The Kaiju Freak Show

Relapso

Tenho andado muito relaxado ultimamente, mas não no sentido de desordeiro ou sossegado, no sentido de não dar atenção as coisas mesmo. Fiquei adiando e adiando, até que me vi numa quinta-feira tediosa e ainda não tinha postado nada desde sábado. Eu escrevi algumas coisas, só não postei por preguiça mesmo. Ou talvez seja o fato de eu ser um ser com inícios e fins, sem ter nada no meio. Poucas coisas, no que diz respeito à mim, teve um início, um meio e é um fim. Igor foi uma dessas histórias. A única que eu não gostaria que tivesse um fim. Queria poder escrever constantemente nossa história, alternando entre sua inocência tão bela e seus desejos mais intensos. Nunca houve um alguém depois dele, já fazem 4 anos. Nunca desejei que houvesse um outro alguém, o buraco que se abriu em meu peito é grande demais e as lembranças ainda tão intensas. Não sei como um assunto relacionado ao meu relaxo veio até Igor, mas é assim que sou, desconexo, sem realmente ter um foco.
                                            ...
Noventa e cinco por cento das coisas que escrevi/escrevo são pelo celular, esse aparelho tão mágico que quase faz com que eu me livre do computador. Quase. Mas por que mencionei isso? Por causa do corretor e das sugestões de palavras que aparecem.
                                             ...
"O som das metralhadoras alemãs era ensurdecedor. Tiros voavam a todo instante, sem nos dar tempo pra respirar. A praia tomada por homens, ou partes deles, virou o próprio inferno.  O que um dia fora um lugar de alegrias tinha se tornado um campo de batalha, sendo vencido por um só lado, e esse lado não era o nosso. O dia, 06/06/1944 iria entrar pra história. Foi quando lançamos nosso ataque mais massivo, tentando retomar a França e marchar rumo a Berlim, dar um fim a guerra e chutar a bunda de Hitler. Mas nãoimaginamos que houvessem tantos bunkers em Omaha e nem que haveria tantos chucrutes furiosos tentando barrar nossa investida. Dar um passo em falso seria o mesmo que assinar sua sentença de morte. E isso não me parecia o jeito certo de morrer, em meio ao cheiro de pólvora e sangue, em meio as águas vermelhas, em meio a tanto caos, sem que eu pudesse ter o pleno controle de tudo. Isso me incomodava muito, estar a mercê do acaso e ser acertado por algumas gramas de chumbo quente."
                                            ...
É inebriante o cheiro dos produtos de limpar móveis. Belos aromas escolhidos a dedo pra disfarçar os odores de fumaça e cinzas do meu apartamento, minha humilde cobertura que, funebremente, tem um quarto isolado, organizado e vazio. Não, não é nenhum tipo de quarto vermelho da dor, é apenas um canto dedicado aos meus fantasmas, dedicado às lembranças. É o modo que encontrei de acalmar meus demônios e conviver com eles. Meus livros, os quadros, as poesias e as fotos estão todos lá. Me remetem a um passado que, embora doloroso, me marcou profundamente. Não, não tem um caixão lá dentro, tampouco o esqueleto de alguém repousa na cama, não sou o Vibo, é somente um canto que me priva de tudo e qualquer coisa que não seja eu mesmo, que não seja somente o som de meus pensamentos reverberando pela minha mente. São os ecos do passado e tudo que já vivi, sou apenas eu, em essência, apenas minha solitária companhia.
                                       ...
Você não deve tentar resolver mistérios dos quais você não quer realmente saber, tampouco deve perguntar aquilo que sabe que irá te desmotivar. Ao invés disso, deveria resolver seus próprios enigmas e moldar o mundo ao seu redor pra que ele seja de fato seu. Algumas merda irão acontecer nesse caminho, pessoas irão fugir e talvez você se veja só. Mas, não deixe que isso te abale, você é sua melhor companhia e seu melhor amigo, você é o único que realmente te importa. Os outros são apenas outros, números que farão de sua vida única, que te farão perceber que apenas você é importante pra ti mesmo.
Mas eu sou apenas letras. É você quem decide.
Não escolhemos por quem nos apegamos, mas escolhemos aqueles por quem sofremos. Suas escolhas foram as certas? Pergunte a si mesmo. Garanto que abrirá novas perspectivas sobre você.