O sino improvisado na mesa dos treinadores da academia de boxe soa alto! Os refletores pendurados no teto com arame entre as vigas de madeira e telhas vermelhas apontavam para o centro do ringue improvisado. Dois garotos se enfrentavam, com a guarda alta e pisando na espuma que geralmente se usa em treinos de judô. Pessoas tentavam chegar mais perto, sem encostar nas cordas, que eram feitas de uma espécie de liga de borracha amarela e fina apenas simbólica. Era uma noite de apostas e as pessoas também lutavam para ver melhor. Os melhores lutadores da ''Academia do Moésio'' se enfrentavam no ringue. A academia se chamava assim, porque era totalmente clandestina. Moésio gostava de ensinar, e lá era sua casa, cobrava pelas aulas mais barato do que uma academia cadastrada em um bairro nobre da cidade. Era uma garagem no bairro Aldeota. Morava lá com sua mulher e uma filha que chamava carinhosamente de piveta. Treinava seus alunos durante a noite e trabalhava como segurança pela manhã, uma vez ou outra entrava em um torneio para ajudar a pagar as contas. Ele estava dentro do ringue em um dos cantos do corner, um homem negro, medindo quase 1,90, ele era o juiz.
A luta não parecia nada equilibrada, Loirinho, o apelido de um dos lutadores por ser albino, bate freneticamente socos baixos na altura das costelas de seu oponente. Ele não parecia bem ter sua idade, 18 anos. Era mais forte que o comum, alguns dizem que ele usou anabolizantes para vencer lutas passadas, mas sempre negou dizendo que tinha uma boa genética e treinava demais. No meio da explosão de golpes, ele estava vermelho como um tomate. Seu adversário se defendia bem, meio encolhido. Seu nome era Francis, um garoto menor que o albino, moreno, de musculatura avantajada, mas nada fora do comum. Permanecia de olhos abertos percebendo cada golpe por trás de suas grandes luvas negras. E por um momento, teve de baixar a guarda para defender um golpe em seu estomago deixando o queixo desprotegido. Essa foi a chance que Loirinho teve e o acerta com um rápido uppercut vindo debaixo para cima, acertando seu queixo, arremessando-o para trás e para cima com violência. Sua visão apagou por alguns segundos e depois do impacto no chão, quando abriu os olhos, via apenas manchas negras e a luz dos refletores. Podia escutar gritos, pessoas gritando ''levanta!, levanta''. As apostas, ele iria perder e todos que apostaram nele também. Aquele gordo safado deve estar rindo agora.
A luz embaçada do refletor foi barrada por uma sombra, quando as manchas pretas pareciam estar sumindo, Francis pode ver que era Moesio, o homem que o treinava. Devia estar puto, Loirinho era de outra academia e Francis era o representante de Moesio. Então ouviu ele falar coisas, era a contagem.
''1...2...3'' seguidos de batidas na espuma do ringue. Enquanto isso o albino vai para o canto de encontro com dois homens que eram seus tios, recebendo tapas no ombro ''muito bem sobrinho, ele vai acordar só amanhã depois desse soco.''
Lentamente Francis tenta mexer a cabeça, mas os borrões pretos continuavam, e ela estava pesada, teve receio de mexer o queixo, podia estar deslocado. '4...5...6'' A contagem prosseguia. Os tapas na espuma faziam sua cabeça doer ainda mais, era uma tentativa do juiz, que devia se manter imparcial, fazer ele tomar a consciência. Moesio não iria ficar feliz se perdesse. Até que uma voz surge.
-Precisa de ajuda? – Era quase um sussurro em seu ouvido
Nesse momento, sentiu conforto. Não seria uma trapaça maior do que o uso de anabolizantes, mas era melhor ganhar aquela. Na próxima conseguiria sozinho.
Relaxou todo o corpo e se deixou levar. Ser controlado, como uma marionete. Todos os sentidos, os ossos, os músculos e articulações. Se permitiu descansar, e relaxar a alma. E o que veio depois, o que sentiu foi o sangue fluir quente por seu corpo e a adrenalina fazer com que a dor sumisse e por no lugar uma sensação de prazer vinda daquilo.
Moesio para a contagem assim que Francis se senta e levanta, sério. E depois olha para o publico sorrindo, com o protetor bocal cobrindo os dentes. Sangue começa a escorrer por seu nariz. A plateia vibra com o grande ''oooooooo'' depois que o sangue escorre.
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As Crônicas de Francislaw
FantasyFrancis é um garoto de 16 anos com um espírito que vive em seu corpo chamado Arion, que lhe da capacidade de usar 100% das habilidades que um ser humano comum não poderia usar. Eles dois vieram de uma outra terra através de um portal quando Francis...