1• i miss you, my love.

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— Por hoje chega, não é, Wilmer? — Escuto Eddie resmungar baixo e pegar o copo que eu acabara de colocar sobre o balcão, pedindo mais uma dose.

Eddie é um daqueles grandalhões, gordos e que passam a vida atrás de um balcão de um bar. Vocês podem achar que eu sou um insensível por dizer assim, mas o observando qualquer um percebia que era a verdade.

— Chega? Mas eu acabei de chegar. — Respondo, me sentando na sua frente, visivelmente me exaltando um pouco, embora eu mal tivesse começado a beber. Não havia mentido, eu tinha apenas bebido um copo.

— Wilmer... — Ele começa a dizer, enquanto seca sua mão após ter lavado alguns copos. — É a sua quarta vez aqui, só essa semana, sempre no mesmo horário, e há 3 semanas seguidas!

— E daí? Estou te pagando. — Reviro os olhos, sem realmente me importar com aquilo.

— Você sabe que eu sou seu colega — ele começa a dizer, e eu viro um olhar preguiçoso pro seu lado, o que faz com que ele suspire. — Sei que você ainda tem muito o que viver, não vou deixar você se afundar nas bebidas por causa de uma mulher.

Uma mulher. Sim, a maioria dizia simplesmente assim. Eu estava destruído, acabado, pra ser sincero, bebendo todas as noites afim de chegar em casa e só me jogar na cama, sem ficar me remoendo em lembranças de longos e maravilhosos 6 anos de um namoro com o amor da minha vida.
    "Amor da minha vida? Então porquê acabou?" — Ouço essas perguntinhas perturbantes na minha mente diariamente, aquelas perguntas que todas as pessoas desejam questionar quando digo essas coisas, mas não questionam. Talvez por dó, ou pena, ao ver meu estado emocional, que embora eu insista em manter um escudo ao meu redor, embora eu diga coisas como "Somos amigos agora" ou "Foi uma decisão de ambos, e que decidimos que seria o melhor".
    Sim. Talvez tenha sido o melhor essa decisão, mas apenas para ela. Eu apenas queria o seu melhor, sua alegria, ver aquele sorriso maravilhoso no seu rosto. Ah, aquele sorriso. Vocês devem conhecer algumas pessoas, na minha opinião, raras, que chegam em algum lugar, e em apenas abrirem um sorriso tudo muda, é como se o ambiente mudasse. Ou quando vocês estão sem esperanças pra qualquer coisa, tudo te empurra para desistir, situações em que muitas vezes eu estive, mas bastava um beijo seu e um "Vai ficar tudo bem", em seguida ela abria seu melhor sorriso pra mim, e então tudo melhorava em questão de segundos. Eu me sentia em paz com ela. E é exatamente o que eu não tenho nos último mês .
    Demi dava sentido a minha vida.

— Não uma simples mulher, Eddie. — Digo, o que faz com que o homem me dê um olhar triste e se vire para outro cliente. Ele já se cansara de ouvir minhas lamúrias sobre Demetria. Ou Demi. A mulher da minha vida.

Decido sair dali, indo para a primeira mesa vazia que eu encontro. Ali era um bar localizado em um bairro menos movimentado de Los Angeles, era pequeno, porém bonito e tinha um bom ambiente, com uma música baixa tocando de fundo, não era cheio, apenas aos sábados, como um bom bar.
    Pego meu celular, o desbloqueio com a mesma senha de sempre. Lembro que Demi e eu a escolhemos. Era a mesma no seu celular e no meu, por questões bobas, gostávamos de coisas assim. Sorrio com a lembrança.
    Abro no Instagram e decido ver suas fotos, como sempre fazia. Aquilo se tornara um hábito, afim de me fazer aprofundar mais em uma tristeza básica, como a cereja no bolo. Vejo uma nova foto desde da última vez que lhe visitei. Ela treinando, aquilo passou a fazer parte do seu dia-a-dia, eu diversas vezes ia com a mesma e lhe observava, depois lhe ouvia contando seus novos golpes animadamente. Vejo duas pessoas marcadas na foto, um até então desconhecido por mim. Arroba bombatuf. Decido entrar em sua conta, apenas por curiosidade, afinal, fazia parte do meu papel de stalker saber cada pessoa que fazia parte de sua vida, não é?
    Sua última foto me deu um aperto no coração.

hug me, love me.Onde histórias criam vida. Descubra agora