Ainda estou com medo do filme de terror!

360 37 49
                                    


Conto Jessi e Zack – A caçadora

Vivianne Fair

Continuação do conto 6

Já estava quase adormecida quando ouvi um certo tumulto do lado de fora. Sentei-me de imediato na cama, já murmurando 'ai-meu-Deus-ela-vai-me-pegar' e vi que Zack não estava mais na janela. Fiquei mais assustada ainda, até perceber que o que vinha do lado de fora não eram mordidas nem sangue esguichando. Era uma discussão.

– Então você existem mesmo? Minha nossa, eu jurava que eram histórias da carochinha...

– Carochinha? – respondeu um loiro alto, lindo e forte, com cabelos longos até os ombros – Quantos anos você tem, vampiro? 1000? 2000 anos? Que linguagem mais antiga!

– Olha como fala, seu poodle! Acabo com a tua raça antes que... ah, você não teve ter raça, imagino.

O loiro torceu o nariz. Bom, pelo menos não era a Samara, mas para Zack se sentir intimidado também não devia ser coisa boa. Ao menos era gato.

Ô lá em casa!

Todo ser meio sobrenatural é gato assim, é? Fiquei com vontade de me tornar uma fantasma.

Hum, provavelmente é o que vai acontecer se eu continuar vacilando assim.

– Opa! – ele sorriu, olhando para cima – Quem é essa?

Estremeci, e claro, me senti o máximo. Zack cortou meu barato.

– É minha caçadora! Nem dirija palavras a ela, ouviu? É a mim que ela quer matar.

Ele arqueou uma sobrancelha.

– Não seja por isso; eu posso ajudá-la se ela quiser.

Mas que tipo de homem era aquele? Quer dizer, ele descobriu que Zack era um vampiro e este nem ao menos tentou esconder minha profissão estúpida.

– Ela não precisa de ajuda – Zack cortou, pouco convincente.

Claro, só de olhar pra mim já dava pra perceber que sou amadora.

O loiro subiu na árvore frente à minha janela quase como se fosse um macaco e em poucos segundos estava cara a cara comigo.

– Olá, querida. Está uma noite linda, não é? Perfeita para matar um vampiro!

– Eu... hum... quem é você, hein?

– Sou um novo caçador da sua turma.

– Do Conselho?

– Do... é, sim, claro, desse Conselho aí.

– É mentira, Jessi! – Zack gritou, pulando e alcançando os pés do homem na minha frente e ambos caíram de modo espalhafatoso no chão. O cara usava uma capa vermelha e ela cobriu os dois ao cair. Deus, que cena tosca.

Meus sonhos de adolescente cheia de hormônios onde dois homens lindos brigavam por mim estavam totalmente arruinados. Bem, não que meus sonhos fossem perfeitos; um dos caras normalmente era um bombeiro e o outro invariavelmente um surfista.

Estiquei o olho para poder ver a briga, mas ambos se moviam muito rápido. Como não prestavam atenção em mim, procurei me equilibrar na árvore e saltar para o galho mais baixo mas, como é de praxe, caí antes de pensar em me apoiar. Dei um torção no pé, mas recuperei-me logo. Vantagens de ter o sangue de um caçador correndo nas veias: recuperação rápida.

É a única coisa decente que tenho, além de uma total inaptidão ao cargo.

Sinto-me como se fosse deputada.

Conto 7 - Ainda com medo do filme de terror!Onde histórias criam vida. Descubra agora