Capítulo Único

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Todos que conheciam Luna costumavam dizer "Você é muito atrapalhada, hein!" e ela já não suportava ouvir isso.

Que culpa ela tem se sempre algo ou alguém fica na frente dela? Tudo bem que a mesa do seu apartamento no Rio de Janeiro não saia do lugar... Mas como não se bater equilibrando dez livros grossos na mão e a chave do seu carro? Impossível!

Enquanto ela tentava desviar do sofá, seu celular começou a tocar uma das músicas que sua amiga Carolina gostava.

Ela bufou jogando os livros em sua poltrona e pegou o celular enquanto passava a mão nos cabelos pretos e curtos.

"Carolina Guimarães, o que faz acordada essa hora da manhã?", Luna disse olhando seu relógio de parede que marcava 7:51h.

"Olá amiga", ironizou, "Bom dia. Tudo bem?"

"Nina, você não me engana. O que foi que aconteceu?", ela usou o apelido de infância da amiga.

"O Felipe me pediu em casamento!", despejou de uma vez.

Luna arregalou os olhos e de repente as duas começaram a gritar animadas.

"Espera! Como foi isso? QUERO DETALHES!"

"Ah...", Nina parecia envergonhada, "O Felipe me levou na sorveteria do Seu Sidney e estranhei seu nervosismo, mas dei de ombros quando ele falou que não era nada. Estava acabando o milk shake quando vi, no fundo do copo, um anel!"

"Ai, que fofo!", a menina falou correndo até o banheiro com o celular preso entre o ouvido e o ombro, "Espera, vou colocar no viva-voz para poder tentar domar meus cachos".

Ela clicou na opção no celular e logo ouviu a voz da amiga ressoar pelo minúsculo banheiro.

"Ele simplesmente disse que me amava e queria que nos casássemos!"

Obviamente, a conversa das duas se resumiu em Felipe, agora noivo de Nina, e os preparativos do casamento porque a família da noiva não queria enrolação, para eles já bastava os três anos de namoro.

Luna só tinha um único problema.

Ela não poderia ser madrinha da melhor amiga, porque segundo as tradições da família Guimarães, só uma mulher casada poderia desempenhar esse papel tão importante.

No início, Luna pensou ser uma besteira, mas depois percebeu o quanto aquilo era sério para a família da amiga.

O mais triste em tudo isso é que seis meses depois daquela ligação, Luna sequer tinha companhia para o casamento. Não que ela não conhecesse a família da amiga, afinal, elas se relacionavam desde sempre, mas no casamento, Luna sabia, todos estariam ocupados, até o Lucas, primo gato da sua amiga.

Cogitou chamar alguém da sua família para a acompanhar, mas seus pais estavam em uma segunda Lua de Mel no Havaí, seu irmão mais velho continuava se especializando nos Estados Unidos e seu irmão mais novo, bom, até ele estava casado.

Era óbvio que ela se sentiria deslocada na cerimônia... Se ao menos, Nina e Luna, tivessem feito mais amigos na escola e na faculdade...

De qualquer forma, não era por falta de companhia que ela deixaria de ir ao casamento da melhor amiga.

"Ai, Luna... Se você e o Rodrigo Braga tivessem conversado alguma vez... Quem sabe vocês não seriam meus padrinhos hoje?", Nina, mesmo há um dia do casamento, deu um jeito de ligar para a amiga.

"Se fosse para eu e Rodrigo termos algo, não acha que teríamos tido?", a outra revirou os olhos pintando a unha do pé com o fone conectado para falar ao celular.

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