Quando a vi pela primeira vez ela era pequena.
Uma menina pequena de cabelos selvagens.
Uma menina de cabelos selvagens e língua afiada.
Uma menina de língua afiada e olhos que sorriam.
Ela era um emaranhado de fios, boca e olhos.
Ela era irritante.
Ela era Hermione Granger.
Provocá-la era sempre tão fácil, tão divertido. Ela fazia um bico engraçado quando era contrariada e uma ruga aparecia entre suas sobrancelhas crespas quando isso acontecia.. Ela sempre queria ter razão. E ela tinha.
Irritante.
havia sempre um livro consigo, uma resposta na ponta da língua, um conselho, uma bronca, um olhar de censura, um sorriso amável. Havia sempre ela. Sempre dela em tudo.
Mas ela era só uma menina.
A menina pequena de olhos que sorriem, de boca que desafiava e de cabelos revoltados.
O tempo foi passando tão rápido, os anos pareciam dias. As coisas mudavam à sua volta. Mas ela ainda era a mesma sabe-tudo, a mesma irritante, o mesmo emaranhado de fios, o mesmo abismo de olhos.
Ela cresceu, mas ainda era tão pequena. Aquele corpinho minúsculo já não era infantil; só pequeno. Um pequeno abismo, um grande pecado.
Um infinito tentador. Instigante.
E de repente eu queria aquela boca desafiadora. Eu queria aqueles olhos redondos, castanhos, quentes, brilhantes. Eu queria enfiar as mãos naquele cabelo de vida própria. Eu queria me perder naquele pequeno abismo de pele cremosa. Eu simplesmente queria quebrar mais essa regra.
Ela era o meu maior desafio.
Eu sempre gostei de desafios.
Observá-la se tornou minha pequena obsessão, memorizar seus detalhes mais profundos era meu passatempo favorito. Seu sorriso passou a iluminar meus dias, retirar o ar. Ela tinha me enfeitiçado.
Pobre de mim; preso a uma bruxa pequena. Tão grande pro mundo. Tão pequena em meus braços. Tão ela, tão pura, tão minha.
Mas ela não sabia, ela desconfiava.
Ela era inteligente demais para o seu próprio bem. Eu estava atraído demais para o meu próprio mal. Quem liga? Viver perigosamente sempre foi o que eu quis.
Ela era perigo. Adrenalina. Pecado. Tempestade.
Eu era arriscado. Agitação. Errado. Furacão.
Talvez não fosse tão louco assim. Talvez fosse para ser. E se não fosse seria de qualquer forma.
“Você sabe o que está fazendo.” eu sussurrei para ela, uma noite qualquer na biblioteca. Ela estava sozinha, era tarde e eu sabia que não havia mais para onde fugir.
“Você demorou pra perceber.” ela sussurrou de volta, seus olhos brilhando para mim, o ar escapou com aquele gesto. Maldita feiticeira pequena.
Eu não tinha mais o que fazer, eu não tinha pra onde correr ou fugir. Eu só queria estar ali, sempre ao lado dela, porque não tinha aonde ir. Mas não era cedo.
Ela sabia. Ela sorriu.
Dentes brancos se mostraram, meus olhos fitaram a boca aberta, a respiração ofegante me denunciava. Meu fim seria aquela boca. E foi.
Colei-me à pequena, as mãos dela vieram para mim como um brinde, arrastando as unhas pelo meu couro cabeludo. Seus olhos me hipnotizaram, tempestade castanha mirando no furacão azul.
Catástrofe.
“Beije-me, Fred.” ordem expressa provinda de sua boca pequena. Tremor.
“Não precisa repetir.” foi mais um sussurro de acato. Eu não seria capaz de desobedecê-la.
Mãos em cada lado do rosto bonito, mantendo-a firme, prendendo-a ali. Lábios roçaram, respirações chocaram-se, ela era impaciente. Ela adiantou as coisas. Boca quente e urgente, gosto mais afrodisíaco do que qualquer outro.
O lábio mais feroz que provei. Língua que brinca e atiça. Mãos espertas e rápidas.
Ah, pequena castanha, o quão habilidosa podes ser? Quanto de ti é preciso para que eu me sinta saciado?
Era só o primeiro contato.
Ela era pequena mas crescia em si. Perto dela eu era pequeno. Com ela em mim eu era minúsculo. Domado pela leoa.
Era apenas o primeiro beijo.
Cabelos espalhados pelo seu rosto, uma maré de fios ondulados, tão rebeldes quanto o mar, tão fortes como as ondas.
Minhas mãos desceram para a cintura fina, a pele quente irradiando seu calor através do tecido fino. Minha língua dando voltas na boca dela, as mãos dela bagunçando meus cabelos, puxando sempre mais.
Desespero em forma beijo.
Ar. Maldito seja.
Afastamos-nos. Eu estava perdido em meio à ela. Ela sorria para mim de boca inchada. Excitação carregando o ar. Nublando meus olhos.
Havia sido só um beijo. O beijo.
Arrumou os cabelos em um coque, não abandonando os meus olhos jamais. Ela estava me amarrando ainda mais. Não havia volta para mim. Juntos os livros em uma pilha, pegando-os em seguida nos braços que antes estavam envoltos em meu pescoço.
Virou-se para ir, sem dizer uma palavra, apenas sorrindo em travessura.
“Espera.” pedi “você ainda vai continuar sabendo o que faz?” perguntei ansioso.
“Eu sempre sei o que faço.” um piscar de olhos e ela se foi.
Irritante.
Irritantemente linda.
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“Ah, finalmente querido irmão!” exclamou George assim que atravessei o buraco da parede. “Por onde estava?”
“Resolvendo uma pequena coisa”. Sorrisos cúmplices.
Pequenos segredos.
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She was Little.
RomanceQuando a vi pela primeira vez ela era pequena. Uma menina pequena de cabelos selvagens. Uma menina de cabelos selvagens e língua afiada. Uma menina de língua afiada e olhos que sorriam. Ela era um emaranhado de fios, boca e olhos. Ela era irritante...