CAPÍTULO DOIS
Acordo com um sobressalto. As lembranças são sempre piores à noite. Sei que tenho pouco tempo para ajudar meus amigos à sairem de onde quer que estejam. Se eu demorar mais, eles podem se tornar eles. Podem se tornar cavaleiros.
Ao ir para a sala, vejo Kira se exercitando no jardim. Ela dormiu por aqui, pois não queria ir em sua antiga casa. Teria que passar pela casa de muitos conhecidos que simplesmente deixaram de existir. É bom pra mim tê-la por aqui. Me faz pensar na chance que temos de trazer os outros de volta. Mas antes,temos que encontrar a falha. O que seria uma falha? Stiles conseguia pensar sob pressão, e não eu. Sinto que, se estivéssemos em papéis invertidos, e ele estivesse tentando me salvar, já teria conseguido. Essa realidade me detona.
Quando Kira termina sua rotina de exercícios, chamo-a para me ajudar à definir uma estratégia, para me ajudar em um plano e, principalmente, decidir quem podemos chamar para nos ajudar.
Demoramos muito pra chegar à uma conclusão. Anoto cada nome em uma folha de papel, e, ao final, a lista é a seguinte:
Derek Hale
Jackson Wittemore
Jordan Parrish
Isaac Lahey
Peter Hale (?)
Deucalion
-Só tem um probleminha - Diz Kira, ao terminarmos a lista - Não sabemos onde estão.
-Sim, é verdade. Mas podemos encontrá-los. -digo.
-Como? Pode não ter restado nada deles por aqui.
-Os Cavaleiros só destróem os indícios que provam a existência de quem foi levado. - explico - E todas esas pessoas da lista, foram embora antes deles chegarem. Talvez eu ainda tenha o número do Jackson anotado em algum lugar por aqui. - Kira me olha - Ele foi o meu primeiro amor. Esperei por um tempo que ele me ligasse, mas acabei me esquecendo dele.
- Tudo bem. - ela diz - Mas e os outros? Não sei você, mas faz um tempo que não vejo o Derek. Não conheço os outros, e também não tenho tanta certeza quanto confiar no Peter. Ele não estava por aqui, há dez anos atrás? Por que não foi levado também?
- Ele foi. Mas conseguiu sair. É por isso que precisamos ele.
- Ele fugiu e deixou a própria filha ser esquecida! Quem garante que ele nos ajudaria?
- Essa é a nossa garantia. - digo - Ele fará o que for preciso para salvar a Malia. E, continuando, há um tempo, vi que Parrish está trabalhando na delegacia de uma cidade vizinha. Talvez ainda esteja por lá. Isaac e Deucalion são os mais difíceis de encontrar, talvez depois do Derek.
- Mas, e o Peter? Também não fazemos idéia de onde ele está! - Kira interroga.
- Você, talvez não. - Digo - Mas, foi ele quem me mordeu, ainda temos essa ligação. Sei exatamente por onde ele esteve nesses dez anos.
***
A floresta não mudou nada nesses dez anos. Talvez por ter vindo aqui tantas vezes no passado, conheço-a como a palma da minha mão. Não encontrei Peter nas ruínas da casa que um dia pertencera à família Hale, portanto ele deve estar na floresta. Peter voltou dois anos depois de Malia - e todo o resto de Beacon Hills - ser levada pelos Cavaleiros. Sentia um imenso remorso por tê-la deixado. Por ser Banshee, eu consigo sentir quando a energia da cidade muda. No dia em que ele chegou, eu notei que algo estava estranho. Era como se eu captasse outro conjunto de emoções que não o meu. Nunca conversamos. Sequer nos vemos. Apenas sei que ele está aqui, como ele também sabe que estou aqui.
Kira fica sempre ao meu lado. Percebo que os anos de treinamento com as Skinwalkers à fizeram bem. Ela está mais alerta, consegue andar silenciosamente. Sei que sua habilidade com a Katana também melhorou. Scott teria orgulho de vê-la assim.
De repente, o som de gravetos se partindo me faz recuar.
- Kira - Sussuro. -, prepare a katana. Ele está aqui. - Ela imediatamente faz o que eu pedi. Então ele aparece.
- Lydia, será que mesmo com todos esses anos você ainda não aprendeu que lobisomens tem supersentidos? Olfato, velocidade, visão, audição.- Noto o modo com que ele ressalta a palavra audição. Talvez eu não devesse ter pedido à Kira. Ela teria feito isso de qualquer maneira - Eu não sou surdo, sabia? Estive ouvindo vocês à mais de um quilômetro daqui.
Sempre desagradável. Sempre com esse sarcasmo. O real motivo dos meus pesadelos há 12 anos atrás. A razão de eu ter me tornado uma Banshee.
- Peter. - Digo, com certo desprezo em meu tom de voz - Precisamos da sua ajuda.
- E por que é que você acha que eu, Peter Hale, vou ajudar uma banshee que mal conseguia se defender, e uma kitsune que mal consegue se controlar? Que bela dupla! Proposta tentadora, mas acho que vou ficar por aqui. - Odeio quando ele é sarcástico. Sarcasmo me lembra o Stiles, o que dói. Mas o sarcasmo do Stiles era algo diferente. Peter exala desprezo em cada sílaba que pronuncia. Sei que se continuar assim, nunca conseguiremos convencê-lo. Então, eu grito.
Claro que não é um grito comum, é o grito de uma banshee. Com o tempo, aperfeiçoei meu "talento", se é que posso chama-lo assim. Posso fazer Peter sentir o que eu quiser, se lembrar do que eu quiser. Faço-o então pensar em Malia. Se lembrar da filha o deixa atordoado. Peter se ajoelha, e de certo modo, eu entendo o ato. É preciso se apoiar em algo para suportar a dor, mesmo que seja emocional. De repente, vejo algo que nunca pensei que veria. Peter com os olhos marejados de lágrimas. Kira me olha, esperançosa.
- Conseguimos? - Pergunta.
-Não ainda. O efeito vai passar, e ele voltará à ser como antes.
-Lydia, escute. Olhe o que ele está dizendo. - De repente, percebo que até Kira está à beira das lágrimas. Só então entendo o que Peter está sussurando.
-Preciso salvar minha filha. Minha Malia. A única pessoa que eu realmente amei. Minha linda Malia.
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A Rainha Fantasma
FanfictionMesmo passados 10 anos, Lydia ainda se lembra. De como era a vida em Beacon Hills, dos seus amigos, de seus amores, e de como eles desapareceram. Se lembra de como Scott lutou contra os cavaleiros antes de ser levado. Se lembra de como Malia foi arr...