Capítulo único - Freedom

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Mais um dia... Mais um dia que os pequenos olhos castanhos acompanhavam o ensolarado dia de primavera por aquela pequena janela. Ela não tinha trancas, nem mesmo algo que fizesse possível a abertura da mesma, só estava ali para que pudesse sentir o que era o sereno gosto dos dias que se passavam, das estações que mostravam suas cores características quando chegavam. Era a única maneira de fazer com que se sentisse um pouco mais... Livre.

Os pequenos olhos, que observavam uma pequena borboleta que parecia brincar com as poucas flores do lado de fora, pertenciam a um garotinho. Ele não tinha muita idade, tinha seus sete, quase oito anos, mas já sabia de muitas coisas. Que durante a primavera as flores ficavam muito mais bonitas, que quando a lua brilhava no céu era hora de dormir, que quando o ponteiro pequeno apontava para o dois era hora dos médicos virem, que eles não podiam entrar no seu quarto sem aquelas roupas estranhas... Ele também sabia que não podia sair dali, mesmo que não soubesse a razão.

Todos os seus dias eram a mesma coisa, as únicas lembranças que tinha pertenciam àquele quarto, que tinha as paredes de vidro, uma única cama e tantas coisas nele, que mal conseguia entender para o que serviam. Ele sabia que alguns machucavam quando os médicos queriam e outros faziam um barulho esquisito, mas nada além disso.

Ele mal falava, e quando o fazia era com médicos, seus pais e, na maioria das vezes, sozinho. Sim, ele era sozinho. Extremamente sozinho. Os pais quase não o visitavam no hospital e ele não via crianças da sua idade. Não que ele não quisesse, mas todos diziam que ele não podia. Provavelmente por causa do quarto...

Desceu com dificuldade de sua cama, que era um pouco alta demais para ele. Ele gostava da sensação de sentar no chão, próximo a parede do quarto, para que pudesse ver algum filme qualquer que estivesse passando na TV que foi colocada não tão longe dali. De vez em quando via algumas crianças passando e nos seus sonhos esperava poder ser igual a elas. A TV estava tão desinteressante que se perdeu em sua imaginação, se vendo do lado de fora aproveitando aquele dia de primavera tão bonito...

Ele se distraiu de tamanha forma que mal percebeu a proximidade de um garoto menor, que agora o observava admirado. Outra criança naquele lugar? Era a primeira vez que via alguém que estava ainda "preso" ao hospital. Apertou a girafa de pelúcia contra seu peito e se aproximou a pequenos passos, tentando disfarçar as diversas vezes que sua perna esquerda falhava.

-Ei... - A voz infantil invadiu os ouvidos do mais velho, que voltou o olhar para o garotinho. - Oi! - Ele acenou, um sorriso muito pequeno se formando nos seus lábios.

-Ahn... Oi? - Não sabia como lidar com a situação. Ninguém nunca havia falado com ele. Não daquela idade. -É... - Logo o menor estava sentado contra a parede de vidro de seu quarto.

-Meu nome é Jimin! Park Jimin! - A voz do menor era levemente irritante, mas ainda assim fazia com que parte do seu coração se aquecesse. Um amigo, afinal? - E o seu?

-É... Jung Hoseok... - Coçou a própria cabeça, desviando o olhar do garoto.

Aquilo era muito estranho... Era pra ser assim mesmo? Ele não sabia. Não sabia como se comunicar com o garoto, não sabia se devia falar com ele... Não sabia como pedir que ele ficasse mais pouco quando a enfermeira o chamou pra ir pro quarto dele, pegando-o no colo e o carregando pra longe... Bem, nem tudo que era bom durava muito.

Mas ao contrário dos pensamentos dele, o mais novo voltou no dia seguinte. A mesma girafinha em seus braços, o cabelo ajeitadinho do mesmo jeito... Mas tinha algo estranho. Ele andava diferente. Ele mancava e parecia que tinha muita dificuldade em movimentar sua perna esquerda, que por mais estranho que seja, parecia menor que a outra. Mas isso não parecia um empecilho para ele, que dessa vez que aproximou de seu quarto com um sorriso largo no rosto. Tão largo que seus olhos quase desapareciam. Hoseok sorriu de volta.

Do you know why?Where stories live. Discover now