Sinopse

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Alguns anos atrás

A garota a frente do espelho não se reconhecia; longe das calças jeans, camisetas largas de banda e All Stars, até parecia mesmo uma menina. A estação era primavera, e o evento: a formatura, o grande, esperado baile de formatura.
A última turma do ensino médio vinha se programando a meses, para o então tal dia. Enfeitado a escola e encarregados da principal e mais humilhante entrega dos convites, que seria dado ao seu par pelos garotos, já as meninas, eram um misto de euforia e ansiedade para com seus parceiros, depois viriam as preocupações com os vestidos, penteados, sapatos e mais coisas de garotas (como havia escutado as irmã Louis falando, em um de nossos almoços), não que eu estivesse interessada mas elas até chegaram a abrir encima da mesa um tal de plano como haviam apelidado "O dia", -bem acho que na verdade todos prestaram atenção, mesmo que não bisbilhotando diretamente, suas vozes eram estridentes como se quisessem mesmo que todos soubessem de tudo aquilo- .
Nem fiz muita questão de pensar nessa festa chata, sabia que logo não iria, e no dia seguinte tudo teria acabado me poupando dessa "asneira de adolescentes", como meu irmão mais novo dizia revirando os olhos.
Minha rotina já era estabelecida à anos, nada me interessava por completo por algo a não ser os estudos. Logo estaria na faculdade no ano seguinte se os resultados dos exames fossem positivos, o que já estava quase confirmado, então deixaria mamãe muito orgulhosa e a meu pai que nunca aparecia, por causa dos negócios, radiante. Estava tudo planejado na minha cabeça como seria a minha vida logo após o término da escola.
Devo estar me questionando; o que diabos eu estou fazendo em um vestido justo e longo, cor de magenta (puxado para o vermelho e o azul, como a vendedora tinha dito). Minha mãe escolherá, dizendo que era bastante bonito, e que eu deveria ao menos tentar experimentar, péssima ideia quando ela o viu em mim, até fingiu se emocionar, dizendo que se lembrava quando tinha a minha idade e aquela lenga lenga toda, para levar ao seu gosto. Ta eu sei que na maioria das vezes ela perde, mas dessa vez deixei ela fazer isto, não estava afim de lhes contar a verdade, no meio daquela loja de vestidos de festas, talvez a magoaria muito mais, se soubesse que não tinha um par a menos de uma semana para o baile.
Depois daquela dia na loja, jurei para mim que tomaria coragem para contar a verdade, na tarde seguinte, o então sonho dela seria estragado e devolveriamos o vestido aquela loja cara, bem fiquei pensando que sim, isso seria o certo. Mas isso não foi preciso, um convite praticamente voou do meu armário quando o abri naquela manhã, ao abrir o envelope carmim, todos no corredor pareceu parar de respirar, tinha um cartão:

Senhorita Crambew. - começava.

Espero que aceite o meu pedido, para ir ao baile de formatura, na próxima semana. Te pego às 19 hrs na porta da sua casa.

O coração pareceu congelar naquele pequenos segundos, e dar um looping de alegria.
Virei o cartaozinho em minhas mãos, a procura do remetente, mas nada havia ali, somente o envelope e o cartão, a minha alegria se esvaiu de imediato, e foi quando a raiva me consumiu, a pessoa era covarde demais para se identificar e só estava brincando com a minha cara, tratei logo de amassa lo e jogar na primeira lata de lixo que passasse, mas ao contar a minha melhor amiga, ela insistiu para que eu fosse e se não aparecesse ninguém pelo menos uma faria companhia a outra durante a noite toda, já que ela não conseguiu um par.
Então estou aqui usando esse vestido, com maquiagem no rosto, cabelos feito em um coque desarrumado, esperando meu, então par que está um minuto atrasado.

                                °°°°°

Dez minutos depois, a campainha toca, mamãe grita do andar de baixo, e meu irmão sobe as escadas correndo, anunciando o que já havia sido dito, o que me faz revirar os olhos, "crianças".
Dou uma última olhada no espelho, tiro os óculos redondos para longe, e corro escada abaixo, com o meu irmão atrás na minha cola, já reclamando algo para a minha mãe.
- Mas, quem disse que ela pode sair à noite, mamãe?
Não presto muita atenção, pois toda a minha atenção esta para a porta da sala que ainda se encontra fechada, contudo ainda consigo entender mamãe, respondendo;
- É o dia dela, querido, hoje ela poderá. A propósito você está linda minha docinho! Disse maravilhada da filha a sua frente, antes que começasse a chorar, deu lhe um beijo na bochecha, sorrindo, e a abraçou.
Como isso era muito mais importante para ela, do que para mim, pude ver em seus olhos.
- Acho muito injusto. -Disse o pequeno e minha mãe tratou o de abraça lo também, este que se esquivou e saiu correndo-.
- Sobre o que filho? Mamãe dizia.
Lanço lhe uma cara feia.
- E o que você sabe de justiça pirralho?
Isso o faz revirar os olhos, como havia feito para ele, em meu quarto.
- Sei, quando o Homem aranha vai atrás dos vilões, e ele joga teias neles...
Suas explicações foram interrompidas, novamente pela campainha. Todos olhamos para a nossa frente, haviamos esquecido da porta, com o nosso momento quase "família", então estava na hora.
Mamãe me olha e manda me esperar, antes de ir, e corre em direção a cozinha. Era eu e a porta, um conflito invisível, de ser aberta ou mante lá fechada, mas meu irmão foi mais rápido na decisão dessa briga, girou a maçaneta e a abriu, enquanto minha mãe se juntava a nós...

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⏰ Última atualização: Mar 04, 2017 ⏰

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