72 HORAS ANTES DO SHOW
Meu pé batia involuntariamente e sem parar no piso de porcelana do Aeroporto de Congonhas. Não havia se passado nem meia hora desde que meu voo tinha aterrissado e eu já estava mais do que impaciente esperando minha bagagem.
Era a minha segunda vez em São Paulo, porém minha impaciência não era pelo fato de está ali sozinha, e sim pelo que estava por vim: o show do meu grupo favorito. Eu estava esperando por isso há tanto tempo que não conseguia conter a minha ansiedade quando faltava menos de três dias para que eu pudesse ver eles bem de pertinho. Quem são eles? Bangtan Boys, ou talvez você conheça por BTS! Um grupo sul-coreano que ultimamente tem feito sucesso pelo mundo todo e aqui no Brasil não poderia ser diferente.
Minha mala finalmente apareceu, e eu logo sai correndo atrás de um Uber, não queria chegar a noite no apartamento que havia alugado junto com algumas outras fãs do grupo. São Paulo como sempre muito caótica parecia mais agitada do que o normal enquanto o carro do Uber percorria o caminho até a cidade.
De Congonhas até o Butantã, onde o apartamento ficava, demorou mais do que meia hora devido ao transito. Algumas meninas já estavam por lá , e graças a Deus, não foi tão difícil de encontrar o apartamento.
Assim que cheguei fui recebida por três garotas de aparência diferente. Nós todas eramos do nordeste e tínhamos todas o mesmo propósito. A primeira garota era baixinha, porém, a primeira vista, parecia ser bem fofa; a segunda era mais alta, usava óculos e tinha um sorriso bonito; e a terceira era a mais bonita, usava roupas de marca e parecia ser a mais velha.
— Você deve ser a Laura.— a baixinha falou me encarando e eu sorri. — Eu sou Alice, prazer,
— Oi, Alice.
— Eu sou Júlia. — a mais alta comento dando de ombros.
— E eu a Luiza, mas pode me chamar de Lu. — a mais velha disse e sorriu de lado.
— Prazer meninas. — eu disse um pouco tímida. Era a primeira vez que nos víamos pessoalmente, nós conhecíamos apenas pelo grupo do WhatsApp.
Fui até um dos quartos me instalar enquanto as meninas falavam o quão ansiosas estavam para o show. Não consegui evitar o sono quando me deitei na cama, estava realmente cansada da viagem.
Acordei com o sol batendo no meu rosto por uma fresta da cortina de linho do quarto. As meninas ainda estavam dormindo e o apartamento estava silencioso. Levantei-me e tomei um banho demorado, depois coloquei um short jeans confortável, uma camiseta do BigBang, outra grupo favorito, e um tênis branco. Sai sem fazer barulho para não acordar as meninas e deixei um recado dizendo que ia até a padaria tomar café.
Assim que sai do prédio o ar poluído de São Paulo me atingiu. Era tão diferente do cheiro de maresia que eu costumava sentir na minha cidade, mas não era desconfortável. Andei alguns quarteirões até encontrar uma padaria descente, o cheiro do pão fez minha barriga roncar já que fazia algum tempo desde que eu havia comido pela última vez.
Tive um café da manhã silencioso observando as pessoas andando apressadamente na rua. As pessoas que moravam ali eram tão agitadas e caóticas quando a cidade. Voltei para o apartamento e as meninas já estavam acordadas.
— Você devia ter acordado a gente. — Alice resmungou ainda coçando os olhos.
— Desculpa, achei que ficariam chateadas.
— Tudo bem. — disse Luiza, despreocupada. — O que vocês pretendem fazer hoje? — demos de ombros. — Eu vou encontrar uma amiga minha no Hotel no Centro. Alguém quer ir?
Como não tínhamos o que fazer e ainda faltava alguns dias para o show decidimos ir com Luiza. Pegamos o metrô e depois andamos alguns minutos até encontrar o Hotel. Era um Hotel de luxo de São Paulo. Muitas pessoas entravam e saiam. Fomos até a recepção e Luiza falou alguma coisa que eu não prestei atenção para a recepcionista. Eu parecia uma boba impressionada com a luxuria do hotel quando uma correria começou. Gritos, pessoas correndo e um barulho estrondoso fizeram com que eu começasse a correr para dentro do hotel. Corri na direção dos corredores e comecei a subir as escadas já que o tumulto estava acontecendo na frente do hotel e não tinha outro canto para fugir. Continue correndo até esbarrar fortemente em alguém.
— Ai! — gritei um pouco alto.
— Joesonghabnida. (Desculpe). — disse o estranho.
— Gwaenchanh-a. (Tudo bem). — respondi no automático. Aquela era uma das poucas palavras que eu sabia em coreano, e que eu estava acostumava a ouvir nos dramas.
Andei alguns passos até perceber o que tinha acontecido. O estranho pareceu fazer o mesmo, pois nos viramos para nos encarar na mesma hora. O analisei de cima a baixo. Ele usava óculos escuro, boné preto e mascara, quase não dava pra ver seu rosto. Ele deu um passo em minha direção como se estivesse me analisando, e eu fiquei ainda mais curiosa sobre ele.
— Dangsin-eun hangug-eoleul gusahabnikka? (Você fala coreano?) — ele disse e dessa vez eu não pude entender nem sequer uma palavra.
— Eu sinto muito. Não falo coreano fluentemente. — tentei o inglês e ele pareceu entender.
— Ah, desculpe, pensei que você falasse. — ele sorriu pelo nariz. — Desculpe por esbarrar em você.
— Acho que o certo seria eu me desculpar, afinal foi eu que esbarrei. — sorri. — Você é coreano? — perguntei um pouco encantada. Não dava para negar minha fascinação por coreanos.
— Sou. Como é seu nome? — ele perguntou. Sua voz estava um pouco abafada por causa da mascara.
— Meu nome... — iria dizer meu nome, mas como ele era coreano eu sabia que seria difícil pronunciar, por isso usei meu nome coreano, um nome que um dia eu sabia que iria usar. — Meu nome coreano é Park Ma Ri. Ma ri. (se pronuncia Ma Ri A). E o seu? — perguntei apenas por educação. o estranho titubeou antes de responder.
— O meu é... Jung Jae-min. É um prazer Ma Ri. — Ele sorriu e eu acenei. — O que aconteceu lá em baixo? — assim que ele terminou de falar ouvimos gritos histéricos se aproximando. Não sabíamos o que era.
Jae Min (se pronuncia Jaimin) agarrou meu braço e começamos a correr juntos. Eu não tinha ideia para onde estávamos indo. Subimos mais escadas do que eu poderia contar. Eu estava tão cansada que Jae Min estava mais me empurrando do que eu o acompanhando.
— Estamos quase lá. — ele disse.
Não demorou muito para chegarmos a cobertura do Hotel. Estava completamente vazio, e não havia nenhum outro barulho que não fosse o vento.
— Acho que aqui estamos seguros. — disse Jae Min com a respiração ofegante.
— Mas o que diabos foi isso? — perguntei ainda alarmada.
— Você não sabe? — ele perguntou meio incrédulo.
— O quê? — perguntei dando de ombros.
— Um grupo famoso está hospedado aqui. Essas pessoas provavelmente são suas fãs. — ele respondeu dando uma respiração profunda no final.
— Nossa. — foi só o que conseguir falar enquanto tentava controlar minha respiração.
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I need U girl
RomanceLaura Ávila tem uma vida simples. Trabalha, estude e faz qualquer coisa para realizar o seu sonho de conhecer a Coréia. Uma parte do seu sonho está prestes a se tornar realidade: seu grupo favorito de K-pop está vindo para o Brasil e, graças aos ano...