Pedro (15)

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Liguei meu celular assim que desembarcamos em Londres, com a esperança de receber uma mensagem de Bruna. Mas isso não aconteceu. E quando saímos da área de embarque, liguei para ela. Não sei o porquê de ela não querer falar comigo.

Ainda bem que havia muito trabalho nos esperando, caso contrário, eu piraria.

Ainda não entendi o que aconteceu para Bruna agir daquela forma. Nós finalmente nos entregamos aos nossos sentimentos e nos amamos. Antes de dormir ela sorria, parecendo feliz.

Mas algo mudou e sentia que a culpa fora minha. O que tinha feito a ela? Isso eu já não sabia. A culpa de ter feito algo, mesmo sem saber o que fora, me corroía.

Consegui relaxar um pouco depois que falei com ela. Só depois disso é que consegui aproveitar um pouco da viagem.

Fui a bares e restaurantes com a Fernanda e o pessoal da empresa. Mas não tinha ânimo para baladas e boates. Preferia voltar para o hotel e, apesar de eu insistir para ela ficar, Fernanda sempre voltava comigo.

As sete semanas terminaram e embarcamos para o Brasil na sexta-feira à noite. A previsão de chegada era para as dezesseis horas e Bruna disse que nos esperaria no aeroporto. A viagem foi cheia de ansiedade e expectativas.

Ao sair da área de embarque, procurei por Bruna em vão. Era Eduardo quem nos esperava. Um enorme e carinhoso sorriso surgiu em Eduardo quando me viu. Eu tentei disfarçar a decepção por não ser a Bruna e forcei um sorriso.

Ele deixou a Fernanda em seu apartamento e seguiríamos para o meu quando ele me disse que gostaria de conversar comigo e se poderíamos ir em algum lugar.

— Sobre o que você quer conversar? Indaguei sem muita paciência.

— Sobre a Bruna.

Ele sabia que este assunto chamaria minha atenção.

— Certo, vamos em algum lugar que serve um bom lanche.

Ao chegarmos na lanchonete escolhida por Eduardo, percebi que ele era bem conhecido por ali e as pessoas me avaliavam dos pés à cabeça.

As inúmeras viagens que fiz com a Fernanda deram-me informações suficientes para saber que aquele bar poderia ser LGBT.

Tentei não dar uma importância ao garçom que nos atendeu, que se referia a mim como boy magia a todo o momento, nem ao sorrisinho maroto de Eduardo em minha direção.

Eduardo começou a me falar de como foram as semanas em que estive fora. Aparentemente, Bruna foi afastada por alguns dias por conta de um atestado médico. Mas Eduardo não sabia o motivo. "Não sabe ou não quer contar?", questionei e seu rosto vermelho não precisava de mais explicações.

— Tudo bem, Eduardo...

— Duda, por favor...

— Tudo bem, Duda. Você disse que queria conversar sobre a Bruna. Mas até agora você não me deu nenhuma informação que me fizesse entender o comportamento dela.

— Desculpe-me, Pedro. Eu nem deveria estar te contando sobre o atestado médico ou as folgas que ela pegou. Mas eu entendo o que ela está passando, mesmo que ela não tenha me falado nada. Tem certas coisas que eu sei o que é por já ter passado por isso.

— Então me diga o que é, Duda, por favor. Eu quero entender.

— Ela irá te contar, Pedro. Tenho certeza. Só te peço para ter paciência e ouvir tudo antes de tomar qualquer decisão.

Meu melhor AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora