Capítulo 39

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"Nev, eu... eu não estou certa sobre isto." – acabei por dizer.

"Isto o quê? Amor?" – falou ele com ar ofendido.

"É só que foi tão de repente que eu nem sei bem o que sentir em relação a tudo..." – disse enquanto me levantava e ele também saía da cama.

"Não sabes o que sentir ou não queres acreditar no que estás a sentir?"

Eu apenas fiquei a olhar para ele a aproximar-se de mim.

"Petra, diz-me uma coisa. Sou assim tão má pessoa que tenhas tanto medo de te apaixonar por mim?"

"Nev, não é isso."

"Então qual é o problema?!" – gritou ele.

"O problema é... é que..." – falei com a respiração acelerada.

"Sim? É?"

"É..."

"Não é nada Petra! Percebe isso. Não há problema nenhum!"

Ele estava aos gritos a discutir algo que eu não queria falar. Como já sentia lágrimas a formarem-se e não queria que ele as visse, saí do quarto sem dizer mais nada. Passei pelo Max que ficou a olhar para mim e nem teve tempo para dizer o que quer que fosse.

Antes mesmo de sair a casa de Nev ainda tive tempo de o ouvir dizer – "Quando perceberes que o obstáculo és só tu, lembra-te que te amo Petra."

Parei um pouco, mas não me virei para ele porque já tinha as lágrimas a romper. Em vez disso, respirei fundo e continuei.

Corri até casa não porque tinha pressa de chegar, mas sim porque precisava de correr para limpar as ideias. Abri a porta de casa com violência e apesar de ter ouvido o meu nome a ser chamado, não olhei para trás e continuei a correr até ao quarto.

Não queria ver ninguém nem falar com ninguém. Precisava de estar sozinha e pensar.

Claro está que o que eu quero raramente se concretiza e de cinco em cinco minutos parecia que me estavam a bater à porta. Até que uma voz diferente do outro lado da porta me chamou a atenção.

"Petra, por favor, deixa-me falar contigo."

"Vai-te embora Max." – disse a fungar.

"Não vou até falar contigo. Sei ser tão teimoso como o Nev."

Aproximei-me da porta, pousei a mão na maçanete e fechei os olhos para refletir se deveria realmente abrir. O mais provável era ele estar ali porque o amigo lhe pediu, mas o meu problema era com o Nev e não com o Max, não queria tratar-lhe mal.

Abri a porta e vi o Max de braços cruzados rodeado pela minha família.

"Podes entrar, mas só tu e quero que o resto se afaste da minha porta." – disse assertivamente.

Todos se afastaram lentamente e o Max entrou.

"Se me viste dizer o que ele te mandou dizer eu não quero ouvir." – falei assim que fechei a porta.

"Petra, vá lá, achas que o Nev me manda dizer alguma coisa? Eu vim aqui falar por mim. Porque há coisas que acho que te devo de dizer antes de fazeres qualquer decisão."

Respirei fundo e sentei-me na minha cama fazendo sinal para o Max fazer o mesmo ao meu lado. Depois de um tempo de silêncio ele lá começou a falar.

"Petra, eu nunca me meto nas relações do Nev a não ser que ele peça, no entanto, para ti tenho que abrir uma exceção. Tenho que o fazer porque és especial. És uma amiga especial para mim e és especialmente importante na vida do Nev. Nunca tinha visto o Nev a lutar pelo coração de uma rapariga tanto tempo e com tanta persistência e ele só o fez porque sabe que és uma num milhão. E com isto eu não quero dizer ficares com ele. Só quero que percebas que se o escolheres não o fazer vais destruir o Nev, mas, acima de tudo, vais-te destruir a ti. E eu sei que sabes isso. Eu sei que sabes o que escolher. Por isso, peço-te, para de pensar pelos outros. Porque os outros não sabem. Eles não sentem o que sentes nem nunca vão sentir. Faz pela tua felicidade Petra. Só por ti."

As minhas lágrimas escorriam silenciosamente e o Max levantou-se, agarrou a minha cabeça e beijou-a e saiu do quarto sem dizer mais nada, deixando-me nos meus pensamentos.

O sossego necessário para pensar foi logo interrompido pela minha família a entrar no quarto. Eu não me mexi e fiz um esforço para continuar nos meus pensamentos. Eles falavam, mas eu não os ouvia até que de repente uma voz que não consegui identificar de quem sobressaiu do resto do som.

"O Max é mesmo querido. Eu ficava com ele."

Essas palavras foram o suficiente para eu sairdo meu transe, me levantar e sair do quarto a correr com a certeza do que tinhapara fazer.


(N/A: Sei que é curto mas é porque está mesmo a acabar.)

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