Um fragmento da luz do dia alcançou sua visão, fazendo-o praguejar em silêncio o fato de não ter fechado as cortinas antes de dormir. Murmurou consigo, mexendo-se sobre a cama e enfiando a cabeça debaixo do travesseiro azul com estampa de soldadinhos. Apertou os olhos, chamando o sono cuidadosamente em sua mente, mas o mesmo parecia ter fugido a cavalo para bem longe dele.
Sentou-se sobre a cama com rapidez, sentindo a tontura alcançá-lo ao fazer o movimento brusco. Ao esquadrinhar o quarto, percebeu que Lee Taeyong já havia saído para resolver problemas da morte, seja lá quais fossem. Espreguiçou-se, olhando o relógio sobre a mesa de estudo pela primeira vez. Onze e meia da manhã. Em dias normais ele deveria estar no trabalho, ocioso, sem coisa alguma para fazer. Até alguma garota reclamar sobre como o mouse está com defeito...
– É sexta-feira – disse a voz de Taeyong, que agora estava sentado na beirada inferior da cama.
Doyoung concordou com um sorriso fraco nos lábios. Sexta-feira. Abriu bem os olhos, encarando o amigo que ria despreocupado – Nunca imaginei que seria um calendário, mesmo depois de morto...
– Por que você não me acordou mais cedo? – resmungou Doyoung, enfiando a camiseta verde e laranja da empresa onde trabalhava.
– Devo ser um despertador também? Talvez Deus me reencarne como um objeto inani...
Antes que pudesse ouvir o fim da frase de Taeyong, o rapaz já corria rua abaixo atrás do primeiro ônibus que passasse.
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Doyoung estava parado, com as mãos dadas em frente ao seu corpo. Era sua terceira advertência e tanto ele quanto sua chefe, Kwon SoAe, sabiam o que acontecia quando alguém conseguia chegar nessa marca histórica.
A primeira ele se lembrava bem. Havia esbarrado em uma das prateleiras de hardwares, que ficava no estoque atrás do prédio principal, no meio de uma de suas discussões com Taeyong. A segunda fora atraso. Jurava de pés juntos que o ônibus havia quebrado, mas quem acreditaria quando seu vizinho conseguira chegar a tempo, não é mesmo? Bom, a terceira estava acontecendo agora. Taeyong permanecia parado ao seu lado, encarando-o com atenção, enquanto o rapaz sugava apreensivamente o lábio inferior, rezando a quem quer que fosse para que não estivesse desempregado novamente.
Kwon SoAe o encarou com atenção. A mulher tinha um rosto redondo, cabelos castanhos e olhos repletos de ódio. Ela arqueou a sobrancelha, antes de suspirar profundamente enquanto digitava rapidamente no computador. Não haviam trocado sequer uma palavra desde que ele havia adentrado a sala bem iluminada, mas Doyoung tinha medo de que chorasse se tentasse colocar para fora algumas meias palavras.
Enquanto a impressora emitia um ruído repetitivo, sua chefe se inclinou para frente, apoiando os cotovelos na mesa e encarando Doyoung com atenção.
– Eu realmente espero que isso não aconteça da próxima vez, querido – começou ela, dando um breve sorriso. Da próxima vez? Isso queria dizer que não seria demitido, não é?
Doyoung se atreveu a dar um meio sorriso, aliviado. Talvez SoAe não fosse tão monstruosa, no fim das contas – Se fosse ter alguma próxima vez, hm? – ela sorriu novamente, encostando-se em sua cadeira e puxando o papel que saíra da impressora – Você pode recolher suas coisas, passar no RH e receber o que você tem que receber... – SoAe deu os ombros, colocando o papel que puxara da impressora sobre a mesa e indicando com o queixo, para que Doyoung o pegasse.
Eram dois papéis. Uma carta de recomendação e o formulário de demissão. Com os olhos queimando, o rapaz encarou a chefe mais uma vez. Sim, ele era o tipo que chorava por tudo.
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Risqué
FanfictionDoyoung não tinha sorte. Nenhum de seus encontros tinha sucesso e seu melhor amigo estava morto.