faz tudo o que Dottie está ocupada demais para fazer como aposentada. E também trabalha em tempo integral na mina com Mark.
Eu tento me sentir triste por Ted, mas nós mal nos conhecíamos, mesmo depois de três anos trabalhando juntos. Ainda assim, vai ser estranho não o ver por ali. Ele era mais um utensílio do que uma pessoa. Como se eu chegasse lá e o freezer tivesse simplesmente... sumido. Mais um motivo por que eu preciso sair daqui, antes de ficar presa como Ted, ficar preso como Mark, preso como a minha mãe. Todo mundo aqui é infeliz, e estamos apenas batendo ponto até morrermos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
MY TRUE LOVE GAVE TO ME | L.S.
FanfictionSe você gosta do clima de fim de ano e tudo o que ele envolve - presentes, árvores enfeitadas, luzes pisca-pisca, beijos à meia-noite -, vai se apaixonar por "My True Love Gave To Me". Nas doze histórias escritas por alguns dos mais populares autore...