A cidade litorânea de Itanhaém é o sonho se moradia de muitos habitantes da grande São Paulo, que vêem nela uma fuga da poluição e do barulho da grande urbe. Um lugar calmo, com o cheiro da brisa do mar espalhado pelo ar trazendo aquela típica sensação de paz que lugares como esse costumam proporcionar. Os dias quase sempre propensos a uma tarde na praia, principal atração da cidadezinha. Mas, de uns tempos pra cá, as noites dessa cidade a beira mar não foram mais as mesmas, e os moradores passaram a ter algo em comum independente de idade ,sexo ou crença ; medo daquela RISADA. Nos dias comuns, a chegada do alvorecer costuma ser um momento relaxante, quando os jovens pegam suas bicicletas e seus skates e saem pelas vias pra sentir o gosto da infância ser soprado em seus rostos junto ao vento que neles bate, e de longe se ouvem as risadas das crianças que saem para brincar com os amigos e logo fazem a trilha sonora da cidade junto às grilos e corujas que banham o local com sua música da natureza, e aos poucos tudo vai sendo mergulhado na penumbra da noite, os casais de namorados apaixonados sentam-se à beira da praia pra conversar e trocar suspiros enquanto as ondas encostam de leve em seus pés descalços. Nunca se viu tamanha paz. Mais como dizem os sábios "tudo oque é bom dura pouco". Talvez por uma ironia do destino, justamente aquele lugar teve que ter sua paz perturbada.
Dia 31 de outubro , 2:15 da madrugada, ainda podiam ser vistos restos da brincadeira típica das crianças espalhados no chão , mesmo o Halloween não sendo tipicamente comemorado no nosso país de crença cristã , naquele lugar era comum que algumas crianças e jovens resolvessem vestir fantasias e sair por aí pedindo doces e levando sustos dos amigos. Era algo divertido ,uma festa que era sempre lembrada com muita alegria.
Mas não naquela noite.
Matthew caminhava lenta e cambaleantemente pela rua que beira a praia, hora caindo na areia, de modo a se irritar pela sujeira que grudava em sua roupa, hora sendo surpreendido pela buzina de algum automóvel que avisava para que ele saísse do meio da rua .Mathew estava completamente embriagado. Havia se envolvido em uma briga na festa de adolescentes que estava havendo na casa de um conhecido seu, já muito alto e razoavelmente desnorteado , ele teria passado a mão nos glúteos da namorada de um rapaz invocado e ciumento que não conseguiu encara a situação como compreensível. Agora com um olho arroxeado e quase fechado pela pancada e a boca manchada pelo sangue seco que escorria de seu nariz, Mat tentava achar o caminho de casa no breu da madrugada que já corria solta, pois era costume que naquela noite do ano parte da iluminação da cidade fosse apagada.
Sem conseguir distinguir bem oque sentia ou oque lembrava devido a embriaguez, Mat caminhava pela escuridão quase completa. Em meio a uma rua longa e deserta onde só se podia distinguir o branco da areia da praia e a espuma das ondas quebrando, Mathew , apesar da tontura e do torpor que a bebida lhe causava, ainda conseguia distinguir algumas coisas que vinham a sua frente. Mathew estava sozinho, nenhum carro passava havia pelo menos 35 minutos ,os habitantes da cidade estava repousando em seus lares e até as garotas de programa, que abordavam ele a cada esquina já não podiam mais ser sequer ouvidas. Apesar de todo o silêncio mórbido ,pois até os grilos resolveram se calar aquela noite, Mat pode ouvir um barulho romper o silêncio. Ele estacou subitamente, o barulho que ouvia parecia ser o barulho de um guizo. Não . Três guizos, tilintando e as vezes batendo um de encontro ao outro. Depois de alguns segundos Mathew também passou a ouvir o som dos passos que traziam aquele tilintar para mais perto dele, o som de sapatos enormes feitos de borracha se chocando com o asfalto negro causaram um forte arrepio na nuca do jovem. Ele olhou em volta, e viu três coqueiros rodeados por um arbusto de folhas escuras ,sem saber oque fazer ele se escondeu atrás do arbusto e tentou fazer o máximo de silêncio que pôde, as folhas espessas e escuras deixavam impossível enxergá-lo na posição em que se encontrava, mais através dos intervalos entre os ramos ele pôde ver quando a figura sombria dobrou a esquina da rua onde instantes atrás ele perambulava. Mathew nunca viu muita graça em palhaços, desde criança ,quando sua tia o chamava para ir ao circo junto com ela e os primos de que tanto gostava, ele via as outras crianças delirarem e caírem na gargalhada quando o palhaço invadia o picadeiro, enquanto ele ansiava pela chegada do mágico . Mas aquela visão, o deixou apavorado de tal forma que ele nada conseguia fazer além de observar. A figura de aproximadamente 1,75 de altura, usava um macacão solto com os tons preto branco e cinza, as pernas com naipes de baralho desenhadas com linha de bordar roxa se destacando no tecido alvo, na cintura subindo até a altura do peito grandes sorrisos bordados com linha clara, nas mangas de tecido cinza claro era possível ver manchas escuras distribuídas de maneira disforme, as mangas que tinham um efeito bufante na região dos pulsos tinham as rendas que contornavam suas extremidades rasgadas e manchadas da mesma maneira que o restante das mangas. Ao redor do pescoço ele ostentava uma grande gola branca pregueada enfeitada com bolinhas azul escuras ,ao redor da gola pequenas caveiras estavam penduradas por fios de náilon e quando ele caminhava elas batiam em seu corpo e umas nas outras produzindo um som metálico baixo que só se podia ouvir quando ele se aproximava. Sim, ele estava bem próximo do arbusto onde Mathew estava escondido agora. À luz do luar Mat conseguia vislumbrar sua face, e constatou q nunca nada lhe arrepiara a espinha mais que aquela visão , seu rosto estava coberto de uma maquiagem muito branca, tinha manchas negras semelhantes a olheiras em volta dos olhos, estes possuíam grandes íris lilases e a retina rosada, sua pupila parecia muito maior que o normal, as sobrancelhas estavam reforçadas com lápis preto e subiam até perto da base dos cabelos , sua boca estava demarcada por uma espécie de batom ou tinta berinjela e graças a essa pintura ela parecia muito maior, e seu sorriso de dentes afiados como os de um lobo se tornava ainda mais cruel. Seus cabelos de cor magenta desciam emaranhados até a altura dos ombros, e no alto da cabeça o seu símbolo, um grande chapéu justo na base que se esticava e se dividia em três pontas com cores alternadas entre o preto e o branco cada ponta com um guizo prateado que anunciava sua chegada. O chapéu de um bobo da Corte. Seu semblante tornava-se ainda mais tenebroso quando se notavam as marcas profundas de unhadas recém desferidas que marcavam o lado direito de sua face, pegando desde o fim da testa até o fim da maçã do rosto, resultado de uma luta pouco antes travada com uma prostituta que entrou em seu caminho para lhe oferecer seus serviços, pensando se tratar de uma fantasia bem confeccionada do Halloween, ela riu quando ele a encarou com seus olhos opacos e cruéis, tirando a ferramenta que trazia apoiada no ombro, ele desferiu um único golpe que rasgou parte do rosto, um dos seios e boa parte do tronco da jovem, aterrada e sem conseguir se mexer devido a dor desnorteante, ela tentou gritar mas o palhaço sombrio foi mais rápido, enlaçou-a por trás e tapou sua boca, ela ainda tentou se soltar, esperneou tentou golpeá-lo e esticou a mão para trás tentando lhe causar alguma dor que pudesse fazer com que ele a soltasse, afundou suas unhas compridas em seu rosto e puxou-as para baixo com toda a sua força, fazendo duas de suas unhas se quebrarem e deixando aquela marca em seu rosto:
“ – Não devia ter feito isso!”
Vociferou o bufão com sua voz sussurrada e estridente. Em segundos ele atravessou o corpo da garota com a lâmina de seu instrumento. Ela arregalou os olhos ao sentir aquela dor lancinante, parou de se debater e seu corpo se tornou passado nos braços do inimigo, sua alma já não habitava aquele corpo. O palhaço sorriu ao constatar sua morte e de repente ficou sério e franziu o cenho :
“ – Mais que pena , eu gostaria de assistir você sofrer lentamente até implorar por sua morte, mas você estragou a brincadeira.”
Jogou o corpo da vítima na praia e com sua arma empurrou a areia até que seu corpo não estivesse mais visível. Depois que ficou satisfeito tirou uma pequena caixinha de surpresa do bolso e depositou em cima de onde jazia o corpo da bela mulher. Aquele era seu jeito de dizer que ele estivera ali, para q não atribuíssem seus feitos à um assassino qualquer.
Ele parecia não se importar com isso, tudo oque fazia era caminhar olhando fixamente para frente com sua enorme foice apoiada no ombro, uma foice negra com um cabo de 1,30 cm e uma lamina com apenas 30 centímetros a menos que o cabo, semelhante àquela que o anjo ceifeiro possui nos contos religiosos, na ponta do cabo estava entalhada a cabeça de um bobo da corte. Na ponta da lâmina ainda se podia ver a areia grudada nos restos do sangue da garota.
Com a Luz da lua que agora brilhava fulgurante no céu, Mat pôde constatar que a crosta escura na lâmina da foice e as manchas nas mangas do palhaço eram realmente sangue. Mas será que aquilo era uma maquiagem? Mat já havia ouvido falar que alguns desocupados estavam se vestindo com fantasias semelhantes se maquiando e saindo pelas ruas para assombrar as pessoas, além disso essa seria uma brincadeira típica daquela data. Mas alguma coisa nos olhos daquele ser exótico lhe dizia que ele não tinha boas intensões. Sendo assim, e já que a coragem nunca foi um ponto forte do rapaz, ele preferiu esperar em silêncio até que aquela figura assustadora estivesse longe . Porém nos momentos que se seguiriam Mathew iria preferir nunca ter escolhido aquele lugar para se esconder.
Mathew estava estarrecido, não conseguia mexer um músculo ,porém ainda se encontrava em um estado agravante de embriaguez e inesperadamente ele soluçou ! O som foi suave e remexeu levemente as folhagem do arbusto. Mas para Mathew parecia que ele tinha explodido uma bomba no meio da estrada. O palhaço parou. Virou a cabeça de lado e se voltou para atrás, olhando diretamente para onde Mat estava escondido. O rapaz ficou paralisado, parecia que uma onda de choque estava invadindo seu corpo vinda não sabia de onde . O palhaço começou a caminhar lentamente na direção daqueles três coqueiros, agrupados como irmãos , cercados por aquele arbusto. Mat não sabia se corria , se gritava, se ligava para a polícia , ou se permanecia parado . De qualquer forma parecia que seus músculos não o obedeciam mais, como se já não tivesse controle sobre seu corpo. Ele começou subitamente a pensar nas suas dívidas, no seu irmão mais velho que fora assassinado tentando resolver uma intriga em que Mathew se envolvera com alguns traficantes de seu bairro, na sua mãe que sempre se decepcionar muito com as suas atitudes, na sua namorada que o largara ao descobrir que ,em um momento de embriaguez ele havia se envolvido com outra mulher .
Ele não se sentia arrependido por nada daquilo, Mat era uma pessoa fria, calculista, se julgava independente, vivia se gabando de que não precisava de ninguém . Mas naquele momento ,essas lembranças passaram pela sua cabeça e ele se sentiu agoniado, não soube porque, mas quis desesperadamente não morrer, quis ter outra chance de fazer as coisas diferente. Algo atormentava seu coração, e por algum motivo as palavras que seu pai dissera pouco antes de dar seu último suspiro e ter sua vida arrancada pela tuberculose que já o consumia a quase 6 meses , ecoavam na sua cabeça :
“- Você sempre será a maior decepcão da minha vida.”
Ele sabia que era verdade, e odiou o pai ainda mais por conta disso. Pouco antes de o caixão baixar na cova que fora preparada para o falecido, ele discretamente cuspiu na madeira envernizada, e se afastou com desdém , deixando para trás a mãe em lágrimas .
Mathew se odiava.
Odiava toda a sua vida. Odiava o fato de ter sido uma gravidez indesejada. Odiava ter um irmão mais velho e mais esperto que ele. Odiava o cachorro do pai. Odiava seu irmão poder fazer mais coisas que ele e odiava o carinho que os pais tinham por ele . Odiava os colegas da escola e os professores que viviam dizendo para seus pais que ele era um menino arredio e anti social .
Ele por vezes desejou morrer. Chegou a tomar os remédios de pressão da sua mãe e só não morreu por que seu irmão chegou a tempo de levá-lo as pressas para o hospital. Nada o deixou com ódio maior do que ouvir a bronca do irmão enquanto voltava para casa sentado no banco de trás de seu carro.
Ele culpava os pais e o irmão pelo que ele era. Achava que :
“- Se os meus pais não ficassem tanto tempo bajulando Matheus , prestariam mais atenção em mim , talvez tivessem me levado a um psicólogo, ou tivessem me colocado em algum internato. Talvez assim eu pudesse ter me tornado uma pessoa normal. "
Mas, no fundo , ele sabia que a culpa era dele. Aos 5 anos quando a mãe tentava se aproximar dele e demonstrar afeto, ele se afastava , preferia ficar sozinho e se distrair furando as roupas do irmão, ou matando insetos , ou atormentando o cachorro que o pai tanto amava.
O irmão foi o único que amou Mathew plenamente, sabia que o irmão rasgava suas roupas de propósito, sabia que ele rabiscava seus cadernos da faculdade e escondia suas coisas , mas ele compreendia seu irmão mais novo, ele via que os pais não eram com ele como eram com Matheus, mas ele sabia que o motivo disso era que, na véspera da descoberta da gravidez de mat , Helena, a mãe dos garotos, e Robert seu marido, tiveram uma briga decisiva. Robert já havia jogado suas roupas na mala e se preparava para sair quando ouviu a mulher passando mal no banheiro, e correu pra ver oque estava acontecendo, quando chegou viu que sua mulher estava desmaiada e que a pouco havia deixado no vaso todo o seu jantar. Pegou-a no colo e colocou no carro, voltou para dentro de casa foi ate o quarto onde Matheus havia se escondido para não ouvir a discussão e encontrou o rapaz com fones de ouvido colado ao computador, explicou oque havia acontecido e Matheus apanhou seu casaco e correu para o carro enquanto o pai tomava o lugar do motorista e acelerava rumo ao hospital. Matheus gritava para o pai que se algo acontecesse com sua mãe ele nunca o perdoaria e Robert chorava pensando “- Eu também não “
Ao chegarem no hospital Helena foi socorrida as pressas e depois de alguns exames o médico disse que ficassem tranquilos, que aquilo eram sintomas de uma gravidez de três semanas que haviam se manifestado devido ao estresse pelo qual a mulher passará. Robert passou a mão nos cabelos desnorteado, não estava nos planos dele nem de Helena ter outro filho , e sabia que agora ele não seria capaz de abandonar a casa. Matheus ficou feliz ao saber que a mãe estava bem e entusiasmado com a chegada de um novo irmão, sabia que agora seus pais ficariam juntos e isso o deixava aliviado.
Helena recebeu a notícia com lágrimas nos olhos, sabia que teria que desfazer todos os seus planos, inclusive a faculdade de Artes cênicas que iria fazer quando voltasse a trabalhar. Ela agora teria que se conformar com a situação e engolir um marido que não amava mais .
E os dois tiveram que passar a se tolerar. Robert saia cedo para trabalhar e só voltava muito tarde, depois de sair da sua reunião com os amigos. Em casa fazia perguntas evasivas sobre o estado de saúde da mulher e a situação financeira da casa. O que mantinha a vida relativamente agradável na casa era o filho mais velho, com quem Robert conversava e dava conselhos sobre a vida adulta , e com quem Helena desabafava e sempre podia contar quando queria um conforto e um momento de descontração. O garoto se tornou a coisa mais importante na vida de ambos, e o recém nascido , o motivo das suas angústias. A muito tempo a mulher não estava mais acostumada a cuidar de uma criança pequena e odiava ter que levantar de madrugada . Robert odiava ouvir o menino chorando e ficava nervoso quando ele, já aprendendo a andar, mexia nas suas coisas. Matheus gostava muito do pequeno, por vezes ,quando chegava da escola por volta das onze e meia da noite, encontrava sua mãe balançando o irmãozinho cansada e de mal humor, pegava o menino no colo mandava a mãe ir pra cama e colocava ele no berço com sua chupeta e uma caixinha de surpresas que ele havia ganhado do pai quando criança, o bebê adorava o brinquedo e sempre pegava no sono vendo o irmão girar a manivela e ouvindo a música tocar.
Para Matheus, Mat ,como ele o chamava, era a razão pra ele ainda ter os pais ao seu lado. Mas Mathew com toda a sua inveja que não deixava que ele sentisse aquele amor, só conseguia ver no irmão um inimigo. Matheus morreu sem contar ao irmão o porquê daquela preferência que os pais tinham por ele, e Mat nunca deixou de guardar rancor do irmão mesmo após a sua morte.
Agora, se vendo diante de uma morte inevitável, Mat sentia que passara sua vida com aquela mágoa no coração e que nunca deu uma chance sequer das pessoas se aproximarem dele simplesmente porque não conseguia amar ninguém.
A única pessoa que amou em toda a sua vida foi Fernanda. Sua ex namorada, que o amará incondicionalmente apesar dos acessos de fúria que o rapaz tinha de vez em quando. Ele nunca conseguira ser violento com ela, mas as vezes gritava coisas que a magoavam profundamente, ela chegava a dizer que o odiava. Com medo de perder a única pessoa que o amava ele chorava e pedia perdão. Ele explicava que na sua vida ele nunca conseguira nutrir sentimentos bons por nada nem por ninguém, porém isso mudara depois que ele a conheceu. Ela amava Mathew profundamente, e não conseguia deixar de perdoá-lo ao ouvir o “- Eu te amo ” dito com tanta sinceramente. Ela porém não aceitava uma única coisa. Ser traída. Já havia sofrido muito por causa de um namorado infiel e se lembrava com dor de quando a mãe quase enlouqueceu quando pegou seu pai na cama com outra. Por isso quando ele confessou que em um momento de insensatez a havia traído ela não pôde suportar. Naquele momento ela chorou de ódio, bateu a porta atrás de si e não voltou mais, não atendeu o telefone, e a única vez que retornou suas mensagens foi para pedir que ele não fosse até sua casa.
Mathew nunca se sentiu tão desamparado. Ele havia sido convidado para uma festa de Halloween que iria acontecer a noite na casa de um conhecido seu, Mat havia recusado mais naquele momento sentiu que se ficasse em casa acabaria se jogando da janela de seu apartamento no 7° andar.
Foi em Fernanda que ele pensou quando viu aquela pessoa sinistra se aproximar dele. Ele queria a chance de se redimir com ela, de se jogar aos seus pés e dizer o quanto precisava dela em sua vida.
O palhaço estava a menos de 10 passou de Mat agr. Ele sabia que não poderia fugir. Foi quando um homem dobrou a esquina. Era o amigo que havia chamado Mathew para a tal festa, ele estava a procura de Mat , com o celular na mão . Ao ver aquele ser macabro parado olhando pra ele com a foice no ombro o rapaz gritou. Imediatamente o palhaço correu em sua direção, Josh disparou em desabalada fuga. Ao ver que os dois haviam se afastado , Mathew saiu de trás do arbusto e correu na direção dos dois, parado atras de uma lixeira, ele viu quando o monstro alcançou seu amigo, viu quando ele agarrou seus cabelo e bateu sua cabeça em um muro , Josh estava desesperado, queria desesperadamente que alguém intercedesse a seu favor, Mathew assistiu aquela cena com nojo e remorso. Aquele ser impiedoso tirou um lenço do bolso e amarrou na boca de Josh, agarrou seus braços e puxou-os para trás até ouvir o estalo dos ossos se quebrando. O homem teve seus gritos de dor e pânico abafados pelo tecido q envolvia sua mandíbula. Sem forças, Josh se deixou ser arrastado de volta aos três coqueiros ,o palhaço pegou uma corda que estava escondida entre os ramos do arbusto e amarrou uma das extremidades nos pés do homem desesperado e a outra no galho mais alto do coqueiro mais extenso. Ele olhou para o rosto encharcado de suor e lágrimas de pavor. Ele soltou uma risada de prazer atordoante. De tudo aquilo, oque mais deixou Mat com calafrios e com um medo insuportáveis foi aquela risada. Depois de se satisfazer observando a aflição do homem o palhaço passou a foice pela sua garganta fazendo o sangue jorrar e se espalhar pela calçada, molhando sua roupa com aquele líquido grosso e vermelho ainda quente. Após observar por alguns instantes o sangue descer do corpo da vítima e escorrer pelo tronco da planta ,ele tirou uma caixinha de surpresas de dentro do bolso e enfiou na boca de Josh. Soltou mais uma vez sua gargalhada aterradora e saiu andando. Mathew ficou mais Algum tempo olhando aquela cena mórbida , ate sentir uma enorme tontura e cair inconsciente.
Mathew acordou pela manhã em seu apartamento, ainda com as lembranças da noite frescas em sua mente ele sentia a cabeça doer pela ressaca, achou que podia ter sido uma alucinação causada pelo excesso de álcool . Mas não, aquilo foi real . Ele não conseguia raciocinar direito, pensava no que fazer , pensou em como fazer a polícia saber quem cometerá aqueles crimes hediondos. Pensou que se não fizesse algo logo mais pessoas inocentes poderiam morrer, pensou em Fernanda . Se algo acontecesse com ela ele nunca se perdoaria. Decidido pegou sua carteira e seu celular , as chaves do carro e desceu com o elevador até o estacionamento. Enquanto se dirigia ate o carro ele discou o número do celular de sua amada. Ela não atendeu e ele se lembrou o motivo pelo qual ela jamais atenderia uma ligação sua. Entrou no carro e saiu pisando fundo. Passou em uma banca de jornal e comprou um novo chip , carregou com alguns reais e ligou novamente. Ela atendeu e percebeu a perturbação em sua voz.
- Fernanda!
- Mathew? Oque quer?. Sua voz está agitada aconteceu alguma coisa?
- Fernanda, sei que ainda deve estar com muita raiva de mim mais eu preciso falar com você urgentemente.
- Está bem vou te esperar na frente de casa.
Ela pegou sua bolsa e desceu com as emoções bagunçadas.
Quando Mathew chegou Fernanda entrou no seu carro e se sentou ao lado dele colocando o cinto. Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa ele segurou seu rosto e beijou seus lábios com ardor. Ela correspondeu . Quando os dois se acalmaram ele olhou em seus olhos com uma expressão de medo e angustia. Ela ficou mais preocupada e perguntou :
- Me diga oque aconteceu Mat. Nunca vi você assim.
Fernanda não conseguia parar de olhar para o rosto de Mathew com uma cara de assombro inexplicável que Mat procurou ignorar
Ele narrou tudo oque viu com pavor na voz e apreensão no olhar. Ela derramou uma lágrima de pesar e pediu que ele a levasse para seu apartamento para que eles pudessem conversar com mais calma. Ao chegar no apartamento Fernanda se senta no sofá e pede pra Mat se sentar ao seu lado, com lágrimas nos olhos ela olha no seu rosto e diz.
- Eu te amo Mathew . Eu quero te ajudar.
- Não preciso de ajuda. Só preciso que você fique ao meu lado para que eu saiba que nada de ruim vai acontecer com você.
Ela passa a chorar com maior intensidade e pega em suas mãos .
- Meu querido. Tente se lembrar. Você tem certeza que foi exatamente assim que as coisas aconteceram?
Mathew a olhou confuso. Flash dos momentos da noite passada começaram a se alternar em sua cabeça. Fernanda olhou para o lado e viu na mesinha de centro a caixinha de surpresas que Mat ganhará de seu irmão e que guardava até hoje. Ela pegou o brinquedo e colocou diante dos olhos de seu amado.
- Isso não te lembra nada meu amor? Por favor faça um esforço. Não torne as coisas mais difíceis.
Mat teve um choque. Sem motivo aparente ele se levantou e correu até o armário onde guardava suas roupas . Ao abrir a porta de cima do armário de madeira , dezenas de caixinhas de surpresa caíram na sua cabeça, Mat sentiu uma onda de ânsia subindo de seu estômago. Ele caiu sentado no chão . Mathew começou a chorar desesperadamente sem saber oque fazer. Fernanda chegou na porta do quarto e ficou espantada e impotente diante daquela cena. Ela sabia oque isso significava . Sabia que o homem de terno preto que batera em sua porta pela manhã dizendo que o namorado dela era suspeito de assassinato estava certo. Ela não entendeu nada a princípio mais depois que ele explicou tudo ,falou das digitais encontradas e das vítimas , sendo que uma ela sabia que era uma amigo de longa data de Mat, ela começou a entender e se sentiu apavorada. Quando o telefone tocou e o nome de Mathew apareceu na tela de seu celular ela desligou, mas o agente da polícia a sua frente disse para que se ele tornasse a ligar ela atendesse . 10 minutos depois o celular tornou a tocar com um número desconhecido. Ela atendeu e falou com Mat e orientada pelo agente Lucas ela marcou um encontro com ele e teve em sua roupa uma escuta escondida. Apesar de apreensiva ela sabia que Mathew nunca a machucaria.
Vendo o homem que ela tanto amava naquela situação ela esqueceu de tudo e o abraçou e ele se agarrou a ela sem saber como proceder. Ele se levantou abruptamente e correu para o espelho do banheiro. Tamanho foi seu espanto ao ver aquele enorme arranhão cortando seu rosto. Agora sabia porque Fernanda ficará fitando seu rosto com tanto espanto.
- Oque foi que eu fiz ?
Disse Mat entre soluços .
- É o que eu preciso que você me diga .
- Fernanda. Eu sou um monstro.
Ele a abraçou mais forte e chorou convulsivamente. Então começou a se lembrar e a falar freneticamente como , agora sabia, as coisas tinham de fato acontecido.
No momento em que Mat saiu da festa fervendo de raiva pela surra que levou, ele pegou sua bolsa, entrou no banheiro e tirou de dentro dela a roupa do palhaço que ele iria usar para assustar as crianças junto com Fernanda, preparou cuidadosamente a maquiagem da melhor maneira que suas mão tremulas pelo excesso de álcool podiam permitir. Passando pela porta cheio de raiva ele caminhou pela estrada , cego de ódio se afastando da festa, passou por uma antiga loja de ferramentas que estava fechada desde o fim da tarde devido as festividades do dia das bruxas, colou o rosto no vidro e através das venezianas pôde ver uma grande foice pendurada ao lado de outras ferramentas que estavam expostas para a venda. Com o cotovelo quebrou o vidro e entrou, pegou a foice ,jogou uma caixinha de surpresa no chão da loja , colocou a arma apoiada no ombro e saiu . Ao se deparar com uma prostituta extremamente irritante e insistente ele não conseguiu conter sua raiva, ultimamente tinha raiva de mulheres tanto por sua namorada tê-lo abandonado quanto pela causa disso ter sido aquela insistente mulher de cintura afilada e seios fartos que ficou a provocá-lo vendo seu estado de ilucidez e conseguiu levá-lo para a cama. Ele sentiu um imenso prazer em matar aquela mulher, em vê-la aterrorizada, em sentir o pânico na sua respiração, em observar a esperança se esvaindo de seus olhos , e quis despedaça-lá quando ela aranhou seu rosto, queria passar mais tempo se refestelando com seu sofrimento, mas a raiva que sentiu naquele momento fez com que ele agisse por impulso. Após esconder seu corpo e deixar sua marca no local do crime, ele continuou andando como se nada tivesse acontecido. Ele queria fugir, queria se esconder de si mesmo e do ódio que sentia, quando viu os três coqueiros e o arbusto quis se aninhar ali e chorar pela aberração que era , ao caminhar ele podia ver o próprio reflexo no vidro de uma loja, pode ver sua roupa manchada de sangue , e se sentiu apavorado como nunca antes. Ele não entendia ,por que ele nascerá daquele jeito? Porque gostava tanto de presenciar a dor é o sofrimento alheio?
Ele não conseguia entender sua própria mente e isso o deixava apavorado. Ele planejara se matar, por isso pegou uma corda que encontrou na loja de ferramentas próxima da foice. Ele queria se enforcar no galho daquele coqueiro e livrar o mundo da aberração que era. Sua mente se embaçou , hora ele tinha plena consciência do que fazia hora se via assistindo de trás daquele arbusto uma materialização do monstro que ele sabia que era cometendo aqueles crimes no seu lugar. Ele não queria fazer aquilo. Só queria morrer. Mas sua alma ansiava por ver mais e mais sangue e sofrimento. Então ,ainda com a corda nas mãos ele viu o amigo Josh dobrar a esquina em sua procura. Ele ia avisar o amigo que era ele e que não era preciso ter medo. Mas quando Josh gritou mat não conseguiu raciocinar. Ele largou a corda no arbusto e correu. Depois de matar o amigo ele se afastou e recobrou parte da consciência, vendo o que tinha feito ele se descontrolou. Sem saber o porquê ele começou a rir descontroladamente. Aquela era a risada que ele mais temia. O símbolo de Sua loucura. A risada que ele dera enquanto apanhava do pai por ter matado seu cachorro. A risada que ele dera quando assistiu os traficantes matarem seu irmão por causa dele.
Então ele desmaiou. Quando se levantou se arrastou ate seu apartamento. Tirou as roupas sujas de sangue e as jogou no guarda roupa junto com a arma do crime. Tomou um banho frio e despencou na cama .
Ao se lembrar de tudo Mat se sentiu atônito . Ele sentiu que era seu maior inimigo e que nunca teria meios de proteger Fernanda de si mesmo. Antes que ele pudesse realizar qualquer movimento ele ouviu a porta do apartamento ser derrubada e os soldados invadirem sua casa. Fernanda olhou pra ele como que pedindo perdão mas ao invés de raiva ou ódio ele sentiu uma imensa gratidão , quando o agente Lucas o colocou de pé e algemou seus pulsos ele olhou pra única mulher que ele já amara e agradeceu fazendo com que ela chorasse um choro sentido e melancólico.
Quando os guardas abriram a porta de baixo do armário de Mathew , a roupa ensanguentada e a foice que tirará duas vidas inocentes caíram no chão e Lucas com cara de nojo e repulsa empurrou Mat e disse:
- Você esta preso
Mathew só conseguiu dizer :
-Isso não vai adiantar de nada . Eu sou um mostro e isso nunca vai mudar .
Ele olhou para Fernanda e proferiu um último eu te amo, mas antes que ela pudesse responder ele se livrou de Lucas com um Safanão e correu em direção a sacada aberta de muro baixo. Em apenas 7 segundos tudo aconteceu , Fernanda gritou, os soldados correram e Mathew pulou, indo parar na Avenida, jazia seu corpo no asfalto frio. Lucas chamou a ambulância mas Mathew morreu assim que seu corpo alcançou o asfalto frio. A notícia das três mortes foi noticiada no mesmo dia e correu todo o país. As mortes de Fabiana , a garota de programa e mãe de suas filhas de 1 e 4 anos e de Josh , dentista, marido dedicado filho carinhoso , foram choradas e sentidas , mas a morte de Mathew foi um alívio para a cidade, Fernanda foi a única a comparecer ao seu enterro e chorar sua perda.
Logo a história se tornou uma lenda Urbana e os três coqueiros e o túmulo de mat ficaram conhecidos como pontos turísticos na cidade. As crianças tinham medo de palhaços e de suas risadas e os adolescentes as vezes colocavam máscaras de palhaço para assustar os amigos e seus irmãos mais novos. De Fernanda nunca mais se ouviu falar, a não ser por uma lenda que diz que 13 dias após a morte de seu amado ela sumirá, e na noite de seu sumiço uma pessoa foi encontrada morta , e uma testemunha do crime diz que presenciou a matança com assombro e pode ver quando a figura vestida de palhaço com uma silhueta feminina arrastou sua vítima pela areia até o mar , tingindo a água de vermelho e deixando as ondas levarem o corpo embora pra ser encontrado na extremidade de uma ilha. Muitos dizem ser só uma lenda. Que Fernanda se mudou para outra cidade depois da morte do homem de sua vida. Outros dizem que ela está por aí , vingando a morte de seu amado e mostrando porque eles eram tão perfeitos um para o outro. De um jeito ou de outro todos naquela cidade tem medo de andar pela rua que beira a praia durante a noite e ouvir ...
AQUELA RISADA .
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Medo de risada
RandomO dia das bruxas é uma data cercada de histórias terríveis que ocorreram no passado e proporcionaram ótimas "lendas hurbanas" para serem contadas hoje e assustar as crianças . É uma data q serve pra estragar a ilusão das crianças sobre as figuras q...