02 - Tales

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Tudo começou aos 12 anos. Tales era um garoto pequeno e medroso, branco como leite e corte de cabelo em forma de cuia. Morava com seus pais e sua irmã, Nataly, que era mais velha três anos. Eles sempre foram uma família feliz. Nataly era a garota mais doce que já vira. Morena, olhos escuros amendoados e cabelos encaracolados, seu rosto na época era redondo e rechonchudo, como seu corpo.Ela o ensinou a ler, escrever e ser a melhor pessoa que pudesse ser, até algo estranho começar a acontecer.

Todas as noites Tales ouvia batidas fortes no quarto de sua irmã que ficava ao lado do seu. Ela gritava toda vez que as batidas começavam. Parecia que algo estava fazendo mal a ela. Seus pais corriam para ver o que era, menos Tales, ele tinha medo. Fingia dormir, sentia raiva de si mesmo por não conseguir ir e ajudar também.

Aquilo ficou mais frequente durante o mês de agosto, todos se preparavam ao cair da noite. Tales podia ver os rostos de seus pais cansados e sem vida. Sua mãe vivia transtornada sem saber o que fazer. E era mais difícil ver Nataly tão frágil daquele jeito.

Seus pais ligaram para uma parente distante, seu nome era Zália. Quando ela passou pela porta Tales viu que era uma bruxa, se encaixava perfeitamente com os desenhos da TV. Velha, verrugas, nariz grande. Ela falou que existia um espirito ruim possuindo a garota e que talvez estivesse dentro dela. O melhor seria leva-la para tira-lo dali, em outras palavras, um exorcismo teria de ser feito.

Um dia antes de Zália levar todos para sua casa, Tales viu a coisa. Estava dormindo no seu quarto. Seus pais estavam com Nataly e ele estava só. Dentro das cobertas ele se tremia quando a coisa passou pela porta aberta de seu quarto. era grande e esguio, braços e pernas mais longos que o normal, usava uma roupa estranha com uma cruz de ponta cabeça no peito.

-Esta é minha casa... Minha família...Você os roubou de mim. Minha casa... Minha casa...

Tales paralisou, se tremia tanto que não conseguia gritar, e quando a coisa começou a mover seus longos braços em sua direção. De súbito ela parou e desapareceu, e foi ai que as batidas começaram, Tales soltou sua bexiga e começou a molhar a cama, para juntar toda sua energia e correr em direção ao quarto de sua irmã para junto dos pais. Com todos juntos ali, nada poderia machucar Nataly.

Quando amanheceu e as batidas cessaram, todos puderam dormir um pouco. Depois tiveram de se levantar e ir com Zália até sua casa. Dentro do carro Nataly estava dormindo, ''Só mais um pouquinho irmã, você vai ficar bem'' logo depois foi a vez de Tales cair no sono.

Tales acordou com o som forte de batucadas. Estava escuro la fora e não tinha ninguém no carro. Ele olhou pela janela e viu uma fogueira, as chamas eram quase maiores que as pessoas que estavam em volta dela. Ele percebeu que estavam no Sítio de Zália, lembrou-se vagamente do cajueiro que ele e sua irmã brincavam. Tales saiu do carro e se escondeu tentando se aproximar lentamente daquela roda de pessoas.

Ele viu entre as pessoas Nataly amarrada em uma mesa com cordas na cintura e do outro lado da fogueira uma cabra amarrada pelas patas de bruços e abaixo dela tinha um pano preto com sinais brancos pintados. Ele viu seus pais abraçados perto da multidão mas eles não faziam nada para impedir aquilo.

Zalia começou a se aproximar de sua irmã, falando coisas que não conseguia ouvir, depois foi em direção ao bode e uma das pessoas lhe entregou uma faca. A bruxa, de modo rápido, puxou as orelhas da cabra e cortou sua garganta. A cabra começou a berrar, como se estivesse afogando. Uma voz gutural saiu dela junto com o gorgolejar do sangue.

O garoto sentiu medo e correu em direção aos seus pais. No caminho começou a sentir um peso sobre ele, uma sensação ruim. Nesse momento os gritos sessaram e todos olharam para o alto e depois para ele. Sua mãe colocou as mãos na boca surpresa e desmaiou. Todos começaram a murmurar e sua tia apontou para ele.

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⏰ Última atualização: Mar 20, 2018 ⏰

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