jikook | oneshot | ended
Naquela idade, crianças normalmente faziam uma fila na frente dos professores, como uma brincadeira, para testar suas diversas magias pedindo algo que mais gostaria de ter no momento. Oras, Jeon, por que todos os seus qu...
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Jeon achava aquilo tudo ridículo. Por que eu não posso ir pra casa em vez de ver as coisas idiotas que as pessoas pedem?
Ele odiava quando a o colocavam no meio da fila, na frente de Jimin, enquanto o mesmo brincava distraidamente com seus fios de cabelo. É claro que as mãos do outro eram macias e gostosas de sentir mas poxa, justo no dia que ia passar seu desenho favorito no canal sete?
Ele não queria pedir nada, sabia que a maioria dos alunos dali pensavam em coisas de última hora apenas para impressionar os professores com a ambiguidade de suas magias.
Mas Jeon pedia sempre a mesma coisa, pois almejava aquilo por seus longos quatorze anos.
Jimin.
Aquilo tinha sempre um efeito contrário; toda a vez que algum aluno pedia por uma outra pessoa, os dois - o querente e o querido - sentiam-se como se tivessem levado vários tapas na cabeça.
Dizia a lenda de que uma deusa do amor irritadiça não podia evitar daquilo, eles eram fofos demais em seus pedidos! E oras, ninguém nunca a tinha pedido de jeito nenhum!
Até porque ela é uma deusa, mas enfim.
Aquele lugar assemelhava-se com sorvete de iogurte. Sempre estava calmo, pensante, enquanto saboreia o gostinho doce usando quase toda a sua boca quando é surpreendido por uma cereja, que é parcialmente mais doce que o resto do sorvete, então você não sente o gosto do mesmo por algumas colheradas.
Park Jimin era uma cereja e Jeon odiava cerejas com todo o seu coração.
Apesar de que, sim, ele adorava seu sorvete de iogurte. Então, se Park Jimin é uma cereja, ele faz parte do sorvete de Jeon. Ou era assim que a metáfora dele fazia sentido em sua cabeça.
Não se engane, ele adorava Park Jimin. Tanto que eram melhores amigos.
Apenas não podia evitar de relaxar quando o menor mexia em seu cabelo, ou rir quando ele tropeçava, ou então, sorrir de forma boba apenas de sentir os olhos do menor o encarando.
Era óbvio o que acontecia ali até mesmo para si, ele não era um tonto.
Jeon pedia por Jimin, num sussurro - que talvez fosse escutado toda vez, ele não tinha certeza - para o seu professor, que sorria e acariciava seus cabelos de leve.
A tapa de uma deusa era forte e Jimin praticamente gritava toda semana, pois era toda semana que os pedidos aconteciam. Jeon mordia os lábios, fingindo que nada acontecia enquanto tentava não rir de Jimin e também, desvencilhar-se da dor que aquela maldita mão pesada da deusa havia causado.
Oras, Jimin também não era tonto.
Nas primeiras vezes que aquilo acontecia, sempre achava que era alguém de outra sala e isso o assustava ao extremo. Andava com os braços cruzados nos de Jeon, suspirando apenas por não ouvir nenhuma reclamação, até que a outra semana chegasse e o ciclo se repetisse.
Mas então, ele percebeu como Jeon sussurrava seu pedido - algo que nenhum aluno dali fazia, pois eles gritavam demais - e como suas orelhas avermelhavam depois do mesmo, como se realmente tivesse levado uma pancada extrema nelas.
Seus olhos sempre acompanhavam enquanto Jeon saia de sua frente e se sentava em sua carteira, empurrando seu estojo para que coubesse direito, enquanto mordia os lábios de forma frenética.
Não, Jimin não era um tonto.
Apesar de ser o garoto que encheu a sala de ursinhos e pinhatas durante um de seus pedidos, não, ele não era tão idiota assim.
Por isso, enquanto olhava Jeon sair de sua frente, sibilou o nome de Jeon de forma que apenas o professor entendesse. Esse que riu, assim que os dois garotos seguraram suas cabeças em uma dor intensa.
Dizem que a segunda vez é sempre pior; ou seria isso melhor?
A sala toda se encheu de gritos eufóricos, enquanto os dois estavam parados tentando recobrar suas consciências abatidas.
Seu sorriso pôde apenas crescer quando viu o rosto de Jeon avermelhar, viu-o pegar em sua mochila e sair da sala assim que o professor lhe deu permissão. Jimin saiu correndo atrás, claro.
Puxou-o pelo braço, com um sorriso de orelha a orelha. Claro que sentiu esse sorriso sumir de seu rosto em conta de segundos, logo, sentindo-se esquentar de forma descomunal.
Jeon o encarava com seus olhos arregalados, enquanto suas bochechas tinham uma coloração semelhante com a de Jimin. Esse que abriu a boca, mas conseguiu apenas manter-se calado.
O moreno empurrou-o levemente com as pontas dos dedos, fazendo-o se escorar sobre a janela de vidro do portão. Apoiou sua cabeça sobre os ombros do rosado, suas mãos dedilhando sua blusa escolar como se estivesse com medo de o abraçar.
Jimin respirou fundo, até mais do que pensava que poderia, e levou suas mãos até os cabelos escuros do moreno. Abaixou seu rosto, ao ponto que seus lábios roçavam na orelha do maior, e inspirou o perfume doce que o mais novo exalava.
- Jimin, o que você está fazendo comigo?
O rosado soltou um riso baixo e pediu para que Jeon levantasse seu rosto, em um sussurro quase inaudível. Seus olhos se encontraram com os do maior e por alguns segundos, Jimin perdeu total noção do que estava fazendo.
Jeon sorriu involuntariamente, enquanto Jimin passava seus braços pelo pescoço do mesmo. Puxou-o para mais perto de forma brusca, acabando por assustá-lo e em seguida, roçando seu lábios uns nos outros.
Jimin fechou seus olhos imediatamente, Jeon pendeu sua cabeça para frente e acabou com o espaço que atrapalhava os dois. Suas respirações pareciam ter se misturado, seus dedos curiosos investigavam os cabelos um do outro.
Oras, Jimin gostava daquilo.
Ele não se arrependia. Magoado, mais especificamente para sua cabeça, ele apertou-se mais ainda naquele espaço que não tinham. Espaço esse que fora aberto bruscamente, assim que ouviram a porta da sala abrir mais uma vez.
Com as bochechas rosadas e lábios inchados, Jimin soltou um riso enquanto era puxado ás pressas para longe da inspetora. Pararam apenas do outro lado da calçada, deixando seus pés se acostumarem-se com as passadas fortes que davam.
Seu rosto fora envolvido inúmeras vezes pelas mãos carinhosas do moreno naquela tarde, seus lábios se tocando vagarosamente como se o tempo não pudesse os interromper de forma alguma.
Como diriam os poucos; pedido feito, pedido atendido.
