O MUNDO E SUAS VOLTAS

O Mundo que dá voltas. Talvez pela porfia em te levar ao mesmo lugar. Ou não, questão de senso. Seria a sorte algo concebido como um arrimo? Seria o destino algo idealizado? Voltas e mais voltas desde tempos pretéritos.

Voltas que o mundo dá. Divagações em pensamentos errantes, que sentem saudade de quem nunca contemplou, de paragens que nunca esteve, mas sabe que há – e se banza.

Um mundo voltado em voltas. Nume que gosta de tocar as nuvens, dissimulando suas dores cuidando dos seus, zelando por velhos e jovens em detrimento de seu apogeu, quiçá seu galardão chegará em breve. Porventura não já chegou? Apenas em seu íntimo o saberá. Divulgar, talvez, mas raramente e para poucos.

As voltas dadas do mundo. O sorriso enigmático e os olhos convidativos agindo com insídia naqueles que pensam que a feição angelical não acoberta sua astúcia e a mão enérgica. A dissolução, no entanto, se aproxima em momentos de fragilidade, que também rebuçada, se revela em atos singelos, bem como a álgida vindita, que certamente alvejará os imprudentes.

Um mundo envolto em voltas. Reinventando-se em sua cria, desnudando-se, contudo sem revelar-se, pois nem todos conseguem enxergar os traços fortes que externam sua sensibilidade. Como a nenúfar que repousa no espelho e mexe com a imaginação de muitos, que comodistas se favorecem e inebriados se esquecem de que para um jardim florescer, são imprescindíveis o abebero e o zelo.

Envolve o mundo suas voltas. Mas que ao final, depois de cada uma, as coisas que achamos danosas, tornam-se benévolas, ou vice-versa, já que tal é rotunda por si só. Há de haver respostas para perguntas ainda que achemos tardias, quando na realidade podem não ser. Essa é uma das verdades que carrega e esconde às vistas dos tolos. Só ela sabe quem é.

Voltado nas voltas do mundo. Porção mulher na menina, fração de menina em mulher. Leveza da laranja lima, nos olhos doçura de mel. Menina que olha para o céu, viaja, sonha e imagina. Suspira e anseia com a vida mais solta, mais linda, mais leve – sapiente –, pois é dessa maneira que se deve, já que volta e meia, a vida é cruel. Contudo, felizmente, sua mansuetude há de prevalecer. •