cap 2

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  Deitada na cama encarando o teto, consigo escutar a música que toca nas caixas de som do corredor. Minha mãe é uma daquelas pessoas que tudo o que faz, faz escutando música (não que eu seja diferente).
  Nos últimos tempos ela estava tão desanimada com tudo. Dava para perceber isso pelas músicas que ela colocava para tocar, e penso que eu não posso estragar esse momento para ela... Ela está cantando e dançando pela casa, e há muito tempo não fazia isso.

  Tomo fôlego e coragem para levantar da cama, preciso começar a arrumar as coisas afinal. Tenho menos de uma semana para empacotar a minha vida...

  Vou andando até o meio do quarto e fico ali olhando para minhas coisas, passando os olhos por tudo: cama com almofadas, as prateleiras com fotos e livros, armário talvez um pouco bagunçado demais. Meu olhar se prende nas fotografias: os portas retratos sobre as prateleiras, as grudadas com fitas adesiva nas paredes e portas do armário, as coladas na cabeceira da cama...
  Eu gosto de fotografias (aquelas de verdade, não aquelas tiradas por fotógrafos em estúdios profissionais). Elas podem eternizar momentos; podem nos fazer lembrar de como era exatamente alguma coisa, mesmo que com o tempo ela tenha mudado tanto. Você pode olhar para uma foto e consegue lembrar como você era naquele momento, o que sentia, o que pensava. E isso eu acho maravilhoso!
  Peguei algumas caixas grandes que minha mãe tinha trazido para casa e comecei a guardar meus livros. Fui guardando seguindo a ordem dos que eu menos gostava primeiro para depois guardar meus preferidos.
  Duas horas depois eu já tinha três caixas de livros, duas de casacos pesados de inverno e uma de coisas que eu não uso frequentemente.
 "Acho que ja está bom por hoje". Olho o relógio: "21:42"! Pego uma camiseta grande de pijama e uma calcinha e corro para tomar um banho. "Amanhã é quinta? Tenho prova de português na segunda aula".

Um quase PríncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora