Há momentos na vida que tudo para.
A Terra e hesita, atmosfera se aquieta, o tempo encolhe e se dobra sobre si mesmo até desabar em uma grande pilha exausta.
Quando abri a pequena porta de madeira da riad, a pousada onde Jennika e eu nos hospedamos nas últimas semanas, trocando o silêncio do pátio com cheiro de rosa e madressilva pelo caos do labirinto serpenteante da medida, a parte velha da cidade, aconteceu novamente.
Mas, em vez de mimetizar a quietude, como normalmente costumo fazer, decido seguir com ela e tentar algo divertido.
Seguindo o caminho ao longo de paredes cor de salmão ligadas umas às outras, passo por um homem pequeno e magro, estático na meia passada, pressiono os dedos contra o suave algodão branco de sua túnica longa, a gandora, e giro seu corpo gentilmente até deixá-lo de frente para o outro lado. Então, depois de me esquivar por baixo de um gato sarnento preto que, parado no pulo, parecia estar voando, paro na esquina onde levo um momento para rearranjar o mostruário de lanternas de latão que um velho está vendendo, antes de seguir até à barraca seguinte, onde coloco um brilhante par azul do típico calçado marroquino, as pontudas babouches,decido que gosto delas e deixo minhas velhas sandálias de couro juntamente com um punhado de notas amassadas do dinheiro local, o dirham, como pagamento.
Meus olhos queimam com o esforço de mantê-los abertos, sabendo que, no instante em que piscar, o homem vestido com a gandora estará um passo mais distante de seu destino, que o gato aterrissará em seu alvo e que os dois vendedores olharão seus produtos em total confusão - a cena retornará ao seu perpétuo caos.
Mas, quando noto as pessoas brilhantes pairando na periferia, me estudando do jeito cuidadoso que elas fazem, fecho os olhos com força e bloqueio a visão delas. Espero que desta vez, bem como em todas as outras, elas desapareçam também. Que voltem para onde quer que ficam quando não estão me observando.
Eu costumava pensar em todo mundo experimentava momentos assim, até que um dia confidenciei para Jennika, que me voltou com o olhar cético e culpou o desconforto causado pela diferença de fuso horário, o jet lag.
Jennika culpava o jet lag por tudo.
Insistiu que o tempo não pára para ninguém - que é nosso trabalho seguir sua marcha frenética. Mas, mesmo então, eu sabia que não é que não era assim - passara minha vida inteira cruzando zonas temporais, e o que eu experimentava não tinha nada a ver com um relógio biológico maluco.
Mesmo assim, tomei cuidado em não mencionar isso novamente. Apenas esperei calma e pacientemente, desejando que o momento retornasse logo.
E tornou.
Nos últimos anos, eles aumentaram de maneira lenta, até que ultimamente, desde que chegamos ao Marrocos, estou tendo uma média de três por semana.
Um rapaz a minha idade passa, o ombro batendo de propósito no meu, os olhos escuros me olhando de soslaio, de um modo que me faz lembrar de arrumar o lenço de seda azul para cobrir melhor os cabelos. Dobro uma esquina, ansiosa para chegar bem antes de Vane e apreciar a Jemaa-el-Fna ao anoitecer. Chegando à praça, sou confrontada por uma longa fileira de grelhas a céu aberto, assando cabras, pombos e outras carnes desconhecidas, as peles tostadas rodando em espetos, soltando nuvens de fumaça temperada no ar... A calma hipnótica do encantador de serpentes emana de um homem sentado com pernas cruzadas sobre grossos tapetes lã, tocando o seu pungi enquanto cobras com olhar vidrado se erguem diante dele... Tudo isso acompanhado pelo pulsar fascinante dos tambores gnaoua, que tocam continualmente ao fundo - a trilha sonora de ressurreição noturna de uma praça encantada que retorna à vida.
Respiro profundamente, saboreando a inebriante misturas de óleos exóticos e Jasmin, lanço um derradeiro olhar ao redor, sabendo que esta será uma das últimas vezes que verei a praça dessa maneira. As gravações vão acabar em breve, e Jennika e eu estaremos e livres para qualquer filme e qualquer locação que exija os serviços de uma maquiadora premiada. Quem sabe se voltaremos algum dia ?
Sigo meu caminho em direção ao primeiro carrinho de comida, aquele ao lado do encantador de serpentes, onde Vane espera, e roubo um punhado de segundos vitais para esmagar aquela pontada chata de fraqueza que acerta minhas entranhas toda vez que eu vejo - toda vez que reparo em seu cabelo loiro cor de areia desgrenhado, em seus profundos olhos azuis e nos lábios suavemente curvados.
Otária!, penso, sacudindo a cabeça, e completo: Tonta!.
Como se eu já não soubesse. Como se não soubesse as regras.
A chave é nunca se envolver - nunca permitir me importar. Apenas focar no divertimento, e nunca olhar para trás quando eu for hora de seguir em frente.
O belo rosto de Vane, como todos os outros belos rostos antes dele, pertence a sua legião de fãs. Ninguém com aquele rosto jamais me pertenceu - e nunca permanecerá.
Tendo crescido em sets de filmagems desde que tinha idade bastante para Jennika me carregar nas costas num porta- bebê, desempenhei o papel de filha dê uma ajuda da equipe vezes sem fim: Fique quieta, fique fora do caminho, dê uma ajuda quando pedirem e nunca confunda relacionamento do set de filmagem com coisas reais.
O fato de ter ligado com celebridades a vida inteira me deixou um pouco impressionável, o que, provavelmente, é a razão número um para que elas gostem de mim tão rápido. Quero dizer, apesar de eu ser agradável de se olhar - alta, magra, longos cabelos escuros, pele bonita e brilhantes olhos verdes sobre os quais as pessoas gostam de comentar -, sou bonita o suficiente para uma garota-padrão. Mas nunca me descomponha quando encontro alguém famoso. Nunca fico corada, sentimental ou insegura. E a questão é que eles estão tão pouco acostumados com isso que, em geral, terminam se aproximando de mim.
Meu primeiro beijo foi em uma praia no Rio de Janeiro, com o garoto que acabara de ganhar o prêmio da MTV de " melhor beijo " (é vidente que nenhum daqueles que votaram o beijou realmente). Meu segundo foi no Pont-Neuf, em Paris, com um garoto que acabara de ser capa da Vanity Fair. E apesar de serem mais ricos, mais famosos e mais perseguidos pelos paparazzis, nossas vidas não são tão diferentes assim.
Em geral são transitórios - passando por suas próprias vidas, como estou passando pela minha. Mudando de um lugar para outro, de amizade em amizade, de relacionamento em relacionamento, esta é a única vida que conheço.
É difícil formar uma conexão duradoura quando seu endereço fixo é uma caixa postal de vinte centímetros na agência dos correios.
Mesmo assim, conforme me aproximo centímetros após centímetros, não posso evitar o jeito com que minha respiração falha, ou o jeito com que meu íntimo palpita e se agita. E, quando ele vira, me iluminando com aquele sorriso lento e lânguido que o tornou mundialmente famoso, seus olhos se encontrarando com os meus quando diz " Ei Daire Feliz dezesseis anos", não posso deixar de pensar nos milhares de garotas que fariam qualquer coisa para estar em minhas pontudas babouches azuis.
Devolvo o sorriso, faço um breve aceno com a mão e a enterro no bolso lateral da jaqueta militar verde-oliva que sempre visto. Finjo não notar o jeito como o olhar dele perambula sobre mim, desviando dos meus cabelos castanhos, que saem pelo lenço e chegam a cintura, para a blusa manchada sob a jaqueta, passando pelo jeans apertado escuro, descendo até as novas sandálias que tenho nos pés.
- Bonitas.- Coloca o pé ao lado do meu, fornecendo uma visão do mesmo sapato na versão ele-e-ela. Ri quando completa: - Talvez possamos começar um novo negócio quando voltarmos para os Estados Unidos. O que você acha ?
Nós.
Não a nós.
Eu sei. Ele sabe. E me incomoda que ele tenta fingir outra coisa.
As câmeras pararam de funcionar há horas, e ele ainda está aqui, ainda desempenhando um papel. Atuando como se nosso breve envolvimento significasse algo mais.
Atuando como seu nós realmente não fosse terminar antes mesmo que nossos passaportes recebessem o carimbo de retorno.
E isso é o suficiente para que aqueles irritantes e suave sentimentos femininos desapareçam tão rápidamente quanto uma chama na chuva. Permitindo que a Daire que conheço, a Daire que me aperfeiçoara em ser, se colocasse em seu lugar.
-Duvido. - Sorrio maliciosamente, chutando o sapato dele com meu. Com um pouco mais de força do que que seria necessário, mas chuto novamente, ele merece por pensar que sou tonta o bastante para cair naquele teatrinho. - Então, o que me diz ? Vamos comer ? Estou morrendo de vontade de comer um daqueles espetinhos de carne, talvez um de linguiça também. Ah, e algumas fritas seria bom.
Me viro para as barracas de comida, mas Vane tem outra ideia. Sua mão alcança a minha, nossos dedos se entrelaçam até ficarem bem apertados.
- Em um minuto - ele diz, puxando-me tão perto que meu quadril se choca contra o dele. - Pensei que pudéssemos fazer algo especial... para comemorar seu aniversário e tudo mais. O que acha de fazermos tatuagens combinando?
Fico de boca aberta. Certamente ele está brincando.
Tá, você sabe, mehndi. Nada permanente. Mesmo assim, pensei que pudesse ser legal. - Ele levanta a sobrancelha, marca registrada Vane Wick, e tenho que lutar para não franzir o cenho em resposta.
Nada permanente. Essa é minha canção tema - meu lema de vida, se preferir. Mesmo assim, mehndi não é o mesmo que siga em frente. Tem seu próprio tempo de vida. Algo que durará muito depois que o jato particular, pago pelo estúdio, levar Vane bem alto no céu e para fora da minha vida.
Mas não menciono nada disso, e apenas digo:
- Você sabe que o diretor o matará se aparecer no set amanhã coberto de hena.
Vane deu de ombros. Deu de ombros de um jeito que já vi muitas vezes, em muitos jovens atores antes dele. Ele está totalmente no modo "estrela poderosa". Pensa ser indispensável. Acha que é o único cara de dezessete anos com um toque de talento, pele dourada, cabelo loiro ondulado e olhos azuis penetrantes que conseguem iluminar uma tela e fazer garotas (e a maioria das mães delas) desmaiarem. É um jeito perigoso de ver a si mesmo - especialmente quando sua vida é em Hollywood. E o tipo de pensamento que leva direito para passagens múltiplas por reabilitações, reality show inúteis de TV, memórias desesperadas escritas por outras pessoas e filmes de baixo orçamento que saem direto em DVD.
Mesmo assim, quando ele puxou meu braço, não cheguei a protestar. Segui-o até a velha vestida de negro sentada em uma esteira de tecido bege com uma pilha de sacos de hena no colo.
Vane negocia o preço, enquanto e me sento diante dela e ofereço as mãos. Observo-a cortar o canto de um dos sacos e espremer uma série de linhas onduladas sobre minha pele, sem nem pensar em me consultar sobre o tipo de desenho que posso querer. Mas eu não tinha nada em mente mesmo. Apenas me inclino sobre Vane, que está ajoelhado ao meu lado, e a deixo fazer seu trabalho.
- Você deve deixar a cor agir o máximo de tempo possível. Quanto mais escura é a mancha, mais ele ama você - ela diz, tentando falar no nosso idioma de um jeito travado, mas a mensagem é clara. E enfatizada pelo olhar significativo que dá para Vane e para mim.
- Ah, não estamos... - Começo a dizer Não estamos apaixonados!, mas Vane me interrompe rapidamente.
Deslizando um braço ao redor do meus ombros, ele pressiona os lábios contra meu rosto, dando á velha o tipo de sorriso que a encoraja a sorrir de volta, em um impressionante exibição de alguns dentes cinzentos e outros faltando. As ações dele me deixam a atônita; fico sentada muda, com o rosto quente, as mãos sujas e uma jovem estrela em ascensão apoiada em minhas costas.
Sem nunca ter me apaixonado, admito que diferentemente não estou experiente no assunto. Não tenho ideia de como deve ser.
Mas tenho certeza de que não é assim.
Tenho certeza absoluta de que Vane apenas assumiu outro papel principal - atuando como meu amante arrojado, apenas para agradar esta marroquina estranha que nunca veremos novamente.
Ainda assim, Vane um ator, e a audiência é audiência - não importa quão pequena seja.
Assim que minhas mãos estão cobertas com arabescos elaborados, a velha me lembra de deixar a tinta se fixar enquanto começa a trabalhar no pé de Vane. Mas, quando ela volta a atenção para ele, uso a ponta da unha para raspar pequenos pedaços.
É impossível deixar de sorrir quando vejo a pasta se soltar em um pó que cai e se mistura com a terra.
É bobagem, eu sei, mas não posso correr o risco de que a menor parte do que ela disse se torne verdade. O filme logo estará terminando, Vane e eu seguimos caminhos separados, e me apaixonar não é uma opção que eu posso encarar.
Com as mãos e pés totalmente desenhados, seguimos pelo cumprido caminho de grelhas, devorando cinco espetinhos de carne e linguiça, uma pilha de fritas e duas Fantas, antes de vagar sem rumo pelo circo noturno da praça, que inclui encantadores de serpentes, acrobatas, malabaristas, adivinhos, curandeiros, treinadores de macacos e músicos. Há até mesmo uma mulher que remove os dentes negros apodrecidos de uma velha, espetáculo que assistimos horrorizado fascínio.
Com os braços um ao redor da cintura do outro, quadris se tocando a cada passo, a respiração de Vane brinca com a curva de minha orelha quando ele tira uma mini-garrafa de vodka do bolso e me oferece um gole.
Balanço a cabeça. Afasto a garrafa. Em outro lugar, talvez entrasse no jogo, mas Marrakesh é diferente, misteriosa e até um pouco assustadora. Sem mencionar que não tenho ideia de como são as leis locais e, embora esteja apenas supondo que sejam restritas, a última coisa que preciso é terminar em uma cadeira marroquina por beber sem ter idade mínima para tanto.
É a última coisa de que Vane precisa também, mas ele não parece se importar.
Apenas sorri, tira a tampa e toma alguns goles antes de guardar garrafa no bolso novamente e me puxar para um escuro beco abandonado.
Tropeço. Olho de soslaio. Seguro a parede enquanto luto para achar o caminho.
Firmada pelo calor das mãos dele em minha cintura, e pela reconfortante frase que vem à minha mente - Aquela que Jennika usava para me fazer desistir da luz noturna quando eu era criança:
- Você precisa ser ajustar a escuridão para que a luz possa encontrar-lá.
Ele empurra o lenço da minha cabeça, deixando-o cair ao redor do meu pescoço, enquanto seu rosto se aproxima tanto que tudo o que realmente consigo ver são seus profundos olhos azuis, e os lábios mais perfeitos que se separam e rapidamente procuram os meus.
Mergulho no beijo, provando ligeiros traços de vodka em sua língua, enquanto minhas mãos exploram seu peito musculoso, a curva tensa de seus ombros, a mandíbula macia. Meus dedos se entranham em seu cabelo sedoso, enquanto ele desliza a mão sobre minha jaqueta - sobre minha blusa -, buscando, descobrindo, levando cada vez mais o tecido enquanto faz seu caminho para cima.
Nossos corpos se fundem quadris emaranhados, lábios esmagados. O beijo se torna tão quente, tão urgente que minha respiração fica irregular, muito rápido, enquanto o meu corpo incendeia como um fósforo recém riscado.
Delirante com a sensação dele, com calor dele, com a promessa dele, me rendo ao movimento de seus dedos dentro do meu sutiã - circulando, puxando, enquanto meus próprios dedos seguem para baixo. Vasculio seu abdômen bem definido, cada vez mais para baixo até a linha da cintura cintura. Pronta para me aventurar por lugares que ainda tenho que explorar, quando ele se afasta, sua voz não mais do que um sussurro, e diz:
- Vem, eu conheço um lugar. - As palavras saem com dificuldade, os olhos úmidos, enquanto lutamos para recuperar o fôlego, lutamos para continuar apertados e reivindicamos mais um beijo. - É sério. Não posso acreditar que não pensei nisso antes. Vai ser épico. Vem comigo! - Ele pega minha mão e me puxa para fora da escuridão, de volta à praça vivamente brilhante.
No começo, vou de boa vontade, preparada para segui-lo a qualquer lugar. Mas não demora muito até que seja seduzida pelo som ritmado que pulsa incessante - a batida atraente, que quase leva ao transe, do tambor gnaoua.
- Daire, vem, é por aqui. O que foi ? - Ele frange o cenho, as sombrancelhas erguidas em confusão, quando solta sua mão e sigo em frente, sem me importar em verificar se ele está me seguindo, sem me importar com nada mais que não seja localizar a fonte daquela batida.
Me espremo através da multidão compacta até que chega diante dele - minha cabeça repleta do ritmo hipnótico daquele tambor de couro vermelho, meus olhos nadando no brilho da seda carmesim, das moedas de ouro e em um rosto cuidadosamente coberto, que não revela nada além de um itendo par de olhos escuros circundado de cajal.
- É um cara... um travesti! - Vane se coloca ao meu lado, hipnotizado pela visão do homem vestido de túnica; com as mãos para cima com címbalos dourados que tilintam, o corpo se contorcendo de modo selvagem.
Mas isto é tudo o que Vane vê.
Ele não vê o que eu vejo.
Não vê o jeito como tudo para.
Não vê o jeito como a atmosfera muda - ficando mais reluzente, nebulosa, como se estivesse olhando através de vidro iridescente.
Não vê o jeito como os brilhantes aparecem - pairando ao longo do perímetro.
Não vê o jeito como eles acenam para mim - pedindo que me junte a eles. Apenas eu posso ver isso.
Mesmo depois de piscar várias vezes, tentando fazer a cena voltar ao normal, não adianta. Não são apenas eles que estão ali, mas agora trouxeram amigos.
Corvos.
Milhares e milhares de curvas que lotam a praça. Pousam no tambor, da dançarina do ventre travestida - subindo, mergulhando e pousando ao seu bel-prazer -, transformando a praça outrora vibrante em um campo de olhos escuros e redondos que me observam implacavelmente.
As pessoas brilham rastejam para a frente - braços estendidos, dedos tentando agarrar algo -, pisando nos corvos até transformá-los em uma confusão de pedaços negros ensanguentados.
E não há nada que eu possa fazer para deter o avanço deles - nada que eu possa fazer para convencer o tempo a seguir adiante novamente.
Então, faço a única coisa que posso fazer - eu corro.
Penetrando na multidão, empurrando, berrando, pressionando, gritando para qualquer um que saia do meu caminho. Vagamente consistente de Vane correndo atrás de mim - seus dedos me agarrando, me puxando contra seu peito, pedindo que eu pare, que me vire, que não tenha medo.
Meu corpo relaxa aliviado quando levanto o rosto para encará-lo. Me pergunto como explicar o súbito ataque de loucura. Agora que tudo voltou ao normal novamente, mas olha de relance sobre seu ombro e descubro que os corvos foram substituídos por algo muito pior - milhares de cabeças cortadas e ensanguentadas, enfiadas em espetos que enchem a praça.
Suas horríveis bocas estão escancaradas em um coro terrível que chama meu nome - instando-me a ouvir, a escutar sua advertência, antes que seja tarde demais.
Uma voz em particular se ergue no meio das demais, a terrível face maltratada estranhamente semelhante a uma antiga foto amassada que conheço muito bem.
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Sonhos
Mystery / ThrillerCoisas estranhas estão acontecendo com Daire Santos. Corvos, zombam dela, pessoas brilhantes a persegue, o tempo para sem avisar, e um belo garoto com sublimes olhos azuis assombra todos os seus sonhos. Temendo pela sanidade da filha, a mãe de Dai...