snap out of it

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Eu só precisava da arma.

Apenas da arma.

Usar uma dessas nunca esteve em minha mente. Matar alguém não é o tipo de coisa que eu faria antes - não, de jeito algum! -, mas quando o caso é cometer suicídio em seguida... as possibilidades mudam. E quando o caso é cometer suicídio por conta do assassinato de um ex namorado babaca que ferrou com sua vida, as possibilidades mudam ainda mais: o que uma garota com o coração partido tem na cabeça? nada, convenhamos. Nada mesmo.

Mas lá estava eu.

Me olhei no espelho e reparei nos olhos cansados; ambos chegaram a ficar inchados, e um deles, por sua vez, ainda tinha aquela maldita marca roxa.

As cicatrizes não saíram de mim.

Meu corpo implorava por descanso, todavia, decidi acabar logo com isso.

— Ele acha mesmo que vou ficar sozinha nessa? – esfreguei a mão no cabelo observando o reflexo no espelho, então saí do banheiro sem dar atenção aos outros pensamentos. Vesti o casaco preto e escondi o objeto dentro do bolso. — Mas se realmente pretendo acabar com as coisas, querido, você vai primeiro.

Meu destino no momento foi o apartamento acinzentado dele, em que o mesmo provavelmente estava com alguma vadia. Enganando-a, talvez.

Seria a última da lista, e sabe? eu já não estava tão insegura.

Liguei o motor do carro e parti pelas ruas escuras. Durante poucas horas da madrugada ninguém se atreveria em sair, tão menos sabendo sobre o estado de desespero em que a cidade passava pela grande quantidade de assaltos e estupros cometidos.

Sejamos sinceros, segurança nunca foi prioridade nos dias de hoje.

Observei o prédio velho, percebendo o quanto este precisava de uma reforma. Andei até os fundos dando de cara com a escada de emergência, e para minha sorte, a janela apareceu destrancada.

Tolo. Deveria tomar mais cuidado.

Consegui entrar em silêncio, e a primeira coisa que pude ver pelo pequeno espaço da porta foi uma vadia de quinta colocando um sutiã vermelho.

Respirei fundo e caminhei até a cozinha.

Foi aí que aqueles olhos castanhos se encontraram com os meus.

Havia uma garrafa de vinho em sua mão direita.

Sorri.

Ele parecia surpreso.

— Boa noite, Adam. – falei. Não consegui evitar um segundo sorriso. Ele não respondeu. — Algum problema? Parece que se esqueceu de mim.

— O que faz aqui? – sua boca ficou entreaberta.

— Achei que sentiria minha falta. – andei até si. — Ora, qual a safra? Sabe que vinho é o meu favorito.

— Vá embora. – se afastou.

Esse pedido realmente me feriu.

— Por que faria isso? Senti saudade desse lugar também. – me aproximei da mesa.

Ele suspirou forte.

— O que você quer?

— Só conversar. – arqueei as sobrancelhas enquanto Adam se virou para colocar a garrafa na pia. — Quem é a garota que está no quarto? Se fazendo de pedófilo outra vez? Sabia que isso dá cadeia?

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