Beatriz é uma menina comum que ama música e demora a perceber muitas coisas que estão bem embaixo de seu nariz. Através de sua vida cheia de mistérios, ela aprende a viver coisas que nunca pensara sobre, antes.
Dia 15 de fevereiro. Foi o dia em que resolvi, de vez, não viver sem música. A primeira coisa que fiz antes de levantar da cama foi trocar o toque do meu despertador para Love yourself do Justin.
Quando vi a hora, nem acreditei que estava tudo voltando ao normal. Primeiro dia de aula. Segundo ano. Mesma escola, mesmas pessoas... Toda a chatice de volta. Tomei banho, peguei meu fone e saí correndo. Assim que cheguei na escola fui ansiosa até a secretaria. Desde o ensino fundamental eu ouvia falar de como era incrível a aula de música do ensino médio. Mas infelizmente só tinha a partir do segundo ano. E eu finalmente estou aqui.
[...]
- Oi??? Mas como assim não tem mais vagas?? Hoje é o primeiro dia de aula!
- Querida, se você queria tanto essa vaga podia ter ligado antes e reservado. Agora me deixe trabalhar, por favor. - disse a secretária com a maior empolgação do mundo, para não dizer o contrário.
Eu estava arrasada. Como era possível? E agora?
Quando entrei na sala, fui direto para uma carteira qualquer encostada na parede e abaixei a cabeça. Logo no dia que resolvi entrar "no mundo da música", acontece isso. Depois de um tempo, os alunos começaram a chegar. Nem me preocupei em levantar para ver se tinha alguém novo. Nunca tinha mesmo. Já havia perdido as esperanças. Até que alguém sentou a minha frente e tampou toda a luz que entrava pela brechinha entre meu braço e meu rosto. Tive que olhar quem era o...
João!
- Pensei que você só ia voltar daqui a duas semanas!!!
- Surpresa!
João era meu melhor amigo. Mas ele havia viajado para fora e dissera que só voltaria alguns dias após o início das aulas.
- Que bom que está de volta. Ia me sentir tão isolada sem você aqui...
- Não sei se ia se sentir tão isolada assim... - Ele olhava para algo através de mim.
- Como assim? - ele apenas permaneceu com o olhar fixo, então me virei para ver o que era.
Oh. My. God. Um aluno novo! Quase gritei no meio da sala. Não que fosse fazer alguma diferença, mas pelo menos ver um rosto desconhecido desfocava todo aquele tédio que eu sentiria o ano todo. Agora, talvez só fosse senti-lo pela segunda metade do ano. A professora de português entrou na sala e todos ficaram quietos.
Mais tarde, quando estava saindo da escola, à caminho de casa, passei por uma menina. Jovem. Estava distribuindo um papelzinho, onde só consegui reparar em uma clave de sol estampada. Não custava nada parar, não é mesmo? Peguei o papel.
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Droga. Por que esse tipo de coisa só acontece comigo? Uma escola de música não tinha aula de canto. Seria perfeito. Mas mesmo que tivesse, eu teria nada mais que algumas horas para me matricular. Cheguei em casa e fui direto para o quarto. Deitei na cama pensando em como tinha sido meu dia. Acabei pegando no sono.
