Prólogo

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Prólogo

"Danças&Amores"

Samantha, em seus dezoito anos, finalmente decidiu seguir um dos planos do namorado e ir numa balada nova na cidade no seu aniversário. Claro que fora difícil convencer a ruiva, afinal, ela não era muito de sair, preferia mil vezes ficar em casa do que passar um tempo num lugar apertado, cheio de gente e com música alta, mas com seu jeitinho e algumas promessas, acabou que Enzo conseguiu mudar a mente dela sobre o lugar.

Então, no momento, a menina terminava de passar o batom vermelho, a maquiagem estava pronta, sorria ao se olhar no espelho e, pela primeira vez naquele mês, estava animada para fazer alguma coisa. O vestido que havia escolhido era azul escuro, era rodado e não apertava tanto quanto os outros do armário, tinha um corte triangular nas costas e alguns enfeites de renda. Já o salto era puxado para o roxo, não era tão grande e nem chegava a ser agulha, perfeito para ela conseguir se equilibrar, afinal, não era sempre que ela saia de casa. Os cabelos longos, que geralmente batiam acima da cintura, estavam presos numa trança de lado.

Olhou para o irmão que estava parado na porta.— Como estou? — Disse ela, dando uma última olhada no espelho.

— Bonita, quer dizer, você sempre está bonita, não quero dizer que você é feia ou alguma coisa assim, só... Uau — O garoto de treze anos a observava admirado, apesar de estar um pouco nervoso, nunca havia visto a sua irmã tão arrumada, de fato estava encantado. Estaca feliz com o fato de que seu novo namorado a tratava tão bem e tinha conseguido fazer ela largar das calças de moletom por pelo menos um dia. Orgulhoso, sorriu para ela, mas logo saiu, era a deixa para sua mãe entrar.

Ana era tão linda quanto a filha, ruiva e com uma pele clara, ainda tinha traços joviais, já que havia tido a primeira gravidez ainda quando nova. Arrumou um fio de cabelo que caia no rosto da mesma e beijou sua testa com cuidado, limpando os ombros e olhando o vestido animada. Lembrou-se da primeira vez que saiu com os amigos, era como olhar um espelho e ao ver a animação nos olhos na filha, suspirou.

— Você está linda. — Disse, dando uma última olhada na maquiagem da outra e limpando um pequeno pedaço de batom que estava fora da linha, rindo baixo e se afastando. — Não exagere na bebida, use camisinha e se não for voltar para casa me mande uma mensagem imediatamente.

Samantha acabou por rir do que a sua mãe havia dito, confirmando levemente com a cabeça e pegando sua pequena bolsa, - dentro dela tinha coisas básicas como celular e um batom para retocar, além de uma carteira com o dinheiro que iria usar naquela noite. Quando saiu do quarto, se deparou com Gabriela, que estava espiando toda a bagunça no quarto da outra, a menina tinha cinco anos e já dava mais trabalho do que os outros três haviam dado. Ao perceber que fora descoberta, riu serelepe e correu de volta para o próprio quarto, com um sorriso travesso e o rosto corado.

Desceu as escadas sem se importar muito com a outra, poderia falar com ela depois, indo encontrar com o namorado que estava sentado na sala, ele vestia uma calça jeans, uma camiseta branca sem estampa e uma jaqueta de couro. Os cabelos loiros bagunçados de uma forma despreocupada e, por incrível que pareça, esse último não fora proposital, sexy.

Saíram da casa, indo para o carro estacionado na frente da mesma, onde mais um amigo seu estava esperando lá dentro. Quando a ruiva sentou no banco de couro colocou o cinto e esperou Enzo entrar no passageiro, deixou a bolsa de lado e esticou o braço para agarrar sua mão, apertando-a de leve num sinal de confiança, antes de voltar a encostar as costas no banco e se debruçar na janela.

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A noite poderia ter sido descrita como a melhor de sua vida até aquele momento, além de se divertir com os seus dois melhores amigos, um deles sendo seu namorado, também acabou experimentado algumas bebidas que nunca nem ouviu falar,acabando por desrespeitar as ordens de sua mãe. A parte ruim é que eles não ficaram lá o tempo que fora planejado, infelizmente já que o lugar nem era tão ruim assim, as luzes e o cheiro de bebida já estavam começando começando a irritar Samantha, além de que se bebessem mais não iriam nem conseguir voltar para casa, fora isso a noite poderia ser descrita como perfeita.

O casal estava sentado no banco de trás, jogando conversa fora sobre as luzes da rua e até mesmo as placas brilhantes de alguns estabelecimentos, riam e faziam piadas, estavam se divertindo até mesmo com os outdoors que viam pela janela, o sorriso não saia de seus rostos. As mãos estavam entrelaçadas, muitas vezes um dos dois sentia um aperto ou até mesmo um carinho, demonstrações pequenas daquele grande romance.

Enzo acariciou a bochecha da garota, desarrumado mais ainda o penteado da mesma, mas aquilo não importava no momento. Colocou uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha e selou rapidamente os seus lábios avermelhados. O loiro bocejou, a barriga estava doendo e já estava com sono, resolveu então se ajeitar no colo da menina e encostar a cabeça levemente nas suas coxas, fechando os olhos logo depois. Os lábios se moveram rapidamente num pedido silencioso para que a outra o deixasse dormir ali, um pedido que fora aceito rapidamente e logo suas mãos frias estavam acariciando os fios dourados.

A viagem de volta para a casa dos Castillo estava tranquila, uma música na rádio tocava num som baixo, mas os suficiente para que o motorista da vez batesse os dedos no volante conforme o ritmo. Abel era quem dirigia, fora junto com os dois por ter fama de não beber tanto - e, é claro, ser melhor amigo dos dois, porém acabou se divertindo mais do que o esperado, apesar de no começo ficar como um candelabro para o casal. O trânsito não estava ruim, haviam poucos carros na pista, então o moreno se permitiu olhar para trás e ver os dois embalados num sono profundo, eles não usavam cinto de segurança e nem iriam, afinal não era tão chato a ponto de acordá-los só para isso. Não era preciso.

Bem, era o que ele pensava.

Fora naquele momento que, enquanto não prestava atenção na rua a sua frente, acabou por não ver que a preferência era do caminhão que estava passando. Colidiu o carro preto com o tal, apesar de ter tentado desviar do mesmo. A primeira coisa que sentiu foi um grande impacto que o fez jogar o corpo para frente junto com o de Samantha que bateu no banco do passageiro. Acabou por acordar e tentar, num ato de desespero, se segurar em alguma coisa que sentisse sua mão tocar, mas não fora o suficiente.

Sua visão havia ficado escura e não conseguia mais distinguir os sons do ambiente por conta de um chiado em seu ouvido, era como um apito que não parava de tocar, não sabia mais nada sobre o que acontecia ao seu redor.

Havia experimentado o gosto do desespero e do próprio medo, a sua respiração estava irregular e não demorou muito para que estivesse inconsciente. Apesar de não notar naquele momento, sabia que em menos de um minuto toda a sua vida fora por água abaixo.

E essa é uma sensação que ninguém gostaria de experimentar.

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