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obvious lies it's over


O clima estava absurdamente tenso dentro do pequeno apartamento. Nem o cheirinho da pizza que estava sendo assada no forno da cozinha era capaz de amenizar a situação.

Jeon Somin estava completamente perplexa com a cena que se passava na sala do seu apê: Matthew, o cara que era praticamente líder do team zoeira, completamente desolado largado no sofá branco e confortável.

— Você tem certeza sobre isso, Matt? — Jiwoo, a roommate e prima de Somin, perguntou. — Quero dizer, como isso é possível?

— Eu já expliquei — Matthew disse, suspirando. — As normas de adoção não eram muito respeitadas na minha época. Coisas básicas como manter irmãos biológicos juntos eram simplesmente ignoradas.

— Tá, mas por que essa história veio à tona só agora? — Jiwoo retrucou.

Kim Matthew passou a mão pelos cabelos, tenso, nervoso e um pouco irritado com a amiga loira por ela fazer tantas perguntas. Mas aquilo era culpa dele, afinal, ele não devia ter ido até o apartamento das garotas para despejar um problemão na cabeça delas.

— A senhorita Lee, diretora do orfanato onde eu vivia antes, se arrependeu de alguns erros do passado. E isso incluía liberar a adoção de um bebê que devia ser mantido junto com o irmão mais velho — Matt disse, ignorando o nó na garganta. — Sei lá, na concepção dela, ter nos separado foi o pior pecado que já cometeu na vida e agora que ela está quase batendo as botas quer pelo menos tentar se redimir.

— Acho que não tem como se redimir numa situação dessas — Somin murmurou do seu lugar na poltrona, atraindo a breve atenção do amigo e da prima. — O que ela fez foi realmente um grande pecado.

Matthew encontrou o olhar da melhor amiga por alguns segundos, antes de assentir levemente e abaixar a cabeça, encarando o chão.

— Mas e o seu irmão? — Jiwoo continuou indagando, urgente. — Ele não era mais velho? Não podia ter impedido a sua adoção de algum jeito?

Matthew negou com a cabeça.

— Eu não sei, Ji. Eu não sei — disse, encarando a loira. — A única coisa que eu sei é que eu tenho um irmão de sangue e que fomos separados. E isso já é demais pra minha cabeça.

Jiwoo calou-se, recuando. Percebeu que estava sendo invasiva demais quando viu os olhos do garoto à sua frente ficarem marejados, porque em um ano de amizade, ela nunca o havia visto sequer perto de derramar alguma lágrima que não fosse de tanto rir. Ela observou extremamente surpresa — assustada até — Matthew apoiar os cotovelos nas coxas e enterrar o rosto nas mãos. A loira olhou para a prima em busca de ajuda e essa parecia quase tão em choque quanto ela própria.

O que Jiwoo falaria que não fosse clichê? "Não chora, Matt", isso só daria vontade chorar mais. "Vai passar", não, não iria passar. "Calma...", ah, pelo amor de Deus, ninguém teria calma numa situação dessas. Então a loira fez a única coisa que estava ao seu alcance, aproximou-se da extremidade do sofá onde Matthew estava sentado e o envolveu com seus braços, apoiando a cabeça no ombro dele. Não demorou nem dois segundos para que ele a abraçasse também, escondendo o rosto no pescoço dela.

No final das contas, Somin nem precisava cumprir com suas obrigações de melhor amiga de Kim Matthew. Quem consolava, abraçava e dava apoio moral a ele era sempre Jiwoo, e não precisava ser tão inteligente para saber o porquê. Somin era apenas a calma que se contrapunha à agitação de Ji, e era só pra isso que servia mesmo, para o equilíbrio do trio, e pra ficar sobrando também, derretendo no aquecimento global que aquele casal não assumido provocava. Mas pela primeira vez, Jeon Somin observou uma cena de afeto entre sua prima e seu melhor amigo sem malícia alguma, as circunstâncias não deixavam.

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