Lê, amor, é o meu canto de despedida para o nosso breve imbróglio amoroso. Brindemos às semipalavras paridas da minha boca e da tua, por línguas e mãos varrendo alvoroçadamente esquinas e becos de nós, numa indescritível confusão de sentidos. Semipalavras mentidas que, quando tudo era romance e perfume, foi o nosso alimento e água, o ópio a nos manter insanos e um. Olha, amor, lê! Poemas rabiscados na pele, em traços vermelhos e tortos, em linhas inventadas quando negaceávamos felizes, as juras de sermos o pedaço desencontrado um do outro. Semipalavras. Ruidosas lembranças. Pequenos fragmentos de um amor que sequer chegou a ser.
(Milene Lima)