Diário da Lia - Sexta-feira, 11 de setembro de 2015 - Manhã

157 34 88
                                    

Eu sei, eu sei. Eu jurei que ia ficar em casa ontem à noite mas não deu. De repente uma inquietude começou a me impulsionar pra rua e parecia que se eu não saísse de casa iria explodir. De alguma maneira eu estava certa. Que loucura a noite de ontem! O que está acontecendo comigo?

Bom, na última hora eu enlouqueci, peguei o carro e fui pra casa da Vanessa. Quando cheguei lá, ela e a Vivian estavam tomando uma cerveja, esperando um amigo da Vanessa de fora que estava na cidade com mais dois colegas. Na hora que me contaram isso eu até me arrependi de ter saído de casa. Odeio essa coisa de ir pra festa com gente estranha e ter que ficar fazendo cerimônia. Mas tudo bem, acabei ficando lá com as meninas e já estava até com sono quando os amigos dela chegaram.

Na hora de dividir os carros a Vanessa determinou que o amigo dela, Álvaro, iria com ela e com a Vivian, e os outros dois comigo. Eu até fui irônica dizendo que ia sequestrar os dois meninos, porque né?! Que ideia essa de colocar dois caras estranhos no meu carro e que nem gatinhos eram. Mas ok. A gente foi no caminho conversando. O cara que sentou no banco de trás, o Paulo, era bem feiozinho, sem graça e calado. Acho que ouvi a voz dele umas 3 vezes durante todo o trajeto. Já o outro, Theo, falava pelos cotovelos. Ele era esquisito, magricelo, estava de óculos escuros (oi? Alguém o avisou que era noite?), meio loirinho e tagarela pra caramba. Fomos conversando sobre o que eles estavam fazendo na cidade (estão a trabalho), de onde eles eram (Rio de Janeiro) e o que estavam achando de Porto Alegre.

Chegamos no Dream Garden e fomos pro nosso cantinho de sempre. Os meninos ficaram dançando ali com a gente e até que estava meio vazio. O Fabrício não estava lá. Mas tudo bem, ele não anda falando comigo mesmo, então que se dane. E no fim foi até melhor ele não estar. O amigo da Vanessa perguntou o que tinha de especial pra beber no bar e nós três respondemos juntas que era SoCo. Ai Meu Deus! Tomar SoCo numa quinta-feira é complicado. Mas também, o que tinha de mais?

Resolvi mostrar pro Theo como se tomava, sabe o ritual? Pega a canela, coloca na mão, igual faz com o sal da tequila, lambe, toma a dose de uma vez só e chupa a laranja. Os olhos dele não saíram de cima de mim, mas o tal do Paulo estragou tudo! Disse que aquela bebida de gaúcho não pegava em carioca e pediu mais uma rodada pra todo mundo. Duas rodadas de SoCo numa quinta-feira são pra acabar com a sexta de trabalho de qualquer pessoa.

Só sei que eu e o Theo ficamos conversando, expliquei pra ele que SoCo na verdade se chama Southern Comfor e era a bebida preferida da Janis Joplin (eu adoro contar isso pras pessoas, me sinto tão Janis, rebelde e geniosa como ela) e ele começou a me contar da sua vida, trabalho e sei lá mais o quê. A nossa história se parece um pouco, ele acabou de sair de um relacionamento complicado e tem um brilho no olhar que parece de criança.

Só sei que quando vi eu já estava nos braços dele, ele me beijou e eu juro que na hora pensei "me ferrei!". Não sei, alguma coisa nele me despertou algo diferente. Não aquela coisa de fogo, de paixão, de tesão, mas algo muito mais sereno e gostoso. E sabe o mais engraçado? Ele é exatamente igual a mim. Eu com essa minha mania de saber o signo das pessoas disse que ele só poderia ser ariano ou leonino. Ele me respondeu:

- Leão, com ascendente em áries e lua em escorpião!

Gente do Céu! Como pode? Ele é exatamente igual a mim! Deve ser por isso que a gente se encaixou tão bem.

Bom, lá pelas tantas o Ricardo apareceu na festa, a Vanessa surtou e foi embora com ele, o Álvaro ficou furioso e foi embora, o Paulo estava tentando se livrar dos beijos da Vivian e era hora de ir pra casa. Como o Paulo não queria ir embora com a Vivi, dei carona pros dois. Levei eles até o hotel. No caminho, parei no Mc pra pegar um lanche pros meninos. Enquanto eu e o Theo conversávamos sobre um monte de coisas o Paulo seguia calado no banco de trás. Eu só ouvi a sua voz quando ele perguntou há quanto tempo a gente se conhecia, porque parecia que éramos amigos a vida toda. Eu tive que concordar com ele. Parecia que eu conhecia o Theo de outras vidas.

Na porta do hotel ele tentou me convencer a subir com ele. Mas não dava, eu precisava trabalhar no outro dia e estava muito tarde. A gente trocou os números do telefone, nos despedimos e eu fui embora. Estava guardando o carro na garagem quando meu telefone tocou e era ele dizendo que tinha adorado me conhecer, que estava com saudades e que me via amanhã! No caso hoje! Não é fofo?!

Fofo demais! E isso vai dar merda!

Valeu, Universo!Onde histórias criam vida. Descubra agora