Capítulo 15 - Marinette

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"Nada é ao acaso. Seja forte. Tudo tem um propósito."
- Desconhecido.

Após sair do quarto e passar na recepção para acertas às contas e os dias em que ficaríamos no hotel, voltei para o quarto em passos calmos. Minha mente estava longe, distante, para um lugar estranho e inexplorado. Fechei meus olhos e respirei fundo, agora estava sentindo o quanto meu corpo estava cansado. Minhas pernas estavam bambas e minhas pálpebras pesavam, apertei os lábios em uma linha fina ao entrar no quarto e prender os cabelos em um coque mal feito, aproximei-me da cama e sentei de lado, olhando para Adrien que encarava o céu na noite que caía. A lua brilhava e iluminava uma parte do quarto, uma melodia distante me fez erguer o olhar e encarar o nada por alguns minutos...

Mordi meu lábio inferior ao sentir uma mão em meu rosto, erguendo-o. Consegui ver cabelos loiros desarrumados e, de relance, olhos verdes encarando-me intensamente. Ele aproximou meu rosto do dele enquanto avançava sobre mim, fazendo-me deitar sobre a cama quente. Ele fechou os olhos, aos poucos, enquanto aproximava nossos lábios.

Meu coração batia desengonçado, meu corpo imóvel e estático. Tentei não respirar tão rápido com a aproximação das nossas bocas, apenas manter a calma enquanto ele projetava-se para frente.

- Eu te amo. - Deixei escapar.

Estava tão envolvido com o calor do seu corpo que não percebi as consequências de tal ato, ele sorriu. Um sorriso gentil e ao mesmo tempo malicioso. Sorri de volta, de leve. Fechei os olhos e, antes de nossos lábios se tocarem, ouvi de sua boca como um segredo silencioso:

- Eu também te amo. - Sussurrou antes de projetar-se para frente e beijar minha boca com urgência.

Enquanto suas mãos viajavam pelo meu corpo, pelo meu rosto e por entre as mechas dos meus cabelos escuros, arfava contra sua boca. Tudo silencioso, como um segredo, um grito silencioso no escuro. Rodei-o na cama, ficando por cima. Nossas bocas travavam uma batalha incansável, as línguas enroladas entre si em um beijo intenso e repleto de paixão. Sem parar um minuto se quer para recuperar o ar ele seguiu o beijo, agarrando meu corpo pela cintura e puxou para ele. Ouve o atrito entre os corpos que eu tive a impressão de ter escapado um gemido da minha boca, abafado pela sua. Passei a mão pelo seu corpo, suas costas e seu peito, as unhas deslizando por cima da camiseta fina. Deslizei-a para cima, beijando cada centímetro daquela pele quente e macia sob meus lábios.

Tentei não pensar em nada naquele momento, apenas fechar os olhos e aproveitar o misto de sensações que ele causava em meu corpo com seus gestos. Sua boca estava contra a pele sensível do meu pescoço, deixando beijos molhados ali, agarrando meu corpo e pressionando contra o dele. Arfei com tal ato. Ele acariciou meu cabelo, deslizando os dedos pelo mesmo, puxando-o delicadamente. Abri os olhos ao sentir seus dedos percorrerem cada centímetro do meu rosto, o contorno dos olhos, do rosto, do nariz, das bochechas... Da boca.

Senti novamente seus lábios quentes e macios contra os meus.

Nesse momento, acariciei seu cabelo loiro, subindo novamente e passando os dedos entre as mechas macias, um cheiro penetrante adentrava minhas narinas. Senti algo macio entre seus cabelos. Afastei-me um pouco dele e notei, ao abrir os olhos, que eram orelhas de gato. Arregalei os olhos. Pisquei e vi Chat Noir em baixo de mim, com um sorriso malicioso no rosto, o contorno de seus lábios formando uma linha fina e desafiadora.

A imagem mudou, desfazendo-se em poeira. Senti uma mudança de temperatura, um frio percorreu meu corpo e eu encolhi-me contra o vazio, inútil. Novamente vi a cena de Chat Noir em baixo de mim, o que rapidamente se transformou no momento em que Ladybug caiu do prédio, como no meu sonho há meses atrás. Eu assistia como Ladybug, porém não podia mover meu corpo e nem gritar. Eu via, sem poder fazer nada. Aquilo foi angustiante a ponto de fazer o ar dos meus pulmões sumirem, meus braços projetaram-me para frente em busca de algo, qualquer coisa. Eu não conseguia respirar.

Novamente a paisagem mudou, transformando-se no completo vazio negro, na escuridão.

Em um movimento súbito, abri os olhos e deparei-me com o teto ornamentado do hotel. Inclinei a cabeça para o lado e vi Adrien dormindo, encolhido contra o amontoado de travesseiros. Respirei fundo e coloquei a mão na testa, afastando o suor que escorria pelo meu rosto. Foi só um sonho.

Tudo o que eu passei, vi e senti tinha sido apenas um...

Sonho.

Deslizei a mão pelo meu rosto, parei em meus cabelos e passei até a altura das orelhas. Arregalei os olhos ao sentir brincos redondos em minha orelha.

Isso pode se tornar ainda mais estranho?

Corri até o primeiro espelho que vi de relance e inclinei-me para frente, retirando a mecha de cabelo da frente. Deparei-me com os brincos da...

Ladybug.

Respirei fundo, esfregando os olhos novamente, até chegar à conclusão que depois de um sonho daqueles, estava começando a ver coisas. Ou ainda estava em meu sonho.

Dei um tapa forte e estalado em minha testa, o que só me fez ficar com uma dor de cabeça dilacerante.

Não. É. Um. Sonho.

Eu estava sonhando, ou estava ficando maluca. Como os brincos da Ladybug estavam em minha orelha?

Olhei de relance para Adrien que dormia pesadamente. Respirei fundo novamente.

- Não é um sonho. - Murmuro para mim mesma, abaixando o olhar. - Droga, eu estou louca.

Fechei os olhos e decidi dormir. De uma coisa eu sabia: Se fosse um sonho, amanhã eu acordaria e isso não estaria na minha orelha.

Virei-me e em passos apressados, corri até a cama e deitei na mesma. Após cobrir meu corpo até o pescoço, fechei os olhos e me forcei a dormir.

É apenas um sonho.

Relaxe.

Respire.

Durma...

Durma...

Durma...

...

Acabeiconseguindo dormir com bastante facilidade.    

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