Há mais ou menos seis meses Wade se mudara de Nova Iorque para uma cidadezinha ao sul da Califórnia. Mas, até então, ele jamais saíra de dentro da sua nova casa nesses meses de moradia, para nada. Para isso ele tinha a sua tão amada Neena Thurman, uma velha empregada de cinquenta e um anos, que sempre cuidara de si, desde o seus primeiros passos. Algumas vezes por semana seu irmão, Nathan, lhe visita, sempre nos sábados ou domingos.
Ele estava cansado de tudo, e todos, da sua antiga cidade. Seu irmão e pais não se opuseram quando ele avisou que sairia de casa, Wade de sentiu como um pequeno pássaro prestes a desfrutar do seu primeiro vôo. Nathan até insistiu em ir com ele, mas Wade o lembrou que ele tinha uma empresa para administrar. Mesmo a sua mãe, sendo uma mãe coruja como era, contato que ele levasse Neena consigo. E ele assim o fez.
Wade nascera com uma rara doença de pele, que a deixava ressecada e alguns locais sua pele alva ganhava um tom bronze escurecido. Semelhantes a recentes queimaduras... Horrível, como ele gostava de falar para se mesmo, nas raras vezes que ousava encarar o seu reflexo no espelho. Começou quando ele ainda não tinha nem completado seus primeiros anos de vida, com uma pequena mancha em seu ombro esquerdo, que sua mãe notara quando o amamentava. As manchas foram se espalhando lentamente, à cada dia. Quando completou dez anos já estava por todo o seu corpo. Os médicos, na época, não faziam ideia do que estava causando aquilo. Anos mais tarde eles chamariam, a rara doença, de estigmas.
•×•
Quando as vezes Neena o levava para passear nos parquinhos que haviam na cidade, cada dia era um diferente. Ele se divertia aos som das gritarias enquanto corria atrás das outras crianças, mesmo não entendendo direito o porque delas fugirem de si.... Mas com o passar do tempo, aos poucos, ele foi entendendo o real motivo, que não era diversão e sim medo.
Cada olhar torto, cada dedo apontando, cada cochicho, cada zombaria e cada olhar de repúdio era um tijolo empilhado ao seu redor. Um muro invisível que tão rápido quanto fora erguido o afastou de tudo e todos.
Wade Wilson se retraiu do mundo.
Com treze anos ele desistiu da escola e passou a estudar em casa. Já não suportava os apelidos, mesmo com Nathan sempre o defendendo, seu histórico de agressividade apenas crescia ali.
Wade se sentia oco, uma casca vazia, como ele tivesse perdido algo importante com o passar do tempo... Algo que nem mesmo ele sabia dizer o que é.
•×•
Na nova casa, em seu quarto no segundo andar, a janela ficava de frente para o jardim florido margeado por uma grama verdinha perfeitamente aparada, que Neena cuidava com esmero. Havia um pequeno roseiral que ele adorava admirar, ali havia uma rosa, um pouco afastada das outras, sem pétalas apenas o botão seco com o tronco marrom-esverdeado e espinhento, Wade se sentia como aquela rosa em meio as outras.
Mais ao longe, além dos portões de sua casa no qual ele passará apenas três vezes. Na primeira vez fora quando ele havia visitado o local com o irmão, na segunda fora quando ele se mudou, na terceira fora quando ele tentou sair mas desistira. Havia uma pequena praça pouco frequentada, ele gostava de observar as pessoas. E idealizar suas vidas perfeitas, ele fazia isso sempre quando não estava em frente à tevê ou computador.
Era o seu aniversário de vinte e seis anos, ele degustava o bolo que Neena havia lhe feito com tanto amor, do jeito que ele gostava. As pessoas que ele mais amava não puderam ir, mas em compensação passaram boas horas jogando conversa fora pelo Skype, e Neena estava ali também. Ele se via mais uma vez sentado na cadeira próximo da janela, porém afastado o suficiente para que ninguém o notasse, mesmo que o quarto estivesse escuro. O pires com o que restou da fatia de bolo jazia sobre o seu colo. Ele mantinha os seus olhos cravados na praça, observando algumas pessoas irem embora, pois já era fim de tarde e o sol começava a sumir no horizonte, tingindo o céu em tons alaranjados e magenta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Incondicionalmente
FanfictionWade era como uma rosa... Uma rosa que perdera as pétalas e só lhe restaram os espinhos. Mas até mesmo uma rosa sem pétalas precisa de alguém para cuidá-la, e rega-la quando necessário. Oneshot || Spideypool