Epílogo

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    Estava no meu quarto deitada em cima da cama pensando em um jeito de convencer meus pais. Eu passei a semana toda insistindo para ir à festa da Tereza, minha melhor amiga, que sempre faz as melhores festas. Como ela toda vez exige minha presença, eu não posso deixar de ir em nenhuma circunstância, porém essa semana meus pais estão muito chatos. Tudo bem, esses dias eu tenho saído muito pra festas, mas eu sou uma adolescente que passou direto e não tem mais aula esse ano, poxa, o que eles esperavam?

   -EEEIIII, MÃAEEEEEEEE. DEIXA EU IR, POR FAVOR!? - Gritei para que ela pudesse ouvir minha súplica da cozinha, onde ela estava.

   -Você vai... - Minha mãe, Bethany, apareceu no meu quarto e finalmente aceitou.

   Eu comecei a esboçar um sorriso no rosto, quando ela completa a frase.

    -Mas não vai poder demorar. Se você não ligar até a meia noite, eu e Robert vamos te pegar nem que você implore pra ficar mais.

    -Tá, ok. Melhor do que não ir. E, 'Bethany', avise pro 'Robert' que não é pra me deixar logo na casa da Tê, e sim no condomínio do Steve.

    -COMO É? BETHANY? ROBERT? Acho que você não vai mais, viu? Vacilou, devia pensar duas vezes antes de chamar os seus pais pelo primeiro nome.

   -NÃOOOOOOO. Maẽzinha do meu core, a senhora sabe que eu amo a senhora e o papi.

   -Ah, se sei. - Ela falou saindo do quarto.

   A história de quando eu e o Steve nos conhecemos é bem cômica, eu estava em uma das festas feitas pela Tê (no início do ano), e esbarrei nele, fazendo-o derrubar a bebida no chão. Depois disso, descobri que ele ia entrar esse ano no colégio e na mesma turma que eu, mas  ele só me pediu em namoro  agora (no final do ano), na verdade, falta só um mês pra acabar o semestre e eu ser oficialmente do 2º ano.

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   Eu já estava 20 minutos atrasada quando comecei a me maquiar. A festa ja tinha começado e eu ainda tinha que ir pra casa do Steve.

  -Você já está muito atrasada, não acha?

  -Acabei de terminar. Já podemos ir.

   Eu vesti um cropped branco rendado na parte inferior,  uma calça cintura alta jeans com um salto preto de uns 6 cm e uma bolsa pequena prata. Minha maquiagem, na verdade, era quase nada, eu só tinha passado um rímel,  um batom líquido matte vermelho e feito um delineado.

    -Uau! Minha filha, não sei quem você quer impressionar, mas tenho certeza que essa pessoa tem muita sorte...

   -Obrigada, pai. Vamos?

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  Pouco tempo depois que eu cheguei na casa do Steve, eu e ele saímos pra chegar à festa o mais rápido possível.

  Não demoramos muito pra chegar, mas já tinha se passado 1 hora de festa e muitas das pessoas já estavam bêbadas. O som podia ser ouvido, com certeza, a três quadras de distância. Na sala principal tinha uma boate com jogo de luzes e um mini-bar no canto esquerdo.

  Eu nunca soube onde ela conseguia as bebidas, mas nunca faltavam nas festas. Pela forma que ela nos recebeu pude perceber que Tê não estava tão sóbria.

  -Olha só quem jjegou... a Liche e o Xtive!

  -Olha só quem já está bêbada!

  -Quem? Oi, Xtive, os garotos tão ali. Fica à vontade. -Steve se retirou e foi em direção aos amigos,  assim que ela falou.

  -Eu só estou fingindo, tá? Preciso ser bem convincente.

  -E pra quê que tu tá fingindo, criatura?

  -Nada de importante, depois eu conto. Então, vai rolar mesmo com o Steve hoje?

  -Eu não sei, mas provavelmente sim.

  -Você é louca, isso sim.

  A resposta dela, embora curta e simples, me fez pensar muito sobre a situação e repensar se eu deveria mesmo me entregar assim. Eu e ele nos gostávamos sim, mas não acredito que seja o suficiente.

  Nós nos misturamos com as outras pessoas e Steve não demorou pra me encontrar.
 
   Quando o relógio bateu aproximadamente 23:00 horas, Steve me procurou e me levou escada acima para um corredor no segundo andar da casa, me puxando pela mão. Eu sabia o que me aguardava, e agora eu estava certa que não queria mais fazer isso.

   Entramos num quarto. Não sabia de quem era. Num piscar de olhos, Steve trancou a porta e me empurrou na cama.

   -Steve, eu não quero mais.

   -Quieta, gata. -Ele falou já subindo em cima de mim e colocando a mão por baixo do meu cropped, que não cobria muita coisa.

   -Me solta, Steve. EU NÃO TÔ BRINCANDO! -Falei com algumas lágrimas nos olhos, com medo de onde eu tinha me metido.

   -Qual o seu problema, princesa? Fica caladinha que vai passar rápido.

   -SAI! -Eu gritei, empurrando-o pra longe. Destravei a porta e fui correndo procurar a Tereza.

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  -Tudo bem, fica calma. -Tereza falou tentando acalmar meus nervos e meu coração.

  -Liguei para os meus pais, eles já estão vindo me pegar.

  -Eu não acredito que ele fez isso!

  Ouvimos batidas na porta do quarto, que a Tê tinha me levado assim que contei a ela o que aconteceu.

  -Eu posso falar com ela? -Era uma voz familiar. Steve.

  -Não sem a minha supervisão. -Minha amiga falou.

  -Que seja, então. -Ele se virou pra mim e começou a dizer- Me desculpa, Eli, já entendi que você não quer. Mas,  cara, como resistir a você? Não dá!

  -Eu te desculpo... mas nunca mais faça nada do tipo.- Bem, talvez eu tenha me exaltado demais.

  -Ok, gatinha.

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  -Tê, meus pais já chegaram?

  Tínhamos decido para o andar de baixo e estávamos nos integrando na festa, quando me lembrei que fazia uma hora que eu havia ligado pros meus pais, mas que não era nem quinze minutos pra chegar na casa da Tereza.

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  Depois que eu tentei ligar inúmeras vezes pros meus pais e eles não atenderem, recebi uma ligação do meu tio, Roy.

   Estranhei de imediato. Meu tio NUNCA me ligava, a não ser que algo muito ruim tivesse acontecido.

   Eu saí da festa e fui para a cozinha da casa. Terê me seguiu.

   -Beth, eu sinto muito -ele falou nervoso.

   -Pelo quê, tio? Cê ta me deixando preocupada. O que aconteceu? -falei incrédula do que evidentemente seria.

   -Beth...seus... pais... sofreram...um... acidente... -Roy falou chorando.

   -O QUE? COMO ASSIM? AONDE ESTÃO?-disse exasperada e já chorando também.

  -Eu lamento, Beth. Eles morreram -ele chorava muito e incessantemente.

  Desliguei o celular.

  Eu chorava compulsivamente, minhas mãos e meus lábios tremiam. Tereza me abraçou e começou a afagar meu cabelo.

  Bebi água com açúcar e consegui me acalmar.

  Liguei pro meu tio de novo e pedi que ele esclarecesse tudo, detalhe por detalhe. Quando terminou, ouvi a notícia que, agora, eu teria que morar com ele e minha avó materna na fazenda da cidade pequena em que eles moram. Ele iria chegar nessa semana.

Campos Doces Where stories live. Discover now