Liberdade Liberdade

O Cabaré

No primeiro momento Vidinha se assusta mas já passa da cadeira para a perna de Raposo fazendo carinho em sua barba, deixando os rostos bem próximos.

Raposo: porque veio aqui ?

Vidinha: eu não sei

Raposo: a resposta é uma só menina

Raposo segura o pescoço de Vidinha enquanto sente o perfume dela.

Vidinha: o senhor quer beber alguma coisa ?

Raposo: ainda não estou com sede, mas vou ficar

Sem pudor Raposo puxa a nuca dela dando um beijo nos lábios de Vidinha.

Vidinha: já deu pra ver que o senhor é bem direto

Raposo: vai pegar uma bebida pra mim

Vidinha: uma garrafa de vinho, aceita ?

Raposo: duas, uma pra mim e outra que você vai beber

Vidinha: não posso, estou trabalhando

Raposo: mas eu quero que me acompanhe

Não tendo jeito Vidinha pega duas garrafas de vinho e coloca na mesa quando Raposo segura sua cintura colocando-a de novo em seu colo, só que de costas.

André: pai olha os seus modos

Raposo: não me tira do sério André

Vidinha: calma Dom Raposo

Raposo: fica quieta...

Sussurra no ouvido de Vidinha enquanto massageia seus seios praticamente descobertos por conta do grande decote do vestido, enquanto ela segura a nuca dele por trás acompanhando os beijos que eram lhe eram dados pelo pescoço.

Vidinha: eu preciso de vinho

Raposo: agora você quer né

Vidinha: de repente me deu sede

Mimi: bebendo em serviço, a madrinha não vai gostar

Vidinha: me erra Mimi

Mimi: abusada

Vidinha: cuida do seu André que eu cuido do Dom Raposo

Raposo gosta da atitude de Vidinha bebendo o vinho da garrafa que estava sobre a mesa, sutilmente coloca suas mãos no quadril dela fazendo-a rebolar lentamente bem por cima do seu membro. Vidinha sente um arrepio e sorri com a ousadia dele tendo vontade de virar o rosto para dar espaço a ele de beijar seu pescoço enquanto a tortura repetindo os movimentos no quadril, deixando Raposo um pouco animado.

Vidinha: acho que alguém resolveu acordar

Raposo: você faz muito bem o seu trabalho

Aos poucos as mãos do fidalgo invadem por debaixo do vestido acariciando as coxas da mulher dando leves apertões, Vidinha fecha os olhos e dá beijos lascivos no pescoço dele, que aprova o carinho íntimo. Nesse tempo a dona do prostíbulo chega no local observando o comportamento de cada uma de suas meninas em relação aos clientes, até chegar perto das mesas e onde estavam André e Raposo que não demora para perceber que está sendo observado pela mulher que conhece por tantos anos e o ajudou na sua fuga à Portugal. Vidinha sai do colo dele quando Raposo se levanta da cadeira e sobe ao quarto da cortesã junto a ela.

Virgínia: Raposo, quanto tempo

Raposo: você continua a mesma

Virgínia: o tempo nos atravessa como uma lança e deixa marcas

Raposo: você não mudou nada Virgínia

Virgínia: quantos anos ?

Raposo: 15, 16...

Virgínia: quantos anos ela tinha ?

Raposo: ah Virgínia, não dá pra tentar mentir pra você

Virgínia: não, não dá não...

Raposo: é, eu acho que ela devia ter seus 7 ou 8 anos quem sabe, o pai nunca registrou

Virgínia: ela se transformou em uma linda mulher

Raposo: é minha filha agora

Virgínia: Joaquina

Raposo: Rosa

Virgínia: Rosa, que lindo nome

Raposo: minha mulher que escolheu

Virgínia: sua mulher, onde está ?

Raposo: morta

Virgínia: lamento, meus pêsames

Raposo: já faz muito tempo, meu filho tinha 2 anos só

Virgínia: quem mais sabe ?

Raposo: minha irmã

Virgínia: Dionísia, e você acha isso seguro ?

Raposo: Virgínia, a Dionísia é uma boa mulher e ama Rosa, jamais desejaria mal a minha filha

Virgínia: a menina se lembra ?

Raposo: claro que sim, viu o pai ser enforcado na frente dela

Virgínia: podre criança, podre mulher

Raposo: podre ? me desafia todo dia

Virgínia: você criou sua imagem e semelhança

Raposo: ela puxou o pai, é sonhadora igual a ele e eu não, eu tenho os pés no chão

Virgínia: Raposo, nossos amigos foram degrenados, muitos morreram no exílio, o pai de Joaquina foi enforcado

Raposo: sim, mas nenhuma sentença pence a cabeça de minha filha

Virgínia: a descendência do Tiradentes foi amaldiçoada

Raposo: Virgínia, ela é minha filha por direito, eu a adotei, ela carrega meu nome

Virgínia: então seus bens entram em questão

Raposo: e você acha se eu me importo com isso ? me importo com a segurança dela

Virgínia: Raposo essa moça é filha do marte da inconfidência, ela é um símbolo vivo, o movimento precisa saber que ela tá aqui

Raposo: movimento ? que besteira é essa ? quando descobrirem o que esse bando de idiotas anda tramando vão terminar na ponta de uma forca

Virgínia: esse bando de idiotas eram todos seus amigos

Raposo: ah Virgínia eu me enganei, você virou uma velha teimosa, uma mula empacada

Virgínia: você tenha respeito comigo

Raposo: por fora continua linda mas por dentro sua burrice chega a feder

Virgínia: Raposo essa é uma das poucas horas da minha vida que eu gostaria de ter nascido homem pra te ensinar uma lição

Raposo: oh chalá você fosse homem, que eu lhe amassava o nariz

Virgínia: oh criatura impossível

Raposo: Virgínia fique longe de minha filha

Virgínia: Joaquina é uma mulher feita, ela pode decidir quem quer ser

Raposo: Rosa...o nome dela é Rosa, e se afaste dela, ou terá em mim um inimigo