Várias coisas podem causar a destruição de alguém. A perda de um ente importante, decepções, falhas, mágoas, fracassos...quão insano um humano pode ser? O desejo excessivo de morte e sangue tornam-se comuns quando se tem algum motivo?
Hoje, lhes apresento a história da sombra de um homem, um guerreiro cansado...um
homem esquecido. Esse é o diário de um ser celestial...o diário do filho renegado.
Meu nome é Azrael, e sou filho de uma divindade. Não me veja como um Nefilim ou algo do tipo. Afinal de contas, não sou filho de um anjo com um humano. Sou filho da Divindade suprema, ou seja, aquele que vocês chamam de...Deus.
Para entender como funciona a cabeça de alguém, primeiro deve se entender os
motivos de suas ações. O que leva uma pessoa a fazer tal ato ou pensar de um jeito
diferente do seu? Antes de me julgar, pense um pouco: eu sou realmente um vilão? Ou
na verdade, o tempo todo era o herói de que o mundo precisava? Eu estava certo ou
errado?
Nasci filho de Deus, ou seja, fazia parte da família mais nobre na hierarquia do céu. Era destinado a ser o próximo líder da família e do céu na ausência de Deus. Eu possuía somente um irmão e não fazia idéia de quem era minha mãe. Diferente do meu irmão,
eu era fraco e sem controle dos meus poderes. Nunca fui o orgulho do papai, e no
fundo, sei que nunca adicionei nada. Eu era ignorado por ele, e meu irmão era seu querido. Apesar de tudo, eu amava meu irmãozinho.
Tempos se passaram, e eu fui enviado por papai a uma missão na terra. Meu objetivo era resgatar a espada de Lúcifer que estava enfraquecendo o selo do céu, e levá-la de volta.
Quando cheguei à terra, a
vasculhei em busca da espada, mas sem sucesso. Foi quando de repente ouvi gritos de
socorro vindos de uma mulher.
Ela estava sendo assaltada. No momento em que raciocinei que ela estava em perigo, liberei rapidamente minha presença celestial, e a ocultei em questão de segundos fazendo assim os dois assaltantes virem a óbito.
Houve um clarão que foi sentido nos quatro cantos da terra. Mesmo presenças de anjos do mais baixo nível não podem ser suportadas por humanos comuns. Eles morrem com o corpo queimado de fogo celestial.
Depois disto, ela se virou pra mim para agradecer mesmo sem entender o que havia acontecido ao certo. Pude então contemplar aquele rosto tão doce e gracioso. Seus cabelos eram ruivos como as folhas das árvores que caiam no outono do céu, seus olhos azuis como os lagos celestiais que refletiam o sol do amanhecer. Tenho certeza do fato que de todas as obras que Deus fez, ela foi a mais perfeita. Senti algo queimar em mim no mesmo momento, uma sensação gloriosa tomava conta do meu ser. Era
aquilo o que os anjos diziam o tempo todo? Aquilo que chamavam de “amor”?
Me aproximei lentamente para não assusta-la. De asas abertas, a chamei. Quando me viu, mal podia conter sua expressão de surpresa. Podia ver minha imagem nas íris de seus olhos surpresos enquanto fitavam através de mim. Ainda assustada, me perguntou com curiosidade:
-Você...o que você é?
Confesso que fiquei apreensivo. Ela acreditaria que eu era filho do Altíssimo? Temeria minha presença?
-Meu nome é Azrael, e eu sou filho de Deus” disse a ela.
Não conseguia deduzir ao certo se sua expressão era de surpresa, fascinação, curiosidade ou medo. Talvez fosse um pouquinho de cada.
‘Me...me chamo Thalia.” Disse com a voz trêmula
Aquela voz era tão doce. Era como ouvir o soar da orquestra angelical que tocava
todas as manhãs no céu. Estava fascinado com tamanha perfeição.
Demorou, mas no fim das contas, ela conseguiu acreditar em mim e aceitar o que eu
era.
Eu estava realmente apaixonado por ela. Aquele sorriso, aquele olhar, aquela voz...era
tudo tão perfeito.
Voltei para o céu alguns dias depois com uma estratégia em minha cabeça. Eu iria dizer
ao papai que não havia encontrado as tábuas, e que voltaria em breve. Assim, eu
poderia voltar à terra por muitas vezes para ver a minha amada. E assim se passaram
tempos usando esta mesma desculpa.
Meus momentos eram únicos com ela, eu era tão feliz ao lado dela. Era como se
minhas preocupações não suportassem o brilho dela e iam embora. Não existiam
fracassos, problemas, falhas ou preocupações ao lado dela.
Depois de um tempo, voltei até o céu e me deparei com algo estranho. Os portões
sagrados não respeitaram minha presença e não se abriram. Gritei por Papai, e então
eles se abriram. Quando entrei no solo sagrado, todos os anjos estavam organizados
em duas partes, e no meio deles havia um caminho, e no fim desse caminho...estava
Papai sentado em seu trono e rodeado pelos arcanjos. Raciocinei um pouco, e descobri
o motivo daquilo tudo...Era o meu julgamento.
Me aproximei do Trono, e dois guardas Celestiais me seguraram pelos meus dois lados.
Olhei assustado para Papai sem saber o que iria acontecer comigo, e o perguntei o que
estava acontecendo. Mas um silêncio amedrontador tomou conta do céu.
Surgiu então o arcanjo Gabriel e começou a recitar meu julgamento.
“Azrael, filho de nosso Altíssimo Senhor e sucessor da liderança da família mais nobre
de todo céu, você está sendo julgado pelos crimes de liberar sua aura na terra,
assassinar duas almas, e por se aproximar de uma mortal. Estes crimes vão contra as
leis do céu, e sua punição, é o exílio de toda a vida sagrada. Você será prisioneiro do
céu nas torres do castigo e terá seus poderem retirados. Esta ordem é absoluta!”
Eu gritava pelo nome do Papai desesperadamente, mas ele me encarou com uma
feição de decepção e disse com voz de autoridade:
“Eu fiz de tudo para você não ser condenado, Azrael. Você não se lembra de minha
Omnisciência? Fiz de tudo para que você se arrependesse do que fez e confessasse
seus pecados, mas você não o fez, e preferiu continuar desobedecendo as leis. Me
perdoe, meu filho. Mas leis não podem ser quebradas.”
Realmente não ligava em ser exilado e tivesse meus poderes cortados. Mas...eu não
podia ficar longe dela. Não suportaria. Foi então que por amor, eu cortei minhas
próprias asas e caí na terra com uma maldição que foi lançada em mim pelo Júri do
céu. Eu teria constantes crises de mudança de humor e sanidade. Então depois de um
tempo, caí na terra.
Aqui se termina a história do fracassado filho renegado de Deus, e começa a história
de Azrael Kennedy. O humano comum do futuro obscuro.
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A Guerra Santa: O Crepúsculo Da Vingança Divina
General FictionAzrael é o filho primogênito de Deus, e este é enviado à terra com a missão de procurar a espada de Lúcifer que está enfraquecendo o selo do céu com seu imenso poder. No meio desta procura em vão, ele encontra Thalia, a mulher por quem ele acaba se...