Estrangeira

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Acordei cedo em cima do meu caderno de viagens e comemorando por ter acordado antes de Emma. Não queria ter que sustentar muito assunto com ela.
Aproveitei que acordei cedo e tomei um banho mais lento e até consegui secar o cabelo. Fiquei orgulhosa de sair tão arrumadinha para o café.
Lá embaixo me sentei com Nayeon. Ela estava mais animada do que ontem, comi rindo e conversando o tempo inteiro com ela.
As aulas foram bem comuns e o almoço foi novamente cheio de perguntas sobre o Brasil. " Fala em português?" "Você gosta de futebol?" O Rio de Janeiro é bonito?" "Qual é sua comida favorita?"
No final da tarde, vi os meninos jogando futebol e resolvi jogar. No momento em que entrei com minhas chuteiras azuis fui encarada com péssimos olhares, acho que era a primeira vez que eles viram uma menina pisando em um campo de futebol.
Falei que queria jogar e riram da minha cara, mas perceberam que não era graça, aceitaram. Algumas meninas começaram a se reunir na arquibancada curiosas.
O Início foi complicado, não me passavam a bola e evitavam até passar perto de mim. A única maneira de eu jogar era tomando a bola e fazendo o gol sozinha, e foi exatamente o que eu fiz. Depois disso os garotos desenvolveram uma certa confiança e passaram a bola mais vezes. Fiz 3 gols no total. As meninas comemoraram na arquibancada e sai de lá com uma sensação bem gratificante.
Tomei um banho para tirar toda aquela sujeira e grama e fui para a lavanderia do orfanato para lavar minhas roupas. Deixei tudo na máquina e quando estava saindo fui chamada na diretoria.
Um frio passou por meu corpo como a sensação de um fantasma ter passado pela minha alma. Nunca fui de arrumar problemas. Segui até a sala da regente que me recebeu na porta. Sua sala era de tamanho médio, paredes vermelhas no tom do brasão do orfanato com diversas fotos em grupo dependuradas.
- E então você é a Isadora não é? - perguntou ela já sabendo a resposta. A  diretora possuía cabelos castanhos presos em um coque baixo. Usava o uniforme do orfanato nos mesmos tons da parede.
Sim. - respondi timidamente. Estava nervosa.
- Minha assistente observou você jogando futebol hoje, parabéns você tem muito potencial. - disse ela
- Ah obrigada - Agradeci. Aparentemente era uma conversa não alguma forma de advertência. Me acalmei.
-Queria te perguntar se você faz algum outro esporte - continuou ela.
- Eu faço outros esportes... natação e dança. Era isso que os orfanatos ofereciam de atividade física.. - respondi olhando para minhas mãos.
- Você é Brasileira não é?- perguntou, acredito que ela já sabia a resposta já que meu nome era bem peculiar...
-Sim fiquei até aos 3 anos lá, fui transferida para os outros países e voltei para lá no ano passado. - Estava curiosa para saber por que todo esse interesse em esportes e nacionalidades.
- Você gostaria de jogar futebol no time do orfanato? - ela perguntou animada.
Abri um sorriso enorme, sentia muita falta do futebol.
- Claro que sim! Quer dizer... pode ser - disse disfarçando não estar surpresa.
- Mas, o time não é só para garotos? - estranhei.
- Acredito que você vai dar conta - disse ela se levantando e abrindo uma gaveta.
Ela me entregou o uniforme do time e disse que começava amanhã.
Logo depois que sai de sua sala comecei a pensar se seria bem recebida pelo time. Única garota no time de futebol...
  Seguia meu caminho pelo corredor para meu quarto e trombei com Nayeon que afirmou que estava indo para a sala de spa e me chamou para ir junto.
- O orfanato tem spa? - perguntei completamente chocada com tal informação.
- Tem sim! Legal né? - ela disse pegando na minha mão. Comecei a pensar como era possível existir um orfanato de elite... Na maioria dos casos eles sempre precisavam de doações e ajuda...
- Quem finacia o orfanato? - perguntei para ela.
- Ah! É o Senhor Choi. Ele é dono de uma mineradora e tem muito dinheiro. Ele e a família Choi resolveram criar um orfanato para uma melhor imagem da empresa... Eles investiram uma grana... Não é atoa que é o melhor orfanato do país. - disse ela caminhando ao meu lado.
Durante a massagem contei a Nayeon sobre minha conversa com a diretora e ela ficou bem surpresa ao descobrir que jogava futebol.
Fiz no spa massagem, manicure, lavagem nos cabelos e banho de espuma. Nunca tive uma experiência tão relaxante. Sai de lá tonta de tanto sono. Cai na cama e apaguei. Sem tempo nem de pensar no jantar.

A adotada Onde histórias criam vida. Descubra agora