THREE

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"Não quero perder você...

Você me enfeitiçou...

Você me seduziu completamente..." — 50 Tons de Cinza.

Vê-lo parado ali, com o paletó aberto e as mãos casualmente enfiadas nos bolsos da calça, era como dar de cara com meu próprio Christian Grey, ali perfeito e imponente. E claro intocável.

Detive meu passo, de repente, com os olhos grudados naquele homem, que parecia ainda mais impressionante do que eu me lembrava. Os cabelos bem alinhados no topete, usando apenas a camisa enquanto seu paletó estava distraidamente pendurado no dedo parecendo um modelo recém saído do catálogo da Dolce Gabbana.  A porta começou a se fechar. Ele deu um passo à frente e apertou o botão para mantê-la aberta.

— Tem espaço de sobra pra nós dois aqui, Isabella. – Sua língua pareceu dançar enquanto pronunciava meu nome demoradamente.

Como é que ele sabia meu nome?

Foi quando lembrei que ele havia apanhado o crachá que eu tinha derrubado no chão do saguão. Por um instante, pensei em dizer a ele que estava esperando alguém e pegaria o elevador seguinte, mas naquele momento meu cérebro não funcionava como deveria.

Que diabos eu estava tentando fazer? Ao que parece ele trabalhava na empresa. E eu não ia conseguir evitá-lo todas as vezes que o visse, e por que faria isso? Para poder admirar sua beleza sem me sentir abalada, precisaria vê-lo o bastante para me acostumar com sua presença, como se ele fosse apenas uma peça decorativa.

Rá! Como se isso fosse possível. Suspirei arrumando meu cabelo entrando no elevador.

— Obrigada. – Murmurei apenas tentando ficar o mais afastada possível dele no pequeno elevador.

Ele soltou o botão e deu um passo para trás. As portas se fecharam e começamos a descer.

Não demorou muito para que eu me arrependesse de pegar o mesmo elevador que ele. Eu sentia sua presença na pele. Sua energia poderosa se amplificava naquele ambiente pequeno e fechado, irradiando uma força palpável e um magnetismo sexual que me deixaram inquieta. Minha respiração e meus batimentos cardíacos ficaram lentos.

 — Gostou do seu primeiro dia? — Ele perguntou, me despertando do meu devaneio.

Como é que ele sabia que era meu primeiro dia?

— Gostei. — Respondi tranquilamente — E o seu, como foi?

Senti seu olhar percorrer minha silhueta, mas mantive minha atenção concentrada na porta de alumínio do elevador, como se fosse muito mais interessante que a personificação de Christian Grey ao meu lado. . Meu coração tinha disparado, e meu estômago dava voltas e mais voltas. Estava me sentindo confusa e insegura.

— Bom, não foi meu primeiro dia. — Ele respondeu num tom divertido. — Mas foi produtivo. E tem tudo pra ficar ainda melhor. — Assenti e sorri sem mostrar os dentes, sem saber direito o que aquilo significava.

O elevador parou no décimo segundo andar e entraram três pessoas, que conversavam animadamente. Dei um passo atrás para abrir espaço para o grupo me encolhendo no canto oposto ao que ele estava. Nisso, ele também deu um passo, ficando ao meu lado. Naquele momento, estávamos ainda mais próximos do que antes.

Ele tirou a mãos do ombro segurando o paletó roçando seu braço no meu enquanto fazia isso. Respirei profundamente, tentando ignorar o efeito que sua presença exercia sobre mim, procurando me concentrar na conversa que se desdobrava à nossa frente. Era impossível. Ele estava ali. Bem ali. Perfeito e maravilhoso, exalando um perfume divino.

Meus pensamentos se perderam, fantasiando sobre como seria seu corpo firme por baixo daquele terno, sobre como seria apertá-lo contra mim, sobre como ele poderia ser bem dotado, ou não...

Quando o elevador chegou ao térreo, quase soltei um gemido de alívio. Esperei com impaciência as pessoas saírem e, assim que possível, dei um passo à frente. Ele pôs sua mão firme na parte inferior das minhas costas e veio atrás de mim, me guiando. A sensação do toque em um lugar tão vulnerável me deixou arrepiada.

Quando chegamos às catracas, ele tirou a mão de mim, fazendo com que eu me sentisse estranhamente abandonada. Olhei para ele tentando adivinhar o que pretendia, mas, apesar de estar olhando para mim, seu rosto não deixava transparecer nada.

— Boa noite, senhorita Jones. – Ele disse com o olhar na rua, segui seu olhar sem ver nada e assenti, sem saber o que dizer afinal nem o nome dele eu sabia.

— Adeus. – Sai sem olhar para trás mas senti seu olhar em mim, mordi o lábio inferior ajeitando a bolsa no ombro, oh Nova Iorque sem duvida foi uma ideia excelente!



Na manhã seguinte, às dez para as nove, atravessei a porta giratória do saguão a empresa. Sentindo uma leve pontada na parte de trás da cabeça, consequência do fato de eu ter bebido vinho demais. Ainda assim, ao subir de elevador rumo ao vigésimo andar, não lamentei a ressaca tanto quanto poderia.

Arrumei meu cabelo no espelho do elevador que eu nem havia percebido alem de hoje. Tinha ido vestida com um tubinho básico e sapatos pretos de salto alto para combinar. Meus cabelos castanhos escuro estavam presos em um coque muito bem feito, que parecia um número oito estilizado, uma cortesia de Cassidy. Eu não tinha o menor jeito para penteados, Cassi tinha feito cursos na área da moda e era ótima em tudo relacionado a ela, usava também o colar de pérolas miúdas que meu pai havia me dado como presente de formatura com brincos combinando.

Joguei minhas coisas na última gaveta da mesa de trabalho e, quando vi que Jack ainda não havia chegado, peguei rapidamente meu livro dentro da minha bolsa lendo pela milésima vez. Eu não podia evitar, Christian Grey me atraia de uma forma que apenas um homem conseguia.

"Quando me dou conta, uma das mãos dele já está apertando com força minhas mãos acima da minha cabeça. Puta merda. Sua outra mão agarra meu cabelo e o puxa para baixo, deixando-me com o rosto virado para cima, e seus lábios colam nos meus. Não é exatamente doloroso. Solto um gemido em sua boca, proporcionando uma abertura para sua língua. Ele aproveita inteiramente o espaço, a língua explorando habilmente minha boca. Nunca fui beijada assim."

— Isabella. – Dou um pulo de susto na cadeira ao ver o rosto moreno do meu chefe a minha frente, ele se esticando a minha mesa para ver meu livro, coro sem graça.

— Bom dia, Jack. – Levantei tentando a todo custo evitar que ele visse a capa do meu livro, as pessoas interpretavam errado a leitura, infelizmente.

 — Bom dia mesmo, acho que você me dá sorte. Vamos até o meu escritório, e traga o tablet. Trabalhou até muito tarde ontem? – Perguntou indo ate sua mesa me fazendo levantar e fazer o mesmo.

— Ah sim. – Murmurei arrumando meu cabelo que nem estava bagunçado ao lembrar do encontro do elevador com meu Christian Grey.

Meu? 

— Era o que eu queria ouvir de você. —  Ele se sentou em sua cadeira sorrindo. – Temos uma reunião com o pessoal lá de cima hoje. – Ele comentou enquanto ligava o notebook.

— Temos? – Perguntei confusa.

Eu também?

— Mas é claro, você é minha assistente, Bella, preciso que vá comigo. – Ele sorri,  tocando minha mão em cima da mesa e eu assenti a recolhendo sem graça.

— E quando é essa reunião? – Perguntei recolhendo o tablet no meu colo, Jack deu uma olhada no relógio no pulso e então sorriu.

 — Em cinco minutos. 

50 Tons de prazerOnde histórias criam vida. Descubra agora