one

35 5 3
                                    


Jungah observou o céu pela janela.

Era um dia bonito. Não bonito como os dias em que o céu estava azul e nenhuma nuvem podia ser vista por perto, os dias em que as pessoas saíam de casa para caminhar, correr ou simplesmente aproveitar o clima agradável e feliz. Aquele dia era bonito de uma forma diferente, de uma forma que, para Jungah, superava qualquer outra.

Pesadas nuvens se juntavam acima, colorindo o céu de diferentes tons de cinza que se misturavam como em uma aquarela. Não era possível ver o sol, exceto por algumas frestas entre as nuvens onde um forte brilho se esgueirava com dificuldade, iluminando fracamente a terra sob ele, e por isso, também não era um dia tão claro quanto os outros. Tudo abaixo estava mais escuro que o normal, mais frio e mais quieto.

O céu estava cinza, o dia estava cinza, e Jungah gostava disso, porque ela também se sentia daquele jeito. Cinza.

Um pequeno sorriso se formou nos lábios da garota enquanto ela se apoiava em suas mãos na tentativa de ter uma visão melhor do céu lá fora pela grande janela de vidro à sua frente. Estava sentada em uma das carteiras da sala de aula, mas não havia ninguém além dela ali. Nenhum professor, nenhum aluno, só o agradável silêncio que habitava não só aquela sala, mas também todo aquele bloco vazio e abandonado.

A ampla sala era o lugar favorito de Jungah naquela escola. Por pertencer ao bloco mais afastado dos demais, as aulas naquele lugar eram raras e só aconteciam quando, por algum motivo, as salas dos blocos mais movimentados não estavam em condições para serem usadas, o que só tinha ocorrido uma vez por obra de alguns dos vândalos da escola. Exceto por aquela ocasião, a sala — ou abrigo, como ela costumava chamar — tinha permanecido inutilizada por meses, o que a tornara o lugar perfeito para Jungah se esconder quando estava cansada das aulas, dos sermões dos professores e dos comentários idiotas dos alunos.

— Lee Jungah? — chamou uma voz atrás da garota.

Jungah virou-se subitamente na direção do dono da voz. Era Kang Jingoo, um de seus colegas de classe de quem ela lembrava vagamente como o auxiliar da professora de Matemática. Ele estava parado junto à porta semiaberta, com as mãos coladas ao corpo e os olhos firmes fitando o rosto de Jungah em repreensão.

— O que você quer? — perguntou ela, ríspida.

— A professora mandou que eu viesse te chamar. Ela disse que não vai mais admitir você fugindo das aulas dela sempre que quer.

Jungah revirou os olhos.

— E quem disse para ela que eu estava aqui?

— Você sempre está aqui.

Ela deu de ombros.

— Bom, diga a ela que eu não vou e que pare de tentar me fazer ir. É irritante.

O garoto franziu o cenho.

— Eu não vou dizer isso pra uma professora.

— Então diga qualquer outra coisa, mas vá embora, — Jungah voltou a fitar a janela. — você está me interrompendo.

— E o que você está fazendo? — retrucou Jingoo, com um misto de desprezo e outro sentimento que ela não foi capaz de identificar. — Planejando se jogar daqui de cima?

— Talvez. — respondeu ela; um pequeno sorriso se formando em seus lábios. — Mas não é um bom plano, sabe? Existe chance de sobrevivência.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 21, 2017 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

heartwormOnde histórias criam vida. Descubra agora