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O barulho de portas batendo ecoou por todo o apartamento, instalando um silêncio absoluto no quarto que até então era preenchido por vozes alteradas sempre tentando falar mais alto.

Se Sidney Crosby tivesse vizinhos próximos, eles certamente já estariam acostumados com o barulho vindo do apartamento dele. Aquela não era a primeira e certamente não era a última briga que as paredes em tons sóbrios já haviam presenciado.

Emmaline St. Clair encarava fixamente a porta pela qual o capitão dos Penguins acabara de passar como um verdadeiro furacão. Seus olhos escuros se perderam na madeira branca enquanto ela continuava lá, talvez esperando que ele voltasse e pedisse desculpas já que esse parecia ser o "protocolo" das brigas entre eles.

Ela realmente não conseguia entender em que esquina o encanto deles havia se perdido. Ou em qual curva no meio do caminho tudo havia virado de cabeça para baixo. A relação que antes era a definição de perfeição estava cada vez mais se tornando um loop eterno de incontáveis brigas, gritos e reconciliações que não duravam uma semana.

Eles nem sabiam mais porque estavam brigando. Esqueciam no meio da gritaria, o orgulho dentro dos dois se mostrando mais importante que assumir que estavam os dois errados. As brigas que antes costumavam ser raridade na vida deles agora davam lugar a discussões que começavam por coisas banais. Chegaram em um ponto em que qualquer frase mal interpretada desencadeava um desentendimento.

Era como se eles não pudessem ou soubessem como parar. Como se o amor que sentiam fosse cada vez mais sufocado a ponto de não se fazer mais presente.

Eles sentiam saudades do que costumavam ser, da leveza que era estar na presença um do outro quando um simples toque de mãos bastavam para passar a segurança que precisavam.

Mas hoje em dia, se pedissem para que explicassem o que tinha acontecido com eles, não saberiam responder.

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Dois anos atrás, quando se conheceram em uma festa de amigos em comum, Sid e Emma mal poderiam ser classificados como amigos. Eles frequentavam os mesmos locais, tinham um bom número de amigos em comum e até saiam para festas juntos uma vez ou outra, mas a relação deles não passava de pura cordialidade.

Porém, depois de alguns meses convivendo na presença um do outro, a história tomou outro rumo. Cada vez que se encontravam no mesmo lugar algo puxava o olhar de Emma para o homem de feições duras que se transformavam quando sorria. Ela estava acostumada a ver a mudança que o sorriso de Sid trazia para seu rosto, mas sempre como uma espectadora.

Havia perdido as contas de quantas vezes o tinha observando de canto de olho, prestando atenção em como as linhas de expressão no seu rosto se tornavam mais fortes quando ele ria e como os olhos dele pareciam brilhar a cada sorriso sincero. E quando Emma se pegou pensando como seria ter aquele sorriso direcionado a ela e por causa dela, se deu conta que algo havia mudado.

Sidney sempre fora uma pessoa extremamente reservada. Sua vida pessoal era algo que ele gostava de manter longe dos holofotes. Sendo uma pessoa pública ele já dava muito de si para os outros, então gostava de saber que ainda tinha algo só dele, alguma coisa que ele pudesse controlar.

E de controle ele sempre entendeu bem, não era o capitão do Pittsburgh Penguins por pura sorte. Mas quando o assunto era Emma St. Clair, ele não se reconhecia. O jogador tão experiente, acostumado a levar pancadas e enfrentar as frias temperaturas do gelo não foi forte o suficiente para controlar o que sentia pela mulher de olhos expressivos que vinha perturbando seus pensamentos. Cada sorriso que ela o lançava era como se um puck de hockey o atingisse em cheio.

Scared To Be LonelyOnde histórias criam vida. Descubra agora