Um encontro inesperado I

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(Eu não teria te encontrado
Eu não teria me apaixonado
Mas aconteceu
Foi mais forte que eu e você
Aí eu disse
Quer que eu faça um café?Ou faça minha vida se encaixar na sua? Aqui mesmo na rua,Era pra ser agora
Quando é pra acontecer
Tem dia, lugar e tem hora)
Luan Santana

Eu não acreditava mais em nada, nem em mim. A dor da traição ocupava todos os espaços vazios da minha vida, aliás toda minha vida, porque era isso que eu sentia um vazio.
Havia entregue a minha vida ao primeiro homem por quem me apaixonei, acreditei nele cegamente, com uma ingenuidade assombrosa.
Depois da minha primeira vez o sonho que eu julgava viver tornou-se um pesadelo... Descobrir que ele mentiu tanto era como se todos os dias mil facas atravessassem meu peito.

De nada me serviram 18 anos me guardando, se depois de perder a minha virgindade com quem eu julgava ser o homem da minha vida ele subiu ao altar e jurou amor eterno a outra.

***
Caminho para casa depois de um dia de atividades na rádio onde trabalhava; e como era ultimamente, caminhava sem olhar para ninguém, era como se todas as pessoas soubessem que eu era corna, eu só conseguia  para o chão onde eu pisava, mas também sentia como se até o chão que eu pisava fosse mais digno que eu.
Eu só pensava em morrer mas me faltava coragem para dar fim a vida e a dor que sentia.

Sinti uma luz forte se aproximar a minha frente, fazendo o caminho contrário ao meu, me afastei da linha dos carros, se fosse morrer não seria atropelada.

-Hey, devias ter cuidado por onde andas .-Uma voz irritantemente debochada saiu daquele carro onde alguma música de hip hop tocava, mas nem olhei e continuei a andar.

Mais um babaca tinha passado por mim com gracinhas, e eu só agradecia pois em alguns minutos estaria em casa...caminhei mais um pouco e aquela luz acompanhada de uma musica alta qualquer vinha atrás de mim, agora a fazer o caminho na mesma direcção que eu, mas não me prestei ao papel de virar para ver, apenas afastei.

-Vamos, eu te deixo em casa antes que seja atropelada. -Aquela voz novamente ecoou e eu sabia, estava a ser seguida. Fiz-me de muda e surda, e continuei.

-Eu sou Harlan e no meu carro podes continuar a olhar para o chão, apenas entre nem precisa falar comigo.

O que esse idiota queria, gozar com a minha cara? continuei a andar e torcendo para chegar logo a casa . Como um golpe de sorte ele acelerou e pareceu desistir de me importunar.

Mais um quarteirão eu estaria fechada no meu mundo, no meu quarto escuro onde eu podia chorar sem preocupar-me com os olhares de pena, iguais aos que me eram dirigidos nos corredores da rádio todos os dias.

-Acho que agora podemos conversar bonitona. -Aquela voz que me importunara minutos atrás se fez ouvir novamente e parecia bem próxima a mim,
Pela primeira vez em um dia inteiro lembro de levantar os olhos para encarar o homem a minha frente.

-Já que não ia subir o meu carro, resolvi estacionar e caminhar ao teu lado, e também não precisa falar comigo. -Ele disse e eu senti o rubor das minhas bochechas.

Mantive me calada e continuei meu percurso, o desconhecido colocou-se ao meu lado em silêncio enquanto seguia meus passos.
Eu não entendia o que ele queria mas também achava chato ele do meu lado naquele silêncio.

-O que queres? -Perguntei com a voz carregada de irritação.

-Wow ela fala! Disse ele debochado. -Quero evitar que sejas atropelada.

Nem a morte nos separa CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora