001.

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Sentia o vento gelado corta-lhe as bochechas enquanto corria pela estrada Horas atrás, fora pego de surpresa por uma garoa fina, como se os céus estivessem triste pela decisão que ele havia tomado. Os cabelos descoloridos balançavam, rebeldes como sua própria personalidade. No horizonte, o sol se punha, lançando tons alaranjados sobre a pele pálida do garoto.

Ele estava sozinho, mas nunca esteve tão feliz.

A próxima cidade ainda estava a centenas de metros à frente, os pulmões já gritavam desesperados por ar, mas ele não pararia por nada, não agora que estava a caminho de sua liberdade.

E a liberdade cheirava a pista molhada e suor.

◃───────────▹

Depois de horas correndo, chegou na pequena cidade que era seu destino, o sol já havia desaparecido há tempos, o céu estava escuro e respingado de estrelas. Permitiu-se desabar no acostamento. Todos os ossos doíam, a respiração não tinha um padrão e o suor escorregava gelado pelas laterais do rosto.

Depois de um par de minutos sentados, decidiu por fim seguir seu caminho. Colocou a mochila que um dia foi azul sobre os ombros e pôs-se a caminhar.

No final da rua, achou um pequeno e decadente motel. As fracas luzes de neon não eram nenhum pouco convidativas, mas mesmo assim seguiu até a guarita, onde um senhor tão descaído quanto o estabelecimento lia uma revista por sob os óculos de grau.

O garoto bateu no vidro duas vezes.

"Pois não?" perguntou o velho, abaixando a revista.

"Ainda tem um quarto disponível? É só para mim."

"Claro." respondeu e em seguida entregou uma chave para o rapaz, que agradeceu.

O chaveiro indicava que aquela chave pertencia ao quarto de número 04. Seguiu pelo corredor mal iluminado a procura do seu aposento, e quando encontrou, entrou sem cerimônia.

O lugar fedia a bolor e coisa velha, mas não se incomodou. Atirou a mochila em um canto qualquer, para depois se jogar no colchão de casal. A cama rangeu sob seu peso.

De repente, sentiu-se incrivelmente cansado, toda a adrenalina escapuliu de seu corpo, e o peso dos acontecimentos dos dois dias anteriores caiu sobre seus ombros. Finalmente deu-se conta daquilo que havia feito.

Um nó se formou na garganta e sentiu vontade de chorar, não de tristeza, mas de alívio.

Oh Sehun estava finalmente livre.


quarto 04 || hunhanOnde histórias criam vida. Descubra agora