Never Be Alone

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- Pra mim já chega, eu vou pra casa. - digo vestindo meu casaco e indo em direção a porta do quarto de Rodrigo.

- Cecília, espera!- ele segura meu braço me impedindo de sair.

Ele me puxa pra junto dele e me aconchega em seus braços. Já é a nossa terceira discussão essa semana depois da proposta que ele recebeu de passar seis meses no Canadá. Eu não quero prendê-lo aqui eu sei o quando isso é importante pra ele, mas também não vou suportar perdê-lo.

- Lia, eu prometo que um dia eu estarei por perto, te manterei a salvo e segura.- ele seca uma lágrima que escapa dos meus olhos.- No momento as coisas estão meio loucas e eu não sei como parar ou diminuir o ritmo disso.

- Não prometas o que não sabes se vai poder cumprir, Digo.- seco uma lágrima sua também.

- É melhor eu ir, tenho que pensar e você também, concordo que as coisas estão meio loucas.- beijo sua bochecha e me desvencilho de seus braços.

Vou em direção a saída e dessa vez ele não me segura e nem me impede de ir embora. Rodrigo e eu sempre fomos muito unidos, amigos de infância e ele foi o meu primeiro em todos os sentidos; Meu primeiro amigo, meu primeiro amor, meu primeiro beijo....
Hoje já terminamos a escola e eu to seguindo o que eu sempre quiz que é a faculdade de artes cênicas e ele a de letras. Somos um casal a muitos anos e eu amo Rodrigo e sei que ele me ama também, já passamos por tantas coisas, mas eu não sei se eu aguentaria seis meses longe, não mesmo. Ele parte amanhã pro Canadá e o meu medo de perdê-lo é maior que tudo, mas eu não quero que ele perca essa oportunidade por minha causa.

Deixo o ar frio me envolver quando saio da casa de Rodrigo indo em direção a minha que fica no fim da rua, e só um pensamento não abandonava a minha cabeça: amanhã será um dia de despedidas.

Na manhã seguinte...
Meu despertador tocou como de costume as sete e eu me levantei logo em seguida sem ânimo algum para esse dia de aulas.

Fui em direção ao banheiro tomar um banho pra tentar relaxa, cumpri a minha rotina matinal e não me importei muito com o que vestir nessa manhã.

Passei pela minha mãe na cozinha já com fones de ouvido lhe dando a entender que não estava para papo, peguei uma maçã verde na fruteira dei- lhe um beijo na bochecha, saindo logo em seguida pra não me atrasar.

Esperei o ônibus no ponto o que não demorou muito e passei o trajeto todo de casa a faculdade pensando em Rodrigo e foi assim a manhã toda.

Quando sai das aulas ele estava como de costume me esperando encostado no carro. Corri ao seu encontro e nem o dei tempo de pronunciar uma palavra se quer tomando logo seus lábios com os meus, tínhamos pouco tempo juntos e eu não o queria desperdiçar com discussão.

- Confesso que não era essa recepção que eu esperava.- ele disse sorrindo assim que nossos lábios se separaram.

- Temos pouco tempo para ser desperdiçado com discussão.- deixei que meu pensamento anterior saísse.

- Concordo.- diz me roubando um selinho.- Vamos almoçar juntos antes de eu ir para o aeroporto?

Apenas assenti, entramos no carro e o caminho foi todo em silêncio até o restaurante sendo quebrado apenas pelas músicas no rádio, e durante todo esse trajeto Digo não tirou a mão da minha perna onde fazia constante carinho.

Almoçamos tentando não pensar muito que esse seria o último almoço juntos por um tempo, rimos, brincamos, conversamos e tiramos fotos como de costume, tudo isso como se ele não fosse para outro país dali a algumas horas.

Quando chegamos à frente da minha casa foi a hora da despedida.

O abracei forte deixando com que aquele gesto falasse por mim pois nenhuma palavra sairia da minha boca por conta dos meus soluços entre o choro.

Depois de me soltar dele ele secou minhas lágrimas enquanto segurava as suas.

- Hey, Lia eu sei que temos muita coisa para discutir, e eu não posso ficar, então me deixe só te abraçar mais um pouco agora.- Digo me puxou de volta para seus braços, onde me sentia segura e protegida de qualquer mal.

Quando me soltou novamente ele tirou uma caixinha do seu bolso e a abriu revelando um pingente de metade de um coração onde estava gravado Digo.

- Toma, pegue um pedaço do meu coração e faça dele seu, assim enquanto estivermos separados, você nunca estará sozinha.

- Eu te amo Digo.

Ele colocou o pingente em mim e me mostrou o dele que se encontra e um chaveiro e tinha o nome Lia gravado, e como era de se esperar eles se encaixavam.

- Também te amo, minha Lia.

Nos beijamos como se fosse a última vez, e seria mesmo por um tempo. Ele me deu outro longo abraço e deixou a caixinha do pingente em minha mão, deu um beijo em minha testa e se foi.

Semanas depois...
Já tem algumas semanas que o Digo viajou e até agora tudo está correndo bem, ele ainda faz muita falta mas tocar o pingente é umas das coisas que me faz me sentir mais perto dele.

No momento estou jogada na minha cama depois de horas falando com ele pelo Skype. Olho pro lado e vejo a caixinha do pingente jogada no meu criado mudo, pego e a abro encontrando um pequeno pedaço de papel dobrado.

" Lia, quando sentir saudades feche seus olhos, eu posso estar longe mas nunca fui embora.
Quando adormecer à noite lembre-se que nós nos deitamos sob as mesmas estrelas.

Então enquanto estivermos separados, você nunca estará sozinha.

Seu Digo."

Abracei o papel contra o peito enquanto uma lágrima escorria dos meus olhos, mas nessa noite eu adormeci com um sorriso no rosto e esperança no coração.

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