Marcus Kane sabia.
Ele desconfiou quando houve a reunião de conciliação com os grounders; que levaria para uma possível trégua, e na melhor das opções e esperanças, uma aliança.
Lexa, a comandante que ele aprendeu á admirar depois do incidente envolvendo Thelonious Jaha enquanto era mantido em cativeiro pelos grounders, parava em toda sua graça do lado contrário da mesa comprida. Em pé e com o queixo inclinado, ela aceitou a garrafa oferecida por Kane e esperou pacientemente que o líquido seja despejado nas taças.
Ninguém teve tempo o suficiente para deduzir com clareza. O grounder ao lado de Lexa tossiu levemente algumas vezes antes da crise se prolongar á um estado crítico, mas antes que isso seja percebido, Clarke levava a taça aos lábios como um gesto de mostrar que os dois grupos poderiam confiar um no outro. Os reflexos de Bellamy Blake foram ágeis ao extremo diante de tal ato. O rapaz ouviu a primeira tossida e logo se inclinou na direção de Clarke, forçando Kane á dar um passo e deixa-lo passar apenas para que seu tapa arranque brutalmente a taça das mãos de Clarke.
Kane não pode evitar, mas ficar impressionado com a reação imediata de Bellamy. Seu primeiro instinto havia sido proteger Clarke, e se Marcus não soubesse melhor do que ficar calado sobre sua observação, iria perguntar á Bellamy sobre tal ato. Ele havia sido quem havia atirado em Thelonious Jaha, e era pouco provável pelo ponto de vista de Kane que ele tentasse salvar outra vida além de sua irmã. Afinal, ele apenas estava ali com antecedência por culpa de seu senso de proteção á Octavia.
Mas ali estava Blake o provando o contrário.
Marcus suspeitou com mais conhecimento quando houve o debate sobre o que fazer em relação á Mount Weather. Clarke havia escapado com certa dificuldade, e não hesitou em afirmar que aquele lugar era, de fato, perigoso e eles deveriam bolar um plano o mais rápido possível para resgatar os outros quarenta e sete delinquentes que estavam relativamente presos em tal lugar.
E então Bellamy ofereceu-se para se infiltrar em Mount Weather para que assim, possa fornecer informações sobre o lugar. O rapaz parecia certo sobre sua decisão, e aquilo havia feito Kane perceber que eles ainda eram crianças; eles deveriam estar saindo e se preocupando apenas com o emprego que teriam futuramente, não com a segurança e bem estar de todos ao seu redor.
Era algo que ele frequentemente pegava-se pensando sobre. As coisas pareciam ter mudado muito em relação ao que costumava ser a alguns anos, e nos dias atuais, ele via adolescentes sabendo lidar com decisões de uma forma mais inteligente do que os adultos. Talvez muita coisa mudaria se eles estivessem no comando enquanto a Arca ainda existia; talvez até mesmo, eles nunca precisariam voltar para a Terra como seu único modo de sobrevivência.
Clarke foi rápida ao negar sua oferta, alegando que Bellamy estaria se colocando em uma posição muito perigosa e que ela não poderia perdê-lo também. Era compreensível, Finn havia sido morto há apenas horas e todos seus outros amigos possivelmente estaria andando no mesmo caminho se ela estivesse certa sobre Mount Weather. Bellamy era seu parceiro e se ela pudesse tê-lo vivo ao invés de morto, ela não pensaria duas vezes sobre sua decisão final.
Mas quando Clarke estava deixando Polis mais tarde naquele dia, Kane notou que ela parecia mais distante e mais fria, e aquilo ficou claro quando o seu passo para trás foi dado. Ele havia sido informado que Clarke havia dito que Bellamy deveria entrar em Mount Weather com Lincoln, descartando silenciosamente todo seu argumento anterior.
Bellamy deveria ter assentido e assim seria. Kane lembrou-se imediatamente das vezes em que havia visto como Blake se preocupava com a segurança de seus amigos no geral, mas com Clarke, sempre parecia que havia algo diferente. Estava no modo como ele a olhava como se tivesse medo de que aquele momento se dissiparia de uma ilusão; uma ilusão vinda de uma realidade muito pior a qual Clarke não estaria ali.