Liguei meu celular assim que desembarcamos em Londres, com a esperança de receber uma mensagem de Bruna. Mas isso não aconteceu. E quando saímos da área de embarque, liguei para ela. Não sei o porquê de ela não querer falar comigo.
Ainda bem que havia muito trabalho nos esperando, caso contrário, eu piraria.
Ainda não entendi o que aconteceu para Bruna agir daquela forma. Nós finalmente nos entregamos aos nossos sentimentos e nos amamos. Antes de dormir ela sorria, parecendo feliz.
Mas algo mudou e sentia que a culpa fora minha. O que tinha feito a ela? Isso eu já não sabia. A culpa de ter feito algo, mesmo sem saber o que fora, me corroía.
Consegui relaxar um pouco depois que falei com ela. Só depois disso é que consegui aproveitar um pouco da viagem.
Fui a bares e restaurantes com a Fernanda e o pessoal da empresa. Mas não tinha ânimo para baladas e boates. Preferia voltar para o hotel e, apesar de eu insistir para ela ficar, Fernanda sempre voltava comigo.
As sete semanas terminaram e embarcamos para o Brasil na sexta-feira à noite. A previsão de chegada era para as dezesseis horas e Bruna disse que nos esperaria no aeroporto. A viagem foi cheia de ansiedade e expectativas.
Ao sair da área de embarque, procurei por Bruna em vão. Era Eduardo quem nos esperava. Um enorme e carinhoso sorriso surgiu em Eduardo quando me viu. Eu tentei disfarçar a decepção por não ser a Bruna e forcei um sorriso.
Ele deixou a Fernanda em seu apartamento e seguiríamos para o meu quando ele me disse que gostaria de conversar comigo e se poderíamos ir em algum lugar.
— Sobre o que você quer conversar? Indaguei sem muita paciência.
— Sobre a Bruna.
Ele sabia que este assunto chamaria minha atenção.
— Certo, vamos em algum lugar que serve um bom lanche.
Ao chegarmos na lanchonete escolhida por Eduardo, percebi que ele era bem conhecido por ali e as pessoas me avaliavam dos pés à cabeça.
As inúmeras viagens que fiz com a Fernanda deram-me informações suficientes para saber que aquele bar poderia ser LGBT.
Tentei não dar uma importância ao garçom que nos atendeu, que se referia a mim como boy magia a todo o momento, nem ao sorrisinho maroto de Eduardo em minha direção.
Eduardo começou a me falar de como foram as semanas em que estive fora. Aparentemente, Bruna foi afastada por alguns dias por conta de um atestado médico. Mas Eduardo não sabia o motivo. "Não sabe ou não quer contar?", questionei e seu rosto vermelho não precisava de mais explicações.
— Tudo bem, Eduardo...
— Duda, por favor...
— Tudo bem, Duda. Você disse que queria conversar sobre a Bruna. Mas até agora você não me deu nenhuma informação que me fizesse entender o comportamento dela.
— Desculpe-me, Pedro. Eu nem deveria estar te contando sobre o atestado médico ou as folgas que ela pegou. Mas eu entendo o que ela está passando, mesmo que ela não tenha me falado nada. Tem certas coisas que eu sei o que é por já ter passado por isso.
— Então me diga o que é, Duda, por favor. Eu quero entender.
— Ela irá te contar, Pedro. Tenho certeza. Só te peço para ter paciência e ouvir tudo antes de tomar qualquer decisão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu melhor Amigo
RomancePode uma amizade nascida na infância sobreviver após 15 anos de afastamento? Será que os sentimentos ainda serão os mesmos quando se reencontrarem?