Vinte e um de Dezembro Quarta-Feira

6 2 0
                                    


Acordo em meio à milhões de cobertas, e consigo ver que acima delas está minha mãe .

- Eu sei que você deve estar cansada, Como foi a festa ontem? - ela me pergunta forçando um sorriso.

- Boa mãe - respondo e me viro - Vou estar pronta em dez minutos, juro.

- Está bem - ela fala e beija minha testa - Temos que pegar uma amiga de sua avó ainda, por favor Margot, não se atrase.

Espero a porta fechar para pegar meu celular, lendo todas as aceitações de faculdade no meu facebook.

Em dois meses, finalmente estarei na faculdade e meus pais não poderiam estar mais felizes, e eu estaria também, fora as circunstâncias.

Não estou com paciência para arrumar meu cabelo. Portanto, apenas o prendo em um coque, pego minha mochila e desço as escadas. Meu pai me espera no último degrau.

- Bom dia - ele diz beijando minha testa - Você deveria ler esse último artigo do Rodrigo Foster, deixei na sua cabeceira.

- Vou ler assim que a gente chegar - respondo forçando um sorriso, e meu pai me responde com outro.

/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/

A viagem não parece acabar, e tento ignorar minha dor de cabeça enquanto a amiga de minha vó me interroga sobre a faculdade.

- NYU, hein? - ela diz e agarra minha mão - Sua vó estaria orgulhosíssima!

Sorrio como resposta, pois é tudo que consigo fazer. O clima no carro fica um pouco pesado, e ela tenta aliviar perguntando sobre minha irmã:

- E Marina? Como está se saindo lá?

Consigo ver a expressão de felicidade que nasce nos rostos de meus pais depois do questionamento.

- Ela está ótima - minha mãe diz sorrindo para meu pai.

- E como! - meu pai diz orgulhoso - Que experiência maravilhosa, não? Estou tão feliz!

- Pois eu, já estou louca com que ela volte ! - minha mãe fala, e meu pai revira os olhos.

- E quando que ela volta? - a senhora torna com o interrogatório.

- Depois de amanhã, iremos pega-la em New Jersey pela manhã. - meu pai diz e consigo ver que, se não fosse pela velhinha, ele estaria em lágrimas.

- Que maravilha! - a senhora diz - E você Margot? Pretende sair do país?

Nossa, ela não tem ideia como.

/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/

Estou sentada à mesa com Otávio, que se gaba pela sua linda namorada Larissa, sentada conosco.

- Você vai adorar a faculdade Margot - ele me diz e olha apaixonadamente para ela.

- Eu posso imaginar.

- Você vai morar no dormitório?- Larissa indaga ainda meio envergonhada.

- Sim - digo da forma mais simpática que meu mal-humor pode dizer - E irei para casa nos fins de semana.

- Que ótimo! Sabe, quando comecei a faculdade não tinha ideia de como sentiria saudade de casa! - ela me fala - Ter a família por perto deixa tudo mais fácil.

- Ah Lari, mas Margot já passou muito tempo fora de casa, está acostumada. Acho que está, pelo menos. - Otávio diz e sorri gentilmente.

- É, já passei alguns meses fora - falo e vejo meu tio passando pela porta de entrada - Com licença, meu tio acabou de chegar.

Me levanto da maneira mais delicada e apressada que consigo, e ele me vê, saindo correndo.

Depois de um abraço apertado ele me olha :

- Quero saber tudo sobre sua viagem! Não acredito que vocês vão realmente fazer isso! - ele me olha, animado.

Seus traços são parecidos com os de meu pai. Tão parecidos que, se não fosse pelo cabelo pouco grisalho que meu pai possui, seriam iguais.

Em pouco tempo, alguns tios mais velhos juntam-se a nós, e parecem empolgados com a minha entrada para faculdade.

Quase morrendo para sair da conversa política, pois um de meus tios é extremamente machista, vejo Otávio na porta. Ele faz um sinal para que eu me junte a ele.

Vou até lá discretamente, sorrindo para meus tios e vejo minha mãe em uma mesa com minha tia. Ambas sorriem e minha mãe me chama, mas sigo em direção a porta.

O cabelo louro de Otávio cai sobre seus olhos extremamente azuis e ele começa a caminhar sem comentar nada.

O condomínio onde a festa está sendo dada é gigante e assim, quando estamos longe o suficiente do salao, Otavio acendo um cigarro e tira de seu paletó uma pequena garrafa.

- E Larissa? - pergunto e ele ri com o canto da boca.

- Você já deve saber como é - ele diz rindo e me entregando a garrafa - Minha vó diz que devemos casar, mas sei que não estamos nem perto disso.

Fico em silêncio enquanto Otávio sobe em uma árvore.

- E o seu namorado? - ele pergunta, e o som da palavra já me dá arrepios.

Me lembro de alguns flashes da festa, e dou mais um gole no whisky. Ele continua em minha cabeça, com ela.

- Não estamos mais juntos - Otávio parece surpreso em meio a uma tragada

- Achei que fosse conhecê-lo. - ele encara o chão.

- Não vai - respondo.

- Você não precisa ficar assim. Em pouco tempo estaremos na Europa, tenho certeza que os ingleses irão fazer com que esqueça-o - ele me diz dando um gole da garrafa e arrumando o cabelo.

- É, Europa - digo e sorrio para Otávio, que sorri de volta de cima da arvore.

/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Nov 11, 2017 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

🦁Onde histórias criam vida. Descubra agora