- Foram as férias mais marcantes da minha vida!- exclama olhando de relance a mim e Theobaldo.
Sinto um frio na espinha.
Karl fica a espera de uma possível continuação, assim como nós. Mas Piter deixa claro que nada mais disso falaria, assim que se cala.
Piter era obstinado, zoeiro e manipulador. Mas era engraçado e divertido. Não tinha pais particularmente, eles não foram responsáveis por ele.
O gatoto não era de falar muito de sua vida pessoal, por mais que eramos amigos, ninguém sabia de sua vida particular. O mais intimo que eu sabia sobre ele, era que vivia em um apartamento de classe baixa.
- Tudo bem. - Karl suspira sem paciência. A verdade era que para Piter ele não tinha paciência.
Nunca mais foram os mesmos amigos de antes. Eles se suportam e é somente isso.
Agradeço aos céus pelos meus trinta dias longe desse clima estranho. Ainda que tenha sido exaustivo, ainda que eu tenha trabalhado o verão todo, valeu a pena.
- Minhas férias foram bem marcantes também. Bem literalmente. - Karl arregaça a blusa do time de basquete do colégio mostrando sua pele vermelha queimada pelos raios solares.
Theobaldo percebendo o tamanho da sua situação, leva uma das mãos aberta por de baixo da sua blusa, batendo forte em seu ombro enquanto sibila algo engraçado com os lábios. Karl geme de dor e o xinga o que nos faz rir.
Por parte Theobaldo gostava do poder de o torturar.
- Como eu dizia...- ele lança um olhar afiado ao meio irmão.- Lucy saiu todos os dias com Theobaldo e papai ficou no escritório como todas as férias de verão. A casa de praia estava abandonada, então eu resolvi tirar as traças daquele lugar. - Karl se empolga. - Vocês sabem que as praias de lá são incríveis, foi onde passei a maior parte do tempo. No surf. E confesso, teve algumas festas nos finais de semanas.
Karl tinha uma vida invejável (tirando o déficit de atenção). Era bem de situação, tinha uma namorda bonita, beleza, status.
Uma vida invejável, mas ao qual se você o conhecesse bem, saberia que não é a sétima maravilha do mundo.
Seus pais nunca estavam presentes em sua vida, Lucy só sabia ficar com o "filho perfeito" como dizia ele. No quesito família, era tudo muito tenso para ele. E a popularidade? Não lhe servia de nada quando mais precisava.
- E as garotas? - era tudo o que Piter queria saber.
- Você sabe que estou em um relacionamento. - por mais que ele tentava soar sério, não parecia ser nada sério.
Caímos na risada. Piter da uma cotovelada em Theobaldo como se dissesse " humhum, tá". Ele não compreende reclamando e rindo em seguida depois de discernir o que Karl havia dito.
- Ah, fala sério! - Karl rola os olhos vendo nosso deboche, mas não deixa de entrar na brincadeira e rir conosco.
Hunter até agora, havia se manifestado pouco. Ele era o mais quieto de nós. Mas sabe aquele ditado que os mais quietos são os mais terríveis?
Hunter é a prova viva disto.Há tantas coisas erradas que já ouvi falar dele, que chego a duvidar.
Hunter morava sozinho. Depois da maior idade quis a sonhada independência.
Pode - se dizer que suas férias foram minhas férias.
O seu rosto e o meu denunciavam isto, estávamos totalmente queimado pelo sol.
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Quero repetir o verão passado
Teen Fiction"Ele podia ter tudo, menos ela. Ele não queria tudo, queria ela. Em meio a tamanha cobiça, ele caiu e se perdeu." *** Conto escrito para o quarto desafio do concurso ficção adolescente.