Capítulo 1

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O Sol praticamente a cegou quando abriu as cortinas, eram sete da manhã mas o calor ja estava forte. "Tudo outra vez.", ela pensou. Foi até o banheiro, precisava de um banho frio, a noite de ontem a deixou acabada, não devia ter bebido daquele jeito sabendo que iria trabalhar no dia seguinte. Deixou a água fria escorrer pelo corpo levando qualquer resquício da bebedeira da noite anterior. Escolheu uma saia lápis escura e uma blusa branca de seda, saltos médios e decidiu ir de cabelo preso, optou por pouca maquiagem, o básico só para esconder as olheiras. Tomou um analgésico e saiu. No carro o celular tocou. Era o culpado pela farra de ontem.
- Não vou sair hoje, pode esquecer! - ela atendeu.
Ricardo riu alto no celular
-Tá muito ruim?
- Não. To bem pior do que isso! Como você me deixou beber tanto?
-Você já teve piores Luna. Pegou leve até. Pare de reclamar! Você precisava.
- Ok, foi divertido. Obrigada.
- Por nada. Mas sabe, hoje é sexta.
- Sim, e daí?
- É a festa da Daiene, esqueceu? Vai bombar!
- Verdade. Mas não sei se vou, mais tarde te dou a resposta.
- Ué, e por quê?
- Se vc me visse hoje de manhã saberia! - ela riu.
- Eu gostaria de ver- Ele riu, mas não havia entusiasmo na sua voz - Te pego às Dez. Beijo.
E desligou. Ela sorriu. Típico dele, nem esperar pela resposta.

Luna estava sentada no refeitório quando Pablo chegou.
- E então, o que há de errado?
-  Como assim?
- Ah, fala sério Luna! Você me evitou o dia todo, qual é o problema?
Ela suspirou.
- Não é sua culpa. É que depois do que aconteceu com o Douglas eu quero um tempo sozinha. Preciso me acalmar, aliviar um pouco essa tensão.
- Olha, eu sei que voce passou por muita coisa com aquele filho da puta, mas você não pode basear o nosso relacionamento nisso.
Ela o observou. Ele não sabia oque ela tinha passado, não fazia idéia do que se passava na cabeça dela. Ele nem sequer tinham algo sério. Ele não tinha o direito de exigir nada.
- Você tem razão. Não posso basear nosso relacionamento nisso. Até porque nós não temos um. Nós saímos algumas vezes e foi só. Foi bom, mas agora é melhor parar. Vai ser melhor pra nós dois. Eu sei pelo que passei e como vou agir diante disso, não preciso que você se envolva nisso.
Ele a fitou com expressão fechada, parecia irritado até.
- Ok, faça como quiser.
E saiu. Melhor assim, ela não precisava de ninguém dizendo oque ela devia fazer, ele nem sequer sabia da história toda!
          
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As nove e quarenta Luna ouviu Ricardo entrar no apartamento.
-Lu?
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To aqui.
Ele foi até o quarto.
- Ue, não vai se arrumar não?
Ricardo riu. Ela apenas olhou pra ele. Ela sabia que não era sua melhor roupa, mas estava bonita. Ela se olhou no espelho. O cabelo loiro longo e liso estava solto, suas muitas curvas estavam bem amostra no vestido preto colado, ela virou de lado pra analisar melhor. Ricardo revirou os olhos.
- Vai ficar olhando pra sua bunda a noite toda?
- Af, deixa de ser chato. Você só ta recalcado porque sua namoradinha não tem bunda nenhuma.
Ele riu.
- Eu não tenho uma namoradinha, a Amanda é só minha amiga. E ela tem bunda sim, só que você tem bunda demais, tanta que ess micro vestido nem tampa!
Ele ficou muito sério, como se algo o estivesse encomodando.
- Não exagera.
- Vamos?
Ele mudou de assunto. Algo de errado estava acontecendo com ele e Luna iria descobrir oque era.
-Vamos.

Não deu outra, a festa estava lotada. Daiene estava logo na entrada, conversando com um amigos quando eles entraram. Ela veio correndo, abraçou primeiro Ricardo, logo depois Luna:
- Nossa Lu, ta diva com esse vestido! Lógico, qualquer roupa fica bem com esse corpão. Concorda Ricardo?
Ricardo ficou um pouco vermelho, desviou da resposta e fingiu procurar alguém na festa. Luna franziu a testa, sem entender a reação dele. Ricardo sempre tinha o hábito de brincar em situações assim, até quando pensavam que eram namorados ele fazia piada. Com certeza tinha algo o encomodando. Ficaram conversando um pouco os três, mas Ricardo logo foi dar uma volta pela festa. Luna se sentou com Daiene perto da entrada num dos bancos de madeira quando Pablo se aproximou delas, deu um abraço em Daiene e lhe entregou um embrulho de presente. - Vou guardar lá dentro. Obrigada. Fiquem aí!
Sorriu e piscou pra Luna. Daiene havia apresentado os dois duas semanas antes, trabalhavam no mesmo edifício, mas Luna e Pablo nunca tinham se encontrado antes. Daiene ainda não sabia do rompimento do dois. Ela era uma boa amiga, mas as vezes era tão desligada.
- Posso falar com você?
Pablo a tirou do devaneio.
-Claro.
Ele se sentou, apoiou os cotovelos nos joelhos e ficou remexendo as mãos. Por fim olhou pra ela.
- Quero te pedir desculpas por hoje cedo. Eu não devia ter te pressionado daquele jeito.
- Está tudo bem. Esqueça isso.
- Isso eu posso esquecer. Mas você, não. Eu não queria que terminassemos daquele jeito. Droga, não queria que a gente teminasse de jeito nenhum.
Luna respirou fundo.
- Pablo, eu acho que foi melhor assim. Você quer algo que eu não posso te dar.
Ele olhou nos olhos dela.
- Eu quero qualquer coisa que você possa me dar.
Ela o olhou. Ele era encantador, com cabelos loiros e olhos num tom de verde escuro, ela poderia passar dias olhando aqueles olhos sem cansar. Talvez ela tivesse sido radical demais de manhã, mas parecia a coisa certa a fazer. Quem sabe, ele só estava tentando ajudar? Ela não precisava de alguém dizendo oque ela devia se fazer, nem como se portar diante do que aconteceu com Douglas, seu ex namorado maníaco, mas ela queria ter alguém com quem contar, alguém que ela pudesse desabafar, esquecer e aliviar esse aperto que sentia no peito. Por que não Pablo? Ele tinha se mostrado atencioso e gentil. Quando Luna lhe contou que Douglas tinha tentado matá-la no mês anterior, ele ficou muito preocupado, não a deixava ir para casa depois do serviço e sempre ligava à noite antes de dormir para saber se ela estava bem. Talvez devesse dar uma chance à ele.
- Diz alguma coisa.
Ele pediu.
-Ok.
Ele ficou imóvel.
-Ok? Ok, o quê?
- Podemos tentar. Vamos com calma, e veremos no que vai dar.
Ele sorriu, parecia mesmo feliz. Ela também deu um sorriso tímido.
-Posso te beijar?
Ela riu alto.
- Sim, pode.
E Pablo a beijou, e que beijo bom.

....

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