Eu sofro de amores, doutor. De amores inconfessos, proibidos, mal vividos. Eu os minto, doutor. Eu renego o amor e estufo o peito pra dizer que ele não me faz falta, que sua ausência não causa em mim o mais ínfimo efeito. Eu sofro da falta desse tipo de amor que faz o peito se desmantelar e cometer sandices, doutor. Aquele que descompassa o coração e embaralha todos os sentidos. Eu careço de amor. Eu padeço de amar. Eu sou movida à amor desde o mais suave suspiro até o desembesto trêmulo das minhas carnes. Eu morro de amor sem amar, doutor. A cura, há?
Milene Lima