Letting go

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As manhãs eram sempre as mais difíceis. Acordei sentindo saudades dos braços dele novamente, acordei com a vontade de ligar e lhe desejar um bom dia. Mas eu não tenho esse direito. Sentei na ponta da cama e encarei a parede, nela tinha uma mancha onde ficava um quadro antes... O quadro do nosso dia de casamento. Me lembro de como era bom acordar e vê-lo ali, pendurado, me lembrando que a vida poderia ser difícil, mas no final do dia ele estaria ali. 

Passei as mãos no rosto, e levantei meio desajeitado, o dia estava frio, podia ver isso pelas janelas, mas dentro do meu quarto, assim como no resto da casa, estava quente. Entrei no banheiro para me lavar, para ver se com alguma sorte os rastros dele me deixariam nessa manhã fria. Como sempre, eu saí do banho com as lembranças de suas mãos quentes no meu corpo, era como se elas queimassem. A vida não parecia mais fazer sentido, já faziam dois anos, porque eu não conseguia superar tudo como ele fez?

Caminhei tranquilamente até a sala, todos os quadros que tinham espalhados ali, e os porta-retratos foram cautelosamente retirados, ele levou cada peça de roupa, —exceto uma, sua blusa de frio de um urso panda, eu a escondi para mim.— levou seus cds, levou seu gato, levou, inclusive, meu coração com ele. Levou toda a nossa história, com um sorriso triste no rosto, saiu pela porta da frente, e nunca retornou. 

Dias frios me fazem pensar no seu sorriso caloroso, me fazem pensar em como ele me abraçava, e dizia para matarmos um dia de serviço. Sorri com a lembrança, eu estava cada vez mais cansado disso tudo, Park Chanyeol roubou meu coração, o usou, e depois se foi com ele. Isso não deveria mais me fazer chorar, mas aqui estou eu, mais uma vez, sentado em frente a sua máquina escrever antiga e barulhenta, lembrando de como seus dedos eram rápidos em cima dela, de como ele sorria sempre que eu lhe trazia um café, ou um cobertor. A máquina de escrever eu pedi no inventário do divórcio, ele me encarou estranho, disse que não fazia sentido, eu disse que queria algo que me lembrasse dele de um jeito bom, ele acenou e concordou. 

De toda forma, eu me levantei e comecei a me preparar para o trabalho, não existem muitas outras coisas que eu faça além disso. Hoje eu estava mais estranho que os outros dias, então abri meu guarda-roupas e peguei sua blusa de frio e a vesti, eu tinha um perfume que era parecido com o seu, o usei. Não sei dizer porque estou assim, deve ser porque hoje seria nosso aniversário de casamento. Encostei a cabeça na porta do guarda-roupas, deixando algumas lágrimas escaparem... Yeol, eu sinto sua falta. Você sempre foi tão lindo. 

Enfim estava pronto para ir, organizei meus últimos documentos, e os coloquei na pasta, sai de casa com um sentimento estranho, sem realmente entender o que estava acontecendo apenas continuei andando. Meu vizinho, —Senhor Kim— me cumprimentou de onde ele estava, sorri e acenei na sua direção. Liguei o carro, e nem me preocupei em colocar música hoje, apenas por hoje eu queria ficar em silêncio. As ruas estavam iguais a todos os outros dias, eu quase sempre me atrasava para chegar no meu serviço, mas hoje, por alguma sorte do destino, eu cheguei 20 minutos mais cedo. Estacionei no lugar de sempre e caminhei até a entrada do prédio principal, sendo recebido por um sorriso de canto a canto, e um abraço apertado de um louco, Kyungsoo estava feliz por ter conseguido uma promoção, agora estaríamos juntos no mesmo setor. 

  —Baek~~ Eu quero comemorar essa noite! . —Eu o encarei, um sorriso nos lábios, apertei o botão do elevador. 

—Tudo bem. Depois do serviço nós vamos. —A porta se abriu e eu continuei falando, sem realmente olhar para quem estava no elevador. —Na minha casa, ou na sua? —Ele estava congelado ao meu lado, o encarei estranho e olhei para frente, e por alguma "sorte" do destino, Park Chanyeol estava ali, um rosto sem expressão alguma, o terno vestindo perfeitamente bem seu corpo, engoli em seco. Logo hoje que eu estava com a sua blusa... 

You were beautifulOnde histórias criam vida. Descubra agora